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TESHUVÁ PASSO A PASSO – A REFORMA PROTESTANTE (EP. 3)

 


A REFORMA PROTESTANTE

 

Nessa terceira e última parte do primeiro passo falaremos sobre a reforma protestante e de alguns movimentos evangélicos derivados dela, os quais tiveram a oportunidade de restaurar a igreja para a fé original dos seguidores de Jesus. Porém, alguns reformadores, principalmente Martinho Lutero, não queriam se divorciar completamente do catolicismo romano.

 

Regressando aos séculos XIV e XV encontraremos alguns movimentos esporádicos de protesto contra os ensinos e práticas da igreja. Alguns líderes desses movimentos foram chamados de pré-reformadores como, por exemplo, John Wycliff (1325-1384), John Huss (1372-1415) e Jerônimo Savonarola (1452-1498), que combateram irregularidades e imoralidades do clero católico, condenaram superstições e peregrinações, veneração de santos, celibato e demais pretensões papais por poder.

 

Como surgiu nessa mesma época o interesse em reviver as obras dos sábios da antiguidade clássica grega e romana, denominado pelos historiadores como período renascentista, esse movimento inspirou que alguns “humanistas bíblicos” dedicassem seu tempo ao estudo da bíblia nas línguas originais, e questionassem muitas das práticas adotadas pela igreja.

 

Martinho Lutero

Já no século XVI ocorreu um importante levante promovido pelo monge agostiniano Martinho Lutero, que por ser contrário a venda de indulgências, expôs os abusos cometidos pela igreja, os quais levavam os fiéis a confiar apenas nas indulgências para a sua salvação, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Assim sendo, em 31 de outubro de 1517, para contrapor aos tais abusos, afixou na porta da igreja do castelo de Wittemberg, as suas famosas 95 teses, as quais deram origem ao que hoje conhecemos como Reforma Protestante.

 

Outro reformador que se destacou nesse período foi Ulrico Zwínglio (1484-1531), reformador da igreja suíça, no movimento chamado “segunda reforma” e que deu origem às igrejas reformadas na Suíça e no sul da Alemanha, promovendo mudanças ainda mais radicais que os luteranos.

 

Jean Calvino

E por fim, Jean Calvino (1509-1564), francês que se refugiou em Genebra e deixou importantes obras no campo da teologia, humanidades e direito. A cidade de Genebra veio a se tornar em um grande centro Protestante, preparando líderes para toda a Europa, além de abrigar muitos refugiados das guerras religiosas. De todos os movimentos protestantes o calvinismo foi o mais completo sistema teológico, de onde originou as igrejas reformadas (na Europa continental) e presbiterianas (nas Ilhas Britânicas).

 

Se os reformadores do século XVI tivessem, de fato, restaurado a igreja para a verdade (a qual era definida por eles como sola scriptura), a contrarreforma - movimento patrocinado pela igreja romana para combater o avanço protestante e os abusos cometido pelo clero - presidida pelo Arcebispo de Régio, não teria argumentado da seguinte forma:

 

“A profissão deles [protestantes] de se aterem às Escrituras somente como base de fé é falsa. A prova: a palavra escrita determina de forma explícita a observância do sábado. Eles não observam o sábado, mas o rejeitam. Se eles realmente se ativessem somente às Escrituras como padrão, eles estariam observando o sábado conforme é determinado ao longo das Escrituras. Porém eles não só rejeitam a observância do sábado como determinado pela palavra escrita, mas também adotaram, e praticam, a observância do domingo, para o qual eles têm apenas a tradição da igreja católica".

 

O historiador Draper comenta:

 

"Próximo ao final da vida de Lutero, parecia que a única perspectiva para o poder do papado era a ruína total. Porém atualmente, em 1930, de trezentos milhões de protestantes, mais da metade jura fidelidade à Roma. Quase que por mágica a reforma parou de avançar. Roma não só conseguiu pôr em xeque a sua proliferação como também reobteve uma boa porção daquilo que havia perdido". [1]

 

A contrarreforma católica não destruiu o protestantismo, mas limitou sua expansão. Seu sucesso encontra-se na américa latina, local de maior concentração de católicos no mundo. Em resumo, os principais acertos da reforma protestante:

 

Fim da idolatria às imagens

Libertação da tirania papal

Volta à prática de leitura da bíblia

 

E os principais erros da reforma protestante:

 

Manutenção de tradições romanas de origem pagã ou extra bíblica

Antissemitismo impediu o reconhecimento do corpo com Israel

Anomia, especialmente por influência de Lutero

A essência da doutrina permaneceu romana

Excessiva negação da autoridade institucional, levando a um sem-número de seitas sem precedentes na história

 

Negando os fatos históricos, alguns argumentam que a ideia de obedecer à lei do ETERNO só começou a ser divulgada nos tempos atuais, por grupos "sectários" e que, portanto, não pode ser levada em consideração, pois trata-se de um "novo modismo" que jamais existiu anteriormente.

