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TESHUVÁ PASSO A PASSO – SAIBA A QUEM VOCÊ SERVE (EP. 6)

 


SAIBA A QUEM VOCÊ SERVE

 

Permita-me cumprimentá-lo por dar mais um passo em sua caminhada. Se você chegou até aqui, já reparou que a caminhada com Yeshua tem um preço, mas que o seu jugo é leve e suave. Você certamente já se sente mais livre para servi-lo, tendo abandonado coisas que não o agradavam.

 

Este passo também é composto de um ato de purificação, como o anterior, e visa adquirir maior intimidade com o criador.

 

Você consegue se imaginar chamando YHWH de “Tupã” e iniciando uma oração dizendo “meu querido Tupã...”? Provavelmente a mera sugestão lhe causará repulsa. Você oraria dizendo “meu querido Zeus...”? No entanto, é isso que muitos inocentes fazem diariamente! Você sabe de onde vem o termo “Deus” usado para se referir ao Criador?

 

O termo “Deus” é exatamente a forma latina do grego Zeus. No grego antigo, o termo Zeus era pronunciado /dzeús/, o que foi entendido pelos romanos como “Deus”. Observe a definição do dicionário:

 

"Zeus, poeticamente referido pelo vocativo zeu pater ("o, pai zeus") é uma continuação de dieus, o proto-indo-europeu deus do céu diurno, também chamado de "dyeus phater" ("pai do céu")." (american heritage dictionary, zeus).

 

Talvez essa revelação seja um choque para você. Mas o uso do termo “Deus”, chefe do panteão greco-romano, só começa a ocorrer de forma mais corrente a partir do terceiro século, numa época em que já havia bastante sincretismo entre a fé bíblica e as vertentes do paganismo

 

Era mais fácil para os pagãos conceber um ser supremo como sendo o próprio “Deus”, chefe do panteão que eles já conheciam, do que explicar que “Deus” (zeus-olimpo) é uma falsa divindade, que deve ser desprezada, em favor de um ser supremo revelado à outra nação.

 

Os escritos associando o Elohim dos israelitas ao “Deus” grego-romano começaram a se popularizar à medida que os escritos em latim se tornaram mais frequentes, e foram cristalizados com os escritos de Tertuliano e a posterior composição da vulgata latina, que oficializaram o uso do termo “Deus” para se referir ao Elohim dos israelitas. É da vulgata latina e da tradição católica que surge o termo em português.

 

Mas por que isso é importante? Certamente essa é uma pergunta que você pode estar se fazendo. Afinal, o ETERNO sabe quando estamos nos dirigindo a ele, independentemente do nome invocado.

 

Porém, existe uma diferença entre saber, e até mesmo tolerar por causa da ignorância, e se agradar disso. Ao longo das Escrituras, o ETERNO tolerou muita coisa de seu povo, o que não quer dizer que ele disso se agrada.

 

E é na própria Bíblia que encontramos o ETERNO expressando seu descontentamento com Israel por chamá-lo pelo nome de deuses pagãos:

 

“E naquele dia, diz YHWH, tu me chamarás: meu marido [ishi]; e não mais me chamarás: meu senhor [ba’ali]. E da sua boca tirarei os nomes dos ba’alim, e não mais se lembrará desses nomes.” (hoshea/oséias 2:16-17)

 

Os “ba’alim” eram exatamente os termos usados para os deuses cananeus, que eram conhecidos como sendo os senhores - tradução literal de “ba’alim” - das religiões cananéias. Por exemplo, ba’al-tsefon e ba’al-peor (Êx. 14:2, Nm. 25:3, etc.) Eram literalmente os senhores de Tsefon e Peor.

 

É inegável que o ETERNO se desagrada em ser chamado pelo nome de falsos deuses, cuja idolatria está associada ao culto aos demônios. Você não o chamaria de Buda, nem de Indra, porque certamente o desagradaria. Assim sendo, ele não pode se agradar de ser chamado de “Deus”, uma falsa divindade greco-romana.

 

Para ilustrar o que está sendo tratado aqui, como reagiria um cônjuge que fosse chamado pelo nome de um ex-namorado(a)?

 

MAS DO QUE IREMOS CHAMAR O ETERNO?

