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CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO CALENDÁRIO BÍBLICO

 


 

I.      ENTENDENDO O INÍCIO DO DIA

 

Uma das diferenças mais evidentes que se pode assinalar entre o calendário bíblico e o calendário gregoriano é a ausência dessa noção que temos na atualidade de um “dia de 24 horas”. No máximo, encontraremos tal conceito no que diz respeito a períodos de dias, mas geralmente porque se contavam os dias, e não as noites.

 

Isso explica o porquê de frases como as abaixo, mesmo nos tempos de Yeshua:

 

Pois, como Yonah (Jonas) esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. (Matitiyahu/Mateus 12:40)

 

Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. (Yochanan/João 9:4)

 

Yeshua respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. (Yochanan/João 11:9)

 

Outro detalhe que chama a atenção é que o dia começa ao entardecer, e não à meia noite como sugere o calendário ocidental. Ou seja, o dia (24 horas) se inicia ao anoitecer e conclui no pôr do sol seguinte. Isso se assenta firmemente nos primeiros versículos da Torah, em especial em Gênesis:

 

E Elohim chamou à luz dia; e às trevas chamou noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. (Gênesis 1:5)

 

E na ordem para celebrar o Yom Kipur, o mais sagrado de todos os dias do calendário bíblico, sendo considerado Shabat Shabaton (Sábado dos sábados):

 

Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado. (Levítico 23:32)

 

II.    PRINCÍPIO DOS MESES DO ANO

 

De acordo com o calendário bíblico, o início dos meses é determinado, não com base em cálculos, mas na simples observação direta do primeiro vestígio da lua nova. Em calendários lunissolares, a lua tem um papel fundamental para a determinação dos meses do ano, diferente do que ocorre no calendário gregoriano.

 

E uma vez avistado esse primeiro vestígio, o mês durará até o próximo avistamento, o que, em média, ocorre 29 dias depois. Por uma questão de bom senso, caso ao fim de 29 dias a lua nova não seja avistada, então o mês teria 30 dias. Se no 30º dia a lua não fosse avistada (por estar o céu nublado, por exemplo), se declararia o novo mês.

 

As palavras hebraicas para mês são Chodesh e Yerah e são usadas como o comprovam as seguintes passagens.

 

...no mês [Yerah] de Zive (este é o mês [Chodesh] segundo... (1Rs 6:1)

 

...no mês [Yerah] de Bul, que é o mês [Chodesh] oitavo... (1Rs 6:38)

 

...no mês [Yerah] de Etanim, que é o sétimo mês [Chodesh]. (1Rs 8:2)

 

Yerah significa “lua” ao passo que a palavra Chodesh significa literalmente “lua nova” ou “lua renovada”. As passagens seguintes revelam que o termo Chodesh também pode se referir a um dia em particular:

 

Disse Davi a Jônatas: Eis que amanhã é a lua nova [Chodesh]... (1Sm 20:5)

 

...também no dia da lua nova [Chodesh] se abrirá. (Ez 46:1)

 

Assim, em determinados contextos, a palavra Chodesh tanto pode assumir o sentido de mês como de lua.

 

...E ficou com ele um mês/lua [Chodesh]... (Gn 29:14)

 

Mas um mês/lua [Chodesh] inteiro... e comerão um mês/lua inteiro. (Nm 11:20-21)

 

O mesmo se passa com Yerah:

 

...chorará a seu pai e a sua mãe um mês/lua [Yerah] inteiro... (Dt 21:13)

 

...e reinou um mês/lua [Yerah] inteiro... (2Rs 15:13)

 

A razão pela qual estas palavras que significam “mês” estão associadas a lua, sendo traduzidas de qualquer uma das formas é porque o comprimento de um mês era o período que decorria entre uma lua nova e a seguinte. Dizer “um mês” ou “uma lua” equivalia dizer a mesma coisa.

 

E isso é confirmado por diversos testemunhos históricos. O mais antigo deles é o chamado calendário Guezer. Guezer é uma antiga cidade israelita que ficava bem próxima a Yerushalayim (Jerusalém).