 

Porém, os grupos históricos mais tradicionais se escandalizariam profundamente com a tendência moderna de se declarar que não há necessidade de se cumprir "a lei de Deus". Vejamos a seguir o que dizem algumas profissões de fé:

 

Um dos principais documentos das igrejas reformadas era conhecido como o catecismo de Heidelberg (século XVI), que afirma o seguinte:

 

"Mas o que são as boas obras? Somente aquelas que procedem da verdadeira fé, e são realizadas segundo a lei de Deus, e para a sua glória; e não aquelas que são fundadas em nossas imaginações, ou nas instituições de homens."

 

A confissão batista (século XVII) também afirma algo semelhante, quando diz:

 

"O espírito do Messias subjuga a vontade do homem, e o permite realizar livremente e com alegria aquilo que a vontade de Deus, conforme revelado na lei, requer que seja feito."

 

O catecismo da igreja católica também afirma algo semelhante:

 

"A lei de Deus confiada à igreja é ensinada aos fiéis como um caminho de vida e de verdade."

 

A ideia de que não haja qualquer necessidade de cumprimento da lei do ETERNO surgiu com o movimento carismático e foi herdada pelo neopentecostalismo. Essa ideia, que posteriormente acabou influenciando outras igrejas, foi duramente criticada por seus antecessores.

 

Por exemplo, o pastor pentecostal (não-carismático) Bill Burket afirma:

 

"Os carismáticos indicam em seu ensinamento que a lei de Deus e seu amor são diamétricos, e que se você observa um, você não tem o outro, e que esses representam dois tipos diferentes de dispensação de revelação, e que estamos vivendo a dispensação do amor, e que, portanto, você está em algum tipo de escravidão se viver pela lei moral de Deus. Mas a Bíblia ensina que eles são a mesma coisa, e a lei de Deus é simplesmente o amor de Deus em forma escrita." [2]

 

Evidentemente que existe uma profunda divergência entre o que os grupos citados consideram ser a "lei de Deus" e aqueles que defendem a observância total da lei consideram para tal definição. Não queremos de forma alguma negar essa diferença. Porém, é preciso igualmente compreender que esses grupos também divergem entre eles mesmos sobre a definição do que é a "lei de Deus".

 

Mas, à exceção dos grupos mais modernos, todos concordam que a "lei de Deus" (seja qual for a sua definição) deve ser cumprida, e que o simples cumprir a "lei de Deus" não anula a fé nem a graça - desde que, claro, feita pelos motivos corretos, isto é, como consequência da fé, e não como tentativa de se obter o “favor celestial” por méritos.

 

A misericórdia do ETERNO não deve ser pretexto para deixarmos de voltar para a verdade. E assim como o ETERNO se relacionou com Israel apesar de sua desobediência, sem aprová-la, muitas vezes o ETERNO se relaciona com pessoas que estão em sistemas religiosos de engano, sem com isso significar que ele aprove todos os seus hábitos, comportamentos ou crenças.

 

Apesar de tantas leituras tão diversificadas e confusas acerca de Jesus, não é difícil entendermos a verdade. Se você crê que a Bíblia é a palavra da verdade, então a verdade está no tentar viver a bíblia inteira, e não apenas partes dela. A verdade não está numa denominação, pois isto significaria fazer da verdade refém do poder de homens, e todo homem é falho. Isso o dizem acertadamente aqueles que afirmam que a verdade está unicamente em Jesus/Yeshua. Porém, estes mesmos precisam abrir os olhos para que não vivam uma verdade parcial. A verdade parcial, por definição, não é verdadeira.

 

No seu nível mais simples, a Teshuvá, significa retornar ao ETERNO - isto se traduz por fortalecer nossa fé e nossa prática vivendo de acordo com a Torá. Mas, em sua essência, a Teshuvá requer muito mais do que maior observância religiosa, requer o empenho e a força para romper com os erros cometidos ao longo da história!

 

O caminho da verdade é amar e crer na bíblia de capa a contracapa, e procurar viver o máximo dela que pudemos, sem acharmos que determinada porção das Escrituras foi abolida ou revogada. Como diz Paulo:

 

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Timóteo 3:16,17)

 

O objetivo dessa série de estudos é revelar o passo a passo fundamental para se retornar a uma fé 100% bíblica, como assevera as Escrituras:

 

Mas confesso-te isto que, conforme aquele Caminho que chamam seita, assim sirvo ao Elohim de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos Profetas. (at. 24.14)

 

 

 

Francisco Adriano Germano

Compilação de diversas fontes

 

 

Notas

 

[1] Desenvolvimento intelectual, volume 2, página 216

[2] Pentecostal but not Charismatic

 

 

 

 

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