 

“Então disse Moshe (Moisés) a Elohim: eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: o Elohim de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: qual é o seu nome? Que lhes direi?” (Shemot/Êxodo 3:13)

 

Moisés queria saber o nome daquele a quem o havia ensinado. Quem é o Elohim de Israel? Qual é o seu nome? O Criador, Único e Verdadeiro, responde a Moisés da seguinte forma:

 

“E disse Elohim a Moshe: Eu Sou o que Sou [hebr. Ehyeh asher Ehyeh]. Disse mais: assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou [hebr. Ehyeh] me enviou a vós.”(Shemot/Êxodo 3:14)

 

Preste atenção nessas palavras. O ETERNO diz que seu nome é “Eu Sou”, ou como pode ser também traduzida a expressão: “Eu Existo”. Ele não poderia ter outro nome. Ele é. O próprio verbo ser está sujeito a Ele, porque nada pode ser, sem Ele autorizar. Em outras palavras: nada pode existir, se não for por meio dele. Ele é o Criador!

 

Na Bíblia, o termo que é usado para se referir ao criador é conhecido como o tetragrama - isto é, literalmente - as quatro letras. Porque seu nome ao longo do texto bíblico é escrito com quatro letras hebraicas: yud, hey, vav, hey.

 

Em sua forma original no hebraico, esse nome é escrito da seguinte forma:

 

יהוה

 

Essa forma é bastante simples de entender. A raiz hebraica hey-vav-hey significa literalmente “ser” ou “existir”. Quando conjugada na terceira pessoa do masculino, ela recebe um yud na frente. Portanto, yud-hey-vav-hey (YHWH) significa literalmente “aquele que é”, ou “ele é”.

 

E como se pronuncia esse nome?

 

No hebraico antigo, as vogais não eram escritas nas palavras, apenas as consoantes. Isso porque as vogais variavam muito de acordo com a conjugação. Por isso, não se preservaram as vogais do nome.

 

Muitos grupos religiosos tecem teorias das mais mirabolantes possíveis para afirmarem qual é o nome do ETERNO, cada um com suas devidas explicações. Porém, fato é que no meio acadêmico é praticamente unânime em apontar que o nome se pronuncia, de forma foneticamente aportuguesada, como //iarrué//, sendo o som do “rr” bem suave, como seria o som do “h” no inglês.

 

Como a transposição fonética do hebraico para outros idiomas, que chamamos de transliteração, não tem regra fixa, pode-se encontrar o tetragrama transliterado como “YAHWEH”, “YAHUWEH”, “IAHWEH”, entre outras formas. O som, todavia, é o mesmo.

 

Por esta razão, há praticamente um consenso no meio acadêmico de que esta seja a forma mais original, possivelmente com algumas diferenças derivadas de regionalismos, como ocorre por exemplo no português. O nome “roberto”, por exemplo, será pronunciado de forma diferente por um gaúcho, por um carioca, por um paulista e por um cearense.

 

Você deve estar se perguntando agora: devo usar esse nome no meu dia a dia?

 

Alguns grupos, por excesso de zelo, evitam falar o nome do ETERNO, mas será que é isso que ele quer de nós? Faz sentido que o ETERNO revelasse em suas Escrituras um nome que ele não quisesse que usássemos? Pelo contrário, as Escrituras falam que seu nome será proclamado na terra.

 

Como você certamente deve estar pensando neste momento, é claro que se deve ter respeito pelo nome do ETERNO, como você teria por alguém a quem deve honra. Certamente que práticas como chamar uma borracharia ou padaria pelo nome dele é falta de respeito.

 

Outro nome importante a conhecer é daquele que te resgatou. Quando o ETERNO tomou para si uma forma humana, ele também se fez conhecer por um nome muito especial. Nessa ocasião, o anjo anunciou o seguinte aos pais humanos daquele que havia de nascer:

 

“E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Yeshua; porque ele Salvará o seu povo dos seus pecados.” (Matitiyahu/Mateus 1:21)

 

E veja como esse nome é especial. O termo Yeshua é a forma masculina da palavra ‘yeshuá’. Essa palavra é bastante importante. Observe:

 

“Moshe, porém, disse ao povo: não temais; estai quietos, e vede o livramento [hebr. yeshuá] de YHWH, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver.” (Shemot/Êxodo 14:13)

 

“Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação [hebr. yeshuá] se alegrará o meu coração.” (Tehilim/Salmos 13:5)

 

Quando o povo estava cativo no Egito, foi a yeshuá de YHWH, isto é, o seu livramento, que resgatou o povo! Quando David clamava ao ETERNO, pedia que ele enviasse a sua yeshuá, isto é, o seu livramento!