 

Nela, foi encontrado o registro de calendário mais antigo de toda a história arqueológica bíblica. Datada do século X a.C. e, portanto, tendo mais de 3 mil anos, se trata de uma pedra que contém um registro em paleo-hebraico do calendário em função da agricultura. O autor é um israelita chamado Aviyah (“Yah é meu pai”).


Imagem do calendário Guezer

 

O interessante é o texto, que diz assim:

 

Duas luas são de colheita

Duas luas são de plantio

Duas luas são de plantio tardio

Uma lua é de capinar linho

Uma lua é a colheita da cevada

Uma lua é colheita e banquete

Uma lua é fruto de verão Aviyah

 

Alguns propõem que o termo Chodesh (lua nova) se refira, de fato, ao dia exato da conjunção. No entanto, existe um problema com este raciocínio. Os babilónios apenas descobriram como calcular o dia exato da conjunção cerca de 1000 anos depois de Moisés. Ora, considerando que naquela parte do mundo, o período oculto da Lua pode durar até 3,5 dias, como um israelita médio seria capaz de determinar o dia exato da conjunção? Seria impossível. A passagem que habitualmente serve de base a tal raciocínio é o Salmo 81:3.

 

“Tocai a trombeta pela lua nova [Chodesh], pela lua cheia [Keseh], no dia da nossa festa [Chag].” (Sl 81:3)

 

De acordo com os defensores desta ideia, a palavra keseh vem da raiz kaseh que significa “cobrir” ou “esconder”. Assim, teríamos a observação da lua nova quando a lua estivesse coberta ou escondida (e não cheia como traduz a JFA). O Shofar seria assim tocado na conjunção lunar.

 

O problema com esta interpretação é que ela não é corroborada pela segunda parte do mesmo versículo. Na segunda parte do versículo é identificado a expressão “nossa chag” A palavra “chag” nas Escrituras aplica-se sempre e apenas às três solenidades de peregrinação – Pessach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes) e Sukot (Tabernáculos). O dia da lua nova nunca foi uma solenidade de peregrinação.

 

Como tal, os termos “keseh” e “chag” não podem, de forma alguma, estarem se referindo ao dia de lua nova. Sugerem que a solenidade em questão nesta passagem seria a Yom Teruah (Festa das Trombetas). No entanto, enquanto a Festa das Trombetas é de fato uma das solenidades (ou Moedim), ela não é uma Chag. Como tal, a solenidade aqui referida também não pode ser Yom Teruah.


As Escrituras nos indicam que, de fato, a lua nova se determina pelo avistamento do primeiro crescente visível e não pelo período da conjunção em que a lua não é visível. Senão vejamos:

 

“Guarda o mês de Aviv, e celebra a páscoa a YHWH teu Elohim; porque no mês do Aviv YHWH teu Elohim te tirou do Egito, de noite.” (Dt 16:1)

 

A expressão hebraica traduzida por “guarda o mês do Aviv” provém de “shamar et Chodesh”. Se bem que ‘shamar’ também pode ser traduzido por observar no sentido de cumprir e guardar, a palavra também pode ser traduzida por observar no sentido de ver ou visualizar. No infinitivo Qal que é o tempo que a palavra assume nesta frase e de acordo com Strong’s, a palavra pode, sem sombra de dúvida ter o sentido de visualização:

 

1) to keep, guard, observe, give heed

 

1a) (Qal)

1a1) to keep, have charge of

1a2) to keep, guard, keep watch and ward, protect, save life

1a2a) watch, watchman (participle)

1a3) to watch for, wait for

1a4) to watch, observe

1a5) to keep, retain, treasure up (in memory)

1a6) to keep (within bounds), restrain

1a7) to observe, celebrate, keep (sabbath or covenant or commands), perform (vow)

1a8) to keep, preserve, protect

1a9) to keep, reserve

 

O problema ao traduzir “shamar et Chodesh” é que, conforme é comum no hebraico, a expressão pode ter múltiplos significados que nem sequer são mutuamente exclusivos. Esta expressão pode significar observação visual, guardar, observar, cumprir, tudo ao mesmo tempo. Um dos sentidos não exclui o outro. Claro que ao traduzir para outra língua o tradutor vê-se obrigado a optar por apenas um deles.

