Pular para o conteúdo principal

TESHUVÁ PASSO A PASSO – DEIXANDO A ESTRUTURA CLERICAL (EP. 9)

 


 

DEIXANDO A ESTRUTURA CLERICAL

 

Esse é o último passo do processo de desintoxicação que se faz necessário, para que possamos começar a viver a Teshuvá. Encaro essa desintoxicação como o tirar o lixo do terreno, antes que possamos começar a construir propriamente dito. Encare com alegria esse passo, pois você está sendo liberto de um sistema extrabíblico, e no lugar disso, poderá construir um relacionamento sincero com o Messias Yeshua.

 

As três histórias relatadas a seguir parecem muito diferentes, mas na realidade elas trazem uma semelhança bastante singular: a dependência emocional e espiritual de uma estrutura clerical. Estrutura essa que jamais foi encorajada, fundamentada e nem mesmo autorizada pela Bíblia.



[1] Fabiano* (nome fictício) passa por um estresse familiar intenso. Sente que sua vida parece estar desmoronando. No intervalo do almoço do seu trabalho, Fabiano resolve passar na bela congregação que frequenta. Ele se recorda das palavras do diácono vestido elegantemente de terno no primeiro dia em que Fabiano lá esteve, lhe dirigindo um sorriso e dizendo: “seja bem-vindo à casa do Senhor!” Não há ninguém no local naquele horário, mas ali, na casa do Senhor, Fabiano encontra a paz que precisa para poder orar e derramar seu coração.

 

A primeira história que iremos avaliar é a de Fabiano. Fabiano se sente bem ao ir à “casa do Senhor”, mas será que a Bíblia dá respaldo para chamarmos a um local de culto de “casa do Senhor”?

 

O termo “casa do Senhor” só aparece nas Escrituras para se referir a três coisas. A primeira delas, o Tabernáculo - que em hebraico é chamado de Mishkan:

“as primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa de YHWH teu Elohim.” 

(Êxodo 23:19)

 

A ideia do Tabernáculo era que YHWH acompanharia o povo onde quer que este fosse. Por esta razão o Tabernáculo era móvel, e observa-se nas Escrituras que ele era desmontado e remontado sempre que o povo peregrinava, até seu estabelecimento na terra de Kena’an (Canaã).

 

O Tabernáculo, portanto, representava a presença de YHWH em meio ao povo, acompanhando-o onde quer que esse fosse.

 

A segunda coisa que é chamada de “casa do Senhor” nas Escrituras é o Templo - ou, como é chamado nas Escrituras, o Heichal (Santuário ou Palácio):

 


“E Salomão se aparentou com Faraó, rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de David, até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalém em redor.” (1 Reis 3:1)

 

“E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor.” 

(1 Reis 8:10)

 

O templo foi desejo do rei David, realizado por Salomão seu filho, porém, quando David consultou a YHWH sobre a construção do templo, observe qual é a primeira coisa que YHWH responde:

 

“Vai, e dize a David meu servo: assim diz YHWH: tu não me edificarás uma casa para eu morar; porque em casa nenhuma morei, desde o dia em que fiz subir a Israel até ao dia de hoje; mas fui de tenda em tenda, e de tabernáculo em tabernáculo. Por todas as partes por onde andei com todo o Israel, porventura falei alguma palavra a algum dos juízes de Israel, a quem ordenei que apascentasse o meu povo, dizendo: por que não me edificai uma casa de cedro?” 

(1 Crônicas 17:4-6)

 

Como ele próprio deixa claro, ele nunca ordenou que fosse construída a Ele uma casa de cedro, e sempre habitou em meio à onde o povo estivesse.

 

"Salomão, porém, edificou lhe uma casa. Mas o altíssimo não habita em casas feitas por mãos; como disse o profeta: o céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificareis, diz YHWH, ou qual é o lugar do meu repouso? Não fez, porventura, a minha mão todas estas coisas?" (Atos 7:47-50)

 

Nisto podemos observar que, na realidade, a “casa do Senhor” nada mais é do que a sua presença no meio do povo, e não um edifício construído. Até porque, desde o momento da destruição do Heichal, não existe mais nenhum edifício que a Bíblia afirma ser a “casa do Senhor”.