 

A palavra “yeshuá” aparece inúmeras vezes no Tanach, isto é, no “Velho Testamento”, e em mais da metade delas como clamor direto do povo pedindo a YHWH que envie “yeshuá”. Quando o anjo anuncia o nome do messias, não é qualquer nome. Ele anuncia a resposta do ETERNO ao pedido do povo por “yeshuá”, por livramento.

 

Quantas vezes programas de televisão já mostraram o reencontro de pessoas com policiais, bombeiros e outros heróis que os resgataram em situações de perigo. É muito emocionante ver a gratidão das pessoas, que fazem questão de conhecer, de saberem o nome daqueles que os resgataram.

 

Quanto mais para nós é importante e exaltado acima de todas as coisas, o nome daquele que deu a sua vida por nós. O nome do nosso libertador! O nome daquele que tornou possível termos um relacionamento com o ETERNO. E esse nome não é Jesus, e sim Yeshua.

 

Não há, ao contrário do que alguns afirmam, nenhuma raiz pagã no nome Jesus, que é uma mera tradução - pois na época se tinha o hábito de transliterar e traduzir nomes dos personagens bíblicos. Por outro lado, todavia, esse não é, nem nunca foi, o nome do Messias. Você não gostaria de se referir a Ele por seu nome original? Afinal, você deve a ele a sua vida!

 

O nome Yeshua nos lembra, além do nosso livramento, outro aspecto importante de sua missão: ele foi um judeu. E veio dar continuidade à fé bíblica, e não fundar uma nova religião. Seu nome o conecta ao seu povo, o povo de Israel, e às suas origens, demonstrando que existiu toda uma revelação e relacionamento do ETERNO para com Israel, que culminou na sua vinda.

 

Alguns críticos insistem que o saber as sílabas corretas do nome não é questão de salvação. Eles estão corretos nesse ponto, pois alguns grupos insistem que não pronunciar o nome do salvador da maneira adequada significa queimar no fogo do inferno. É claro que isso é um grande absurdo, porque o que mais importa é a pessoa do Messias.

 

Porém, o fato de alguns grupos distorcerem o uso do nome do Messias não faz com que o nome deixe de ser importante. Esse nome, como vimos, contém algumas mensagens fundamentais para nossa fé.

 

O preço por deixar de se referir ao ETERNO pelo nome pagão “Deus” também existe. Isso significará que você, em prol do termo a ele, se distanciará de qualquer tipo de adoração pagã. Provavelmente isso significará abandonar muitas de suas músicas prediletas.

 

Saber a verdade também é incômodo, porque significa se sentir muito incomodado com a famosa frase “Deus te abençoe”. Quando for alguém desconhecido, o melhor é deixar para lá. Lembre-se de ser manso e humilde.

 

Saiba que Yeshua previu que seríamos odiados por razão de seu nome. E lembre-se ainda que possivelmente aquelas pessoas que mais irão te agredir são justamente aquelas que mais se sentiram atingidas pela revelação de que elas possam estar no erro. Talvez um dia algumas dessas pessoas sejam justamente aquelas que se despertarão para a verdade. Ou talvez não. Mas fique firme. Você não será o primeiro, nem o último, nem o único a passar por isso. Estamos, eu, você e muitos outros, nessa mesma linha de frente, sendo humilhados por amor de YHWH.

 

A propósito, leva algum tempo para conseguir deixar de lado expressões como “graças a Deus”, entre outras. Não se sinta mal, nem pecador se isso ocorrer. É força do hábito, e o ETERNO conhece o seu coração, e sabe que você deseja evitar o sincretismo. Todos nós passamos por esse período até nos acostumarmos. Você está em boa companhia. Faz parte do processo.

 

O mais importante você já está fazendo: retirando do seu coração e da sua vida todo resquício de sincretismo religioso e de paganismo, para servi-lo de forma pura e completa.

 

Francisco Adriano Germano

Compilação de diversas fontes

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