 

Assim, como já vimos, a palavra Chodesh tanto pode significar mês como lua nova, esta expressão pode igualmente ser traduzida por: “Observa o Chodesh do Aviv”, ou seja:

 

“Observa a lua nova do Aviv...”

 

Na realidade, até faz mais sentido do que “guarda o mês do Aviv” pois o mês em si não é santificado. O povo não tinha de guardar o mês, tinha sim de observar a lua nova para, a partir daí, determinar o 14º dia dessa lua, ou seja, desse mês por forma a sacrificar a Pessach.

 

Uma vez considerados todos estes elementos, é fácil compreender como é que Davi consegue, com segurança, afirmar que o dia seguinte seria dia de lua nova.

 

“Disse Davi a Jônatas: Eis que amanhã é a lua nova [Chodesh]...” (1Sm 20:5)

 

Evidentemente, a única explicação é que ele tenha dito isto no 29º ou 30º dia do mês. Se o tivesse dito no dia 29, o dia seguinte seria dia de lua nova se a lua tivesse sido avistada nessa noite. Se a lua nova não tivesse sido avistada nessa noite, o mês teria 30 dias. Se, em alternativa, ele tivesse dito isto no trigésimo dia do mês, esse seria o último dia quer a lua nova tivesse sido avistada ou não. O dia seguinte seria sempre dia de lua nova.

 

III.     O INÍCIO DO ANO BÍBLICO

 

Os cristãos começam o ano em janeiro, bem no meio do inverno no hemisfério norte, enquanto os judeus começam o ano em setembro/outubro, segundo as regras feitas por rabinos. Mas quando a bíblia diz que o ano começa?

 

“Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”.

(Êxodo 12:2)

 

De forma bem clara, o ano começa na primavera quando a Pessach (Páscoa) é celebrada. O primeiro mês do calendário bíblico é apelidado de aviv, que quer dizer “espigas maduras ou jovens” (neste caso de cevada).

 

A tradição rabínica costuma indicar que a palavra aviv esteja relacionada com a primavera, enquanto outros grupos judaicos, como os judeus caraítas, por outro lado, mantiveram ao longo dos séculos que aviv é a cevada em fase de amadurecimento.

 

É crucial para o debate que saibamos identificar o que vem a ser aviv. Para essa tarefa um bom dicionário pode não ser suficiente, mas com certeza ajudará:

 

1) Espigas maduras, mas não secas (Lev. 2:14; ver nota RVA). 2) Abib, nome antigo do mês de Nissan (Ex. 13:4).” [1]

 

“Abib, cevada. Este substantivo refere-se à cevada madura, embora ainda tenra, cujos grãos são usados como alimento, quer moídos, quer assados (KB) A ASV e RSV concordam (veja, porém, Lv 2:14). A sétima praga trouxe uma saraiva que arruinou a colheita da cevada do Egito pelo menos uma semana antes que ficasse pronta para a colheita; (Ex 9:14). Abibe também era o antigo nome, (mais tarde chamado nisã) do primeiro mês judaico (o mês da Páscoa). Nesse mês a cevada dava as espigas, contudo a época normal da colheita era o segundo mês (Iyar). De acordo com Lv 2:14 a oferta de manjares cereais deveria ser os primeiros frutos de Abib. Essa raiz ocorre dez vezes na Bíblia.” [2]

 

Dois importantes dicionários identificam que aviv está relacionado com a cevada, em fase adiantada para ser colhida e que era indispensável para que o mês pudesse ser declarado como aviv. O mesmo parecer manifesta John Derby, tradutor da New Translation:

 

“O ano, no que diz respeito a adoração de Elohim entre os judeus, começava com o mês de aviv (Heb grão verde), que durava desde meados de março até meados de abril.” [3]

 

Assim sendo, aviv é o momento em que o grão de cevada se encontra em um estado de amadurecimento, que lhe permita ser colhido e tostado no fogo para ser comido ou oferecido a YHWH:

 

Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; E ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; no dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá. (Levítico 23:10,11)

 

Logo, no dia das primícias (a festa do molho que se dá após o shabat semanal dentro da festa de Pães Àzimos) nunca poderá ser realizada sem cevada em tempo de colheita. Assim, o mês de aviv é o mês em que, na lua nova, a cevada esteja entre a primeira e terceira semana de maturação e nada mais. Em alguns anos se faz necessário incluir um mês lunar extra (chamado mês “bissexto”) para que a cevada esteja pronta para ser colhida e oferecida em Yom Habikurim (Dia das Primícias).

