Introdução
Há cinco perguntas que há muito tempo
intrigam aqueles que creem no Mashiach, e que são perguntas normalmente
propostas por antimissionários, com o objetivo de tentar desacreditar a obra de
Yeshua. Este pequeno estudo visa demonstrar, de uma forma definitiva, que muito
longe de desaprovar a obra do Mashiach, essas perguntas vêm apenas confirmar a
nossa fé nEle. São elas:
1) Por que Marcos 14:12 diz que se
sacrificava o Pessach no primeiro dia de Chag HaMatsot, se na verdade a Torá
nos diz que o sacrifício do Pessach era feito no dia anterior ao de Chag
HaMatsot – a festa de pães ázimos? (Lv. 23:5-7)
2) As Boas Novas de Marcos, Lucas e de
Yochanan (João) se contradizem sobre quando Ele celebrou o Pessach e morreu?
3) Se Yeshua é o sacrifício do Pessach,
como poderia Ele ter expiado pecados?
4) Se Yeshua morreu após o Pessach,
como poderia ser o cordeiro? Se Yeshua morreu antes do Pessach, como poderia
tê-lo celebrado?
5) Por
que teria Yeshua tomado primeiro o pão e depois o cálice, se a tradição judaica
diz o oposto?
Daremos a estas 5 perguntas uma
resposta bastante especial, que demonstra com clareza ímpar o objetivo da obra
do Messias.
1) Harmonizando Marcos e a Torá
A primeira pergunta é a mais fácil de
ser respondida, visto que se trata apenas de um erro de tradução do grego.
De fato, a Torá nos diz que o Pessach ocorre no dia anterior a Chag
HaMatsot (festa dos pães ázimos):
“No mês primeiro, aos catorze do mês,
pela tarde, é o Pessach de YHWH. E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães
ázimos de YHWH; sete dias comereis pães ázimos. No primeiro dia tereis santa
convocação; nenhum trabalho servil fareis.” (Vayicrá/Levítico 23:5-7)
Como é de conhecimento comum, o Pessach
era sacrificado ao 14º. dia, na véspera da festa de pães ázimos, e era comido
em um jantar após o pôr-do-sol, já no 15º dia.
A Almeida, a partir do texto grego,
assim traduz Marcos 14:12:
“E, no primeiro
dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Onde
queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?” (JFA Atualizada)
Na palavra destacada em vermelho há um
equívoco de tradução, o qual demonstraremos a seguir. O equívoco ocorre não por
má vontade do tradutor para o grego, mas por conta de uma ambiguidade no
aramaico, que só quem possuía uma ampla compreensão da Torá teria percebido.
A palavra no aramaico a que se refere é
o termo “kadmaia”. Tanto a concordância The Way International
quanto o dicionário siríaco Payne Smith definem a palavra como podendo
significar “primeiro” ou ainda “anterior”.
Evidentemente, pela Torá, que a
tradução correta é “anterior”. Nesse caso, temos:
“E, no dia anterior à festa dos
pães ázimos, quando sacrificavam o Pessach, disseram-lhe os talmidim: Onde
queres que vamos fazer os preparativos para comer o Pessach?”
Verifica-se que não há contradição
entre Marcos e a Torá. É apenas uma questão de traduzir corretamente o texto.
2) Mas e quanto a Lucas?
Lucas 22:7 diz:
“Chegou, porém, o dia dos ázimos, em
que importava sacrificar a páscoa.” (JFA Atualizada)
O texto aramaico diz:
“wmatiy yoma d’patiyre d’beh iyt hoa
yada d’net’nkes pescha”
A melhor tradução para “yoma
d’patiyre” não é “dia dos ázimos”, e sim “dia da festa dos pães ázimos”,
pois embora “patiyre” significa ázimos, é uma menção implícita à festa.
Assim sendo, poderíamos ler da seguinte
forma:
“E chegou o dia da festa de pães
ázimos, em que se deveria sacrificar o Pessach.”