 

Esta constatação nos leva à terceira coisa que é chamada de “casa do Senhor”, nas Escrituras - embora não diretamente, mesmo assim de forma bem clara:

 


“Assim vós sois pedras vivas, edificadas como Heichal espiritual, sacerdócio santo oferecendo sacrifícios espirituais, recebidos perante Elohim pela mão de Yeshua HaMashiach.” 

(1 Pedro 2:5)

 

Portanto, a “casa do Senhor” não é um local específico de culto de uma congregação, e sim YHWH habitando em meio ao seu povo. Porque Yeshua afirmou:

 

"Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." 

(Mateus 18:20)

 

É simples: onde quer que nós nos reunamos em nome do Messias Yeshua, ele ali estará conosco. Se alguém lhe disser que recebeu revelação do ETERNO para construir uma casa, ou local, pode descartar tal revelação sem medo de errar, pois o ETERNO é o mesmo ontem, hoje e sempre. Ele não muda de opinião, nem de modo de pensar.

 

Dito isto, vejamos inclusive como eram as coisas nos tempos dos primeiros seguidores de Yeshua:

 

"Como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que era proveitosa e de vo-la ensinar publicamente, e de casa em casa." (Atos 20:20)

 

Pense agora em como eram as coisas quase dois mil anos atrás: as casas eram muito mais precárias e bem pequenas. A mobília era cara, pois eram todas feitas à mão, de forma rústica. Não havia geladeira para servir aquele refrigerante refrescante, e frequentemente as pessoas se sentavam sobre o chão ou contra a parede. Em ambientes bastante estreitos, e com iluminação pelo fogo - o que os tornava ambientes quentes no verão.

 

Nas casas, as pessoas não tinham sequer acesso às Escrituras. Se desejassem ler os escritos da palavra, tinham que se dirigir às sinagogas, ou copiar à mão trechos em pergaminhos caríssimos. Muita coisa era memorizada, por essa razão. E mesmo assim, eles tinham a alegria de se reunirem nos lares. Compare agora isso com a dependência mostrada por Fabiano em nossa história.

 

Perceba que o sentimento de Fabiano, que se conforta em ir à “casa do Senhor”, é puramente emocional, sem qualquer base espiritual ou bíblica. É claro que se Fabiano for orar ao ETERNO em sinceridade e temor, ele o ouvirá onde quer que Fabiano venha estar. Porém, Fabiano ainda está preso a laços de religiosidade, sem fundamento bíblico.

 

Alguns podem perguntar: isso significa que YHWH não deseja que tenhamos um local de reunião? Não é bem por aí o raciocínio. YHWH jamais proibiu às pessoas de se reunirem em um determinado local ou que, juntos, optassem por edificar um local para as reuniões.

 

Se você tem acesso a um local de reunião, isso é ótimo. Afinal, a estrutura física ajuda muito. Mas isso não pode ser considerado indispensável para uma vida de um seguidor de Yeshua.

 

A questão é apenas compreendermos que o local de culto não tem a função de ser “casa do Senhor”, e sim apenas de abrigar a “casa do Senhor”, que somos nós, israelitas seguidores de Yeshua, que podemos nos reunir em qualquer lugar.

 


[2] Não muito longe dali, Camila* (nome fictício) aguarda ansiosamente o seu horário de atendimento no gabinete do pastor. Camila sofre perseguição no trabalho, e está extremamente angustiada. Ela aguarda ansiosamente o momento em que poderá falar com o pastor Marcos. Afinal, ele é um homem ungido, um verdadeiro servo do Senhor. Camila tem certeza de que o pastor terá as respostas que ela tanto precisa, e que sua oração irá não apenas acalmá-la, mas também será um marco em sua vida. Uma linha divisória que representará o início do fim de seus problemas.

