"Há alguns anos o Yad Vashem,
o Museu do Holocausto de Jerusalém, inaugurou uma nova ala, que custou milhões
de dólares. Este valor foi totalmente doado por uma família judia rica, chamada
Spiegel, que vivia no sul da Califórnia. A ala foi dedicada a um milhão e meio
de crianças menores de 12 anos que foram mortas pelos nazistas no Holocausto. A
lista de inocentes incluía o filho do doador.
O rabino Berel Wein, um
sobrevivente do Holocausto, quando foi visitar o Yad Vashem pela primeira vez,
visitou também essa ala nova. E assim ele descreveu aos seus alunos a sua
visita:
- Eu já tinha visto memoriais do
Holocausto em todo o mundo e, por isso, estava esperando ver uma exposição
padrão, cheia de fotos chocantes, tristes relatos pessoais e estatísticas
terríveis. Porém, eu não estava preparado para entrar na nova ala erguida pela
família Spiegel. Era uma única sala subterrânea, enorme. Estava tão escuro que
eu não conseguia ver nem mesmo a minha mão na frente do meu rosto. No meio da
sala, uma única vela acesa fornecia um pequeno ponto de luz. Espelhos
habilidosamente colocados ao redor da sala refletiam a luz daquela vela em
todos os lugares, transformando um ponto de luz em centenas de minúsculas
chamas. Era uma congregação de pequenas almas em busca de corpos.
- Quando eu entrei naquela sala -
continuou o rabino Wein - eu estava envolvido pela escuridão. Meus olhos
focaram nos pequenos pontos de luz suspensos no ar. Então eu ouvi uma voz
gravada de um homem. Esta voz não dizia nada profundo, mas suas palavras
penetraram profundamente no meu coração. Eu estava no local mais escuro da sala
e olhei para as luzes. Eu comecei a imaginar que estava cercado por um milhão e
meio de crianças. A voz então começou a falar: "Chaim Smolovitz, Vilna, 8
anos. Sara Kleiner, Vilna, 11 anos. Rosa Klepper, Berlim, 7 anos...". A
voz seguiu pronunciando uma infinidade de nomes. Moishe, Ferencz Alexandre,
Shaindy, Tsipora, David, Joel, Zoltan. Centenas de milhares de nomes, tirados
das listas das vítimas do Holocausto, que os nazistas registraram tão meticulosamente.
Nomes de judeus que teriam entre 40 e 50 anos atualmente, com filhos e netos.
Nomes, nomes, nomes, até o momento em que eu não aguentei mais.
- Eu nunca chorei tanto na minha
vida - contou o rabino Wein - Eu fugi para o sol ofuscante de Jerusalém. Então
me ocorreu que eles não tinham chamado meu nome. Eu tinha aquela mesma idade na
época, meu nome poderia estar naquela lista. A diferença foi que eu
simplesmente vivi em Chicago, não na Europa. Se meu avô tivesse se mudado para
o leste, ao invés de ir para o oeste, meu nome poderia estar naquela lista.
- E, se eu escapei, há uma razão
para isso - concluiu o rabino Wein - D'us me salvou porque eu tenho um
propósito especial. Portanto, eu tenho que aumentar meus esforços para fazer
algo positivo pelo povo judeu. Eu não sei o que eu devo fazer, se devo
construir mais Yeshivót, falar com mais judeus, escrever mais artigos de Torá.
Mas o que eu sei é que não posso descansar até contribuir para a causa da
redenção judaica. Se eu fui poupado, foi por alguma razão".
Devemos viver com esta claridade,
de que nossa existência tem um propósito. Se estamos vivos, é porque a nossa
existência faz alguma diferença para o mundo. Por isso, devemos acordar todos
os dias com a vontade de cumprir o nosso papel no mundo e preencher o nosso
potencial.
R' Efraim Birbojm
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