Ora, que dia era esse? A véspera da
festa de pães ázimos! Não há necessariamente aqui uma menção ao primeiro dia.
Muitas vezes na própria Torá temos menção à véspera de uma festa como parte de
seu relato. Isso pode ser visto, por exemplo, no caso do Yom Kipur:
“Mas aos dez dias desse sétimo mês será
o dia da expiação... aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde,
celebrareis o vosso Shabat.” (Vayicrá/Levítico 23:27,32)
Podemos, portanto, ver que não há erro
algum em Marcos, e que o texto do relato é absoluta e totalmente fiel à Torá.
3) A Cronologia Sinótica de Yochanan:
Esclarecendo a Suposta Contradição
A questão de Yochanan já é um pouco
mais complexa por natureza, mas também não é difícil de ser compreendida com
relativa tranquilidade. Como vimos anteriormente, Yeshua no dia em que o
cordeiro do Pessach era imolado, pediu para que seus talmidim preparassem o
seder (jantar de Pessach):
“E, no dia anterior à festa dos pães
ázimos, quando sacrificavam o Pessach, disseram-lhe os talmidim: Onde queres
que vamos fazer os preparativos para comer o Pessach?”
O cordeiro era imolado no 14º dia. Isso
significa dizer que Yeshua teria celebrado o Pessach no 15º dia, ao pôr-do-sol,
e teria morrido no madeiro no mesmo dia. Isso não tem qualquer relação com a
correção que fizemos acerca do aramaico, pois no texto grego também teríamos
essa mesma impressão. Se o cordeiro era sacrificado no 14º dia antes do
pôr-do-sol, e se o versículo enfatiza que era o dia de sacrifício do Pessach,
então de fato Yeshua celebrou o Pessach no 15º dia, à noite. Consequentemente,
Yeshua teria morrido no 15º dia. Segundo a Torá, o 15º dia é o Shabat do
primeiro dia da festa de pães ázimos.
No entanto, Yochanan (João) 19:31 diz:
“Os habitantes de Yehudá, pois, para que
no Shabat não ficassem os corpos no madeiro, visto como era a preparação (pois
era grande o dia de Shabat), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas, e fossem tirados.”
Ora, aqui temos um problema. Pelo
relato de Yochanan, esses habitantes de Yehudá exigiram que Yeshua fosse
removido do madeiro, pois não queriam que ficassem corpos no madeiro no Shabat!
Yochanan dá a impressão de que Yeshua teria morrido no 14º dia!
A outra possibilidade seria a de
admitir a tese cristã de que Yeshua teria morrido numa véspera de sexta-feira. Nesse
caso, o Shabat mencionado por Yochanan seria o Shabat semanal mesmo. Mas aí
teríamos o problema óbvio da tão criticada tese cristã tradicional, que já é
pouco aceita até no meio acadêmico: Se Yeshua morreu numa sexta-feira, quase ao
pôr-do-sol, e ressuscitou no domingo, Ele não teria ficado três dias e três
noites, ou seja, um período de 72 horas na terra, como Ele afirmou. Pois,
teríamos duas noites apenas (a de sexta e a do sábado) e dois dias (a do sábado
e a do domingo.) Ou seja, a tese cristã tradicional é justamente criticada por
ser cronologicamente inviável.
Mas então, será que Yochanan de fato
contradiz o relato das Boas Novas de Marcos e Lucas? Não necessariamente.
Existe uma resposta bastante pertinente.
Primeiramente, é importante entender
quem mandou prendeu Yeshua, e desejava que Ele fosse morto. O próprio texto de
Yochanan (João) 18:2-3 nos revela isso:
“E Yehudá, que o traía, também conhecia
aquele lugar, porque Yeshua muitas vezes se ajuntava ali com os seus
discípulos. Tendo, pois, Judas tomado um bando, e tomado oficiais dos cohanim
hag’dolim e dos fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas.”
Ora, aqui vemos que Yehudá tomou
oficiais dentre os fariseus e dentre os cohanim. Ora, mas quem era o cohen que
estava servindo naquela ocasião? Caifás!
Yochanan atribui a seguinte frase a
Caifás:
“Caifás era quem tinha aconselhado aos
judeus que convinha que um homem morresse pelo povo.” (Yochanan/João 18:14)
Vejamos o que a Enciclopédia Judaica
diz acerca de Caifás:
"É relatado que Caifás naquela
ocasião disse que convinha que um homem morresse pelo povo (Jo. 18:14), um
provérbio também encontrado entre os rabinos (Gen. Rabá 94:9)."
Podemos perceber que é muito pouco
provável que um saduceu mencionasse algo que é parte da tradição oral. Isso
mostra o alinhamento de Caifás com os fariseus. Mais especificamente, os
historiadores estimam que Caifás se aliasse à Beit Shamai, conhecida como a
facção mais violenta dentre os fariseus.
O relato da reunião do Sanhedrin dos
p’rushim, com a presença de Caifás, aparece no trecho abaixo:
“Depois os principais dos sacerdotes e
os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz
muitos sinais.” (Yochanan/João 11:47)
Como podemos ver, Caifás não se alinhava
politicamente com os saduceus, inimigos ferrenhos dos fariseus. Nem tampouco se
alinhava com a Beit Hillel, a facção dos fariseus que se opunha à manifestação
violenta. Caifás, um sumo sacerdote ilegítimo escolhido por Roma, procurava se
aproximar dos fariseus da Beit Shamai para obter o apoio necessário para sua
liderança.
Em Ma’assei haSh’lichim (Atos dos
Emissários), constata-se pelo posicionamento de Gam’liel, líder da Beit
Hillel em sua época, que a Beit Hillel não se opunha com violência aos seguidores
de Yeshua:
“Mas, levantando-se no conselho um
certo fariseu, chamado Gam’liel, doutor da Torá, venerado por todo o povo,
mandou que por um pouco levassem para fora os emissários; E disse-lhes: Homens israelitas,
acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Porque antes
destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número
de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos
foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Yehudá, o galileu,
nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e
todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. E agora digo-vos: Dai de mão a
estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens,
se desfará, mas, se é de Elohim, não podereis desfazê-la; para que não aconteça
serdes também achados combatendo contra Elohim.” (Ma’assei haSh’lichim/Atos
5:34-39)
A posição pacífica e tolerante da Beit
Hillel não condiz com a postura de armar emboscada contra Yeshua, e certamente
não teria sido aprovada por seus líderes. Contudo, a Casa de Shamai é
historicamente documentada como violenta, sanguinária e até mesmo assassina.
Repare, portanto, que aqueles que foram
prender Yeshua, os mesmos que incitaram no povo o desejo de vê-Lo morto, eram
fariseus da Beit Shamai, e Caifás, e os sacerdotes ilegítimos que a eles se
aliaram. Repare ainda que o relato não menciona os saduceus. Há um motivo para
isso.
Esse relato é importante para
compreender a questão. Havia à época do Segundo Beit HaMikdash (Templo), dois
calendários ativos. O próprio Talmud relata a controvérsia de calendários entre
os seguidores de Boethus (saduceus) e os fariseus. Os rabinos da atualidade
admitem que ambos os calendários eram praticados à época de Yeshua. De um lado,
saduceus e essênios praticavam um calendário. De outro, fariseus praticavam o
seu próprio calendário.
Não pretendemos nos estender por demais
nessa questão, que já está relatada e extensivamente discutida no material
supracitado. Embora haja hoje controvérsias sobre qual era o calendário
original, a existência de ambos os calendários na época do Segundo Beit
HaMikdash é fato mais do que atestado e documentado historicamente.
Voltemos para Yochanan/João 19:31:
“Os habitantes de Yehudá, pois, para
que no Shabat não ficassem os corpos no madeiro, visto como era a preparação
(pois era grande o dia de Shabat), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas, e fossem tirados.”
Quem era que estava lá desejando
rapidamente se desfazer do corpo de Yeshua? Os mesmos que vieram matá-lo! Os
fariseus da Beit Shamai, juntamente com os membros da corja de Caifás, aliada
política da Beit Shamai.
Ora, se eram fariseus, então o calendário
utilizado era o calendário fariseu. O Shabat de Pessach dos fariseus não
era o mesmo Shabat de Pessach dos saduceus e dos essênios!
Se havia dois calendários à época, a
questão fica bem simples. Sabemos, por estudos aqui publicados, que Yeshua ressuscitou
no final do Shabat, ao iniciar o primeiro dia (Domingo). Ou seja, Yeshua ressuscitou no nosso
sábado à noite.
Para que isso tivesse acontecido,
Yeshua teria que ter sido sacrificado exatamente na quarta-feira, pouco antes
do pôr-do-sol. Isso significa que Yeshua teria que ter celebrado o Pessach na
terça-feira à noite.
O restante não é difícil de entender: O
calendário fariseu, por usar uma forma diferente de contar os dias do mês,
costuma ter as festas em época muito semelhante à do calendário essênio/saduceu,
porém pode apresentar variação de alguns dias com relação ao mesmo. Naquele
ano, o calendário fariseu apresentou variação de um dia com relação ao
calendário essênio/saduceu, algo perfeitamente comum e bastante frequente.
Abaixo, portanto, temos uma tabela com a cronologia:
Dia da Semana (Bíblico) |
Calendário Gregoriano |
Dia do Mês (essênio/saduceu) |
Dia do Mês (fariseu) |
Evento |
Terceiro
Dia |
Terça
à tarde |
14/01
(sacrifício do Pessach p/ essênios e saduceus) |
13/01 |
Talmidim
preparam Pessach |
Quarto
Dia |
Terça
à noite |
15/01
(Shabat p/ essênios e saduceus) |
14/01 |
Yeshua
celebra o Pessach |
Quarto
Dia |
Quarta
à tarde |
15/01 |
14/01
(sacrifício do Pessach p/ fariseus) |
Yeshua
morre. Casa de Shamai e Caifás pedem removação do corpo. Yeshua é posto no
túmulo. |
Quinto
Dia |
Quarta
à noite até Quinta à tarde |
16/01 |
15/01
(Shabat p/ fariseus) |
Talmidim
de Yeshua aguardam o término |
Sexto
Dia |
Quinta à noite até Sexta à tarde |
17/01 |
16/01 |
Mulheres
preparam especiarias para o corpo de Yeshua |
Shabat |
Sexta
à noite até Sábado à tarde |
18/01 |
17/01 |
Shabat. Yeshua ressuscita na porção final |
Primeiro
Dia |
Sábado
à noite até domingo à tarde |
19/01 |
18/01 |
Mulheres vão ao sepulcro levando as especiarias. |
Com essa cronologia, tudo se encaixa.
Além de ser precisa do ponto de vista histórico, ela harmoniza plenamente as
Boas Novas de Marcos e Lucas, e Yochanan (João).
Apesar de insistirem no erro de
celebrar a “páscoa” no dia da festa da deusa babilônia Ishtar, os romanos não
podem dizer que não conhecem a verdade, pois até mesmo o papa Bento XVI afirmou
recentemente:
“Durante sua homília na "missa da
Santa Ceia" desta quinta-feira, realizada na basílica romana de São João
de Latrão, o Papa Ratzinger declarou que Jesus "celebrou a Páscoa com seus
discípulos provavelmente segundo o calendário de Qumran, e por isso, pelo menos
um dia antes" da data estabelecida na época.”
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/04/05/ult34u178149.jhtm
Como podemos ver, os antimissionários
ficam completamente sem argumentos quando estudamos todas as evidências
textuais e históricas, o que só reforça a superficialidade de suas afirmações.
4) A Expiação do Pecado
A cronologia conforme a ressaltamos
acima também demonstra algo muito importante. Por décadas, os antimissionários
têm afirmado que Yeshua não poderia ter expiado os nossos pecados, visto que em
tese não há expiação dos pecados no Pessach.