 

Analisemos a história de Camila. Ela queria falar com o pastor, o servo ungido do ETERNO. Mas será que a ela foi ensinada a seguinte frase de Yeshua? Vejamos:

 

“vós, porém, não queirais ser chamados de Rabi; porque um só é vosso Rabi, o Mashiach, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso Pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados Mestre; porque um só é o vosso Mestre, que é o Mashiach. Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo. Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.” (Mateus 23:8-12)

 

Se fizéssemos uma lista das dez passagens mais ignoradas ou mal ensinadas de toda a Bíblia, essa certamente seria uma delas. Porque quem ensina a Bíblia hoje em dia geralmente faz parte de uma estrutura clerical. E essa passagem é escandalosamente clara contra esse sistema, o que a torna objeto de desconforto para quem a ensina. Não à toa, passa-se muito mais tempo tentando minimizar as palavras de Yeshua do que tentando entendê-las.

 

O que Yeshua quer deixar claro para os seus seguidores é de que não deve existir hierarquia clerical instituída. Nenhum homem deve se colocar acima de outros, nem ser chamado por títulos.

 


Apesar dessa passagem ser muito clara, hoje o que mais se vê é exatamente isso. Raríssimo são os líderes que não utilizam títulos em seus nomes. Apresentam-se como “Padre Rogério”, ou “Evangelista Pedro”, ou “Pastor João”, ou “Missionário Carlos”, ou “Bispa Renata”, ou “Rabino Tiago”, ou seja, o que for.

 

A realidade é que, numa comunidade, todos servem de acordo com os seus dons. Uns são bons em ensinar, e naturalmente organizam aulas e estudos. Outros são bons em cuidar de terceiros, e são os pastores naturais do rebanho, outros são bons pregadores, outros são bons cantores, outros em administrar as finanças, outros em limpar e organizar o local, e assim por diante.

 

Cada pessoa tem uma função no corpo. Isso não quer dizer que um tenha recebido o dom de tomar decisões, orar e de falar no púlpito e os outros tenham recebido o dom de esquentarem o banco.

 

Mas, então, onde começou essa ideia de uma subordinação a estruturas clericais que estariam num patamar diferenciado?

 

“Até o século II, a igreja (sic) não teve nenhuma liderança oficial. Tais lideranças nas igrejas (sic) eram certamente raras... Entre o rebanho estavam os anciãos (pastores ou inspetores). Todos esses homens estavam em pé de igualdade. Não havia uma hierarquia entre eles. Também estavam presentes obreiros extras que plantavam igrejas (sic). Estes eram chamados de ‘enviados’ ou apóstolos. Mas eles não fixavam residência nas igrejas (sic) que cuidavam, tampouco as controlavam... As coisas funcionaram assim até Inácio de Antioquia (35-107 dc) entrar em cena. Inácio foi a primeira figura da história da igreja (sic) a dar o primeiro passo no escorregadio e decadente caminho da fixação de um líder único na congregação. Pode-se atribuir a ele a gênese do cargo de pastor e da hierarquia na igreja moderna.” (Cristianismo Pagão, pg. 69)

 

Inácio, além de lançar as bases do cristianismo conforme visto no primeiro passo dessa série, cria um personagem quase celestial - um vigário, por assim dizer, do Messias - que seria um intermediário entre nós e o Mestre. Algo que nem a Bíblia, nem o próprio Mestre jamais autorizaram, mas que se tornou base para toda a estrutural clerical de hoje e suas derivações.

 

É preciso nos desprendermos das amarras da religiosidade do sistema clerical que visa escravizar pessoas à autoridade de homens. Autoridade essa que jamais foi concedida pelas Escrituras. A autoridade pertence a Yeshua e somente a ele.

 

Mas é preciso tomar um cuidado ao chegarmos a essa conclusão. Alguns dos que chegam nesse ponto infelizmente confundem a falta de base bíblica para uma estrutura clerical com uma permissão da bíblia para andarem individualmente como lhes convier.

 

O fato de não haver uma estrutura clerical não significa uma total ausência de uma liderança. Uma liderança no sentido organizacional, e não no sentido de uma hierarquia. O modelo bíblico de liderança é uma liderança puramente pela experiência e maturidade, uma liderança de pares, e não uma hierarquia de autoridade.

 


[3] Muitos quilômetros dali, em uma cidade afastada, José* (nome fictício) encaminha um e-mail cheio de esperança. Ele ouviu falar sobre os Mandamentos do Eterno e busca agora uma congregação que tenha a prática da guarda desses mandamentos. José sabe que o grupo que ele conheceu não tem congregação em sua cidade. José então escreve aos