 

Apesar de que a cevada tende a amadurecer após o equinócio da primavera é preciso reconhecer que não somos ordenados em nenhum lugar a guardar o mês que procede ao equinócio, palavra essa que nem sequer é encontrada nas Escrituras, mas o mês da cevada.

 

Trata-se de um recurso de YHWH para que a festa das primícias possa ser observada em todas as circunstâncias, mesmo no tempo de seca. Também é importante considerar que a única cevada que pode definir se estamos em aviv ou não é a cevada que cresce na terra de Israel.

 

Sabemos que o equinócio determina o surgimento da primavera, que amadurece a cevada, e na presença do Chodesh (lua nova) determina que o mês de aviv chegue. Entretanto, nem o equinócio, nem a primavera determinam o mês aviv, mas o estado da cevada. Acerca disso não há dúvidas.

 

IV.      CONCLUSÃO

 

Qualquer calendário que reclame ser bíblico tem de estar de acordo com as Escrituras. Se não está inteiramente de acordo com as Escrituras, porque incorpora elementos pagãos ou meramente com base na tradição dos homens, então não é um calendário bíblico.

 

O calendário dado por YHWH ao seu povo se assenta em um sistema que não admite previsibilidade. É impossível publicá-lo de antemão pois se assenta em várias observações locais feitas em cima da hora. O que é certo é que, por uma razão que só YHWH sabe, Ele nos disse para calcular as Suas solenidades com base no calendário que Ele nos deu e não com base em outro qualquer, ainda que infinitamente “mais preciso”.

 

Em uma era como esta onde vivemos de planejamentos a curto, médio e longo prazo para tudo e mais alguma coisa, viver de acordo com um calendário que não permite previsibilidade é incomportável. No entanto, é isso mesmo que YHWH pede aos seus filhos, que se coloquem inteiramente nas suas mãos e confiem nele. Seguir um calendário que não permitia ao povo planejar o futuro, mesmo numa época em que já existiam calendários passíveis de serem publicados com anos de antecedência, era uma forma de colocar total confiança no Criador, certos de que Ele proverá tudo.

 

O calendário de YHWH é intercalado pelos ciclos da lua e do sol. Primariamente da lua para determinar o início dos meses e indiretamente do sol, na medida que o calendário sofre ajustes do ciclo lunar pelo ciclo solar, sendo afetado ainda pelo estado de maturação da cevada, por forma a determinar o início do ano.

 

O papel do homem em tudo isto é apenas um: de observador dos elementos que YHWH criou e não de prognosticador do que há de acontecer no futuro, pois esse só a Ele pertence. Isto pode parecer pouco prático mas Ele pede-nos que coloquemos a nossa confiança nele mesmo nas coisas que parecem loucas aos homens.

 

“Mas Elohim escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Elohim escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;” (1Co 1:27)

 

Compêndio de diversas fontes

Texto adaptado e corrigido por Francisco Adriano Germano

Notas:

[1] Lexicón Hebreo-Arameo-Español, verbete 24, página 3.

[2] Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, R. Laird Harris, Gleason L. Archer Junior e Bruce K. Waltke, Editora Vida Nova, São Paulo, 1998, verbete 1, pág 1.

[3] J. N. Darby, nota da sua tradução da Biblia ao inglés, a New Translation


Fontes:

- O Calendário a luz das Escrituras - Rui Quinta

- O Calendário Bíblico - Resumo Geral - Sha'ul Bentsion

- Aviv, o mês da cevada ou primavera - Gilnei Ben Avraham

- Diversas outras fontes de consulta na internet

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