Vemos que não é bem assim. A Torá nos
relata em Bamidbar (Números) 28:
“E aos quinze dias do mesmo mês haverá
festa; sete dias se comerão pães ázimos. No primeiro dia haverá santa
convocação; nenhum trabalho servil fareis; Mas oferecereis oferta queimada
em holocausto a YHWH, dois novilhos e um carneiro, e sete cordeiros de um ano;
eles serão sem defeito. E a sua oferta de alimentos será de flor de farinha
misturada com azeite; oferecereis três décimas para um novilho, e duas décimas
para um carneiro. Para cada um dos sete cordeiros oferecereis uma décima; E
um carneiro para expiação do pecado, para fazer expiação por vós.”
(Bamidbar/Números 28:17-22)
Repare no que acontece aqui: No 15º dia
havia a oferta de um carneiro que era oferecido para
fazer expiação do pecado.
Vemos, portanto, que a expiação dos pecados não se restringia ao Yom Kipur, mas
era também realizada na época do Pessach! Esse carneiro era morto exatamente quando
Yeshua o foi! Assim sendo, podemos dizer que Yeshua morreu para expiar nossos pecados.
Yeshua também iniciou em Pessach, no
início do ano, a nossa expiação, tendo-a concluído ao apresentar Seu sangue no
Kodesh Kodashim (Santo dos Santos) celestial, no Yom Kipur!
Mas, alguém poderia nos perguntar: Se
Yeshua era o carneiro de sacrifício em expiação pelos pecados, então como
poderia ser Ele o cordeiro?
A resposta é: Todos os elementos das
festas bíblicas apontam para Yeshua. Ruhomayah (Romanos) 11:36 nos diz:
“ Porque dEle e por Ele, e para Ele,
são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amen.”
Desde as primícias em Bikurim, até o
sacrifício do Yom Kipur, passando também pelas tendas de Sukot, TUDO aponta
para Yeshua.
Se analisarmos bem a narrativa, veremos
que há dois momentos
“Ora, antes do seder de Pessach,
sabendo Yeshua que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai,
como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.”
(Yochanan/João 13:1)
Este foi o exato momento
Mas por que Ele precisou ser o cordeiro
do Pessach, além de ser a expiação? A resposta está na Torá:
“Porque YHWH passará para ferir aos
egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras,
YHWH passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas,
para vos ferir.” (Shemot/Êxodo 12:23)
Vamos supor por um breve instante que
um marido, em um acesso de raiva, agrida sua esposa, desferindo sobre ela um
chute que a fira em seu ventre. Vamos supor que essa esposa se torne estéril,
devido ao ferimento ter atingido o útero. Suponhamos ainda que, posteriormente,
o marido peça perdão a Elohim e à sua esposa, e que ela aceite seu perdão. O
homem foi liberto de sua culpa perante Elohim. Contudo, ele ainda terá que
conviver com as consequências que o seu pecado trouxe sobre ele.
Assim também é conosco. Não bastava que
Elohim nos perdoasse. Era preciso reverter a morte espiritual que se abateu
sobre nós. Nós nos tornamos escravos do inimigo ao nos alinharmos com ele. Esse
alinhamento requeria a morte.
No Egito, quando o devorador vinha
confiscar as vidas que a ele pertenciam, Elohim passava pela casa dos filhos de
Israel e, ao ver o sangue, impedia que o devorador entrasse. Aquele cordeirinho
havia pagado com seu próprio sangue pela vida daqueles que nos seus lares
estavam. Da mesma forma com Yeshua, o cordeiro de YHWH. Quando o devorador
cobra a nossa morte espiritual, pois dele nos tornamos escravos, Elohim aponta
para o sangue de Yeshua e repreende o devorador de almas!
Graças damos a Elohim Avinu, porque
Aquele que se entregou por nós, é suficiente para expiar por todos os nossos
pecados, e nos livrar da morte. Veja como é lindo e perfeito o plano de salvação
de YHWH!
5) O Banquete do Mashiach
Outra crítica dos antimissionários é a
de que Yeshua teria tomado primeiro o pão e depois o vinho, invertendo a ordem
do seder de Pessach tradicional. Evidentemente que na Torá nada está escrito
sobre a ordem com a qual se deve tomar o pão e o vinho.
Contudo, ao fazer tal coisa, sem querer
os antimissionários acabam apontando para uma belíssima mensagem que passa
totalmente desapercebida para aqueles que não estão familiarizados com o
contexto judaico da fé.
De fato, tradicionalmente toma-se o
vinho primeiro no seder de Pessach. Mas, por que razão teria Yeshua enfatizado
a celebração de forma distinta? Afinal, certamente que Ele, um judeu de cerca
de 30 anos, havia celebrado o Pessach por diversas vezes, assim como seus
talmidim (discípulos). Certamente que todos conheciam a tradição. A Torá não
faz exigência alguma, portanto não podemos dizer que Yeshua pecou ou
transgrediu qualquer mandamento ao inverter a ordem. Mas, por que Yeshua
não seguiu a tradição neste caso?
A resposta pode ser encontrada em um
dos manuscritos do mar morto:
“O procedimento para a reunião dos
homens de reputação [quando forem chamados] ao banquete realizado pela sociedade
da Yahad, quando [Elohim] revelar o Mashiach dentre eles. [O Cohen], como
cabeça de toda a congregação de Israel, entrará primeiro, acompanhado por todos
os [seus] irmãos, [os filhos de] Aharon, aqueles cohanim [apontados] para o
banquete dos homens de reputação. Eles se sentarão perante [ele] por ordem.
Então o Mashiach de Israel entrará e os cabeças dos milhares [de Israel] se
sentarão perante ele por ordem... todos os cabeças das tribos da kehilá,
juntamente com [seus] sábios... Pois [ele] abençoará a primeira porção do
pão e do vinho, [buscando] o pão primeiro. Depois, o Mashiach de Israel
[buscará] o pão...” (Frag. 1QSa 11-22)
Como já vimos, Yeshua celebrou o
Pessach segundo o calendário essênio/saduceu. Já vimos também anteriormente que
boa parte de seus talmidim (discípulos) eram de origem essênia.
O fragmento 1QSa aponta para uma
profecia atribuída aos sacerdotes da ordem de Tsedek: Um dos sinais do Messias,
quando Ele se revelasse, seria inverter a ordem do seder de Pessach.
Primeiramente Ele buscaria o pão, para depois buscar o vinho. Certamente que o
golpe sofrido após a perda de Yochanan HaMat’vil (João, o Imersor) havia ferido
os corações e o ânimo da ordem sacerdotal de Tsedek. Imaginem o aperto em seus
corações ao saber que eles também estavam prestes a perder Yeshua. Certamente
seria um momento de dúvida e apreensão.
Ao fazer esse gesto, portanto, Yeshua
estava confortando a ordem de sacerdotal de Tsedek: EU SOU MALKI-TSEDEK
(MELQUISEDEQUE), O VOSSO MASHIACH! O banquete messiânico de 1QSa era muito
mais do que um Pessach – era a promessa do Pessach no Olam Habá (Mundo
Vindouro). A promessa de que os mártires não haviam morrido
Conclusão
Como podemos ver, quem segue a verdade
não teme questionamentos nem investigar a história. Sabemos em quem temos
crido. Sabemos que Ele morreu por nós. Sabemos que porque Ele vive, podemos
crer na ressurreição dos mortos.
Muito diferente de causar qualquer
embaraço em nossa fé, essas perguntas só nos apontam na direção de respostas
que confirmam ainda mais, se possível fosse pois já temos toda a confirmação da
Palavra, que YESHUA HAMASHIACH, O CORDEIRO DO PESSACH, É REI SOBRE ISRAEL.
Texto adaptado e corrigido por Francisco Adriano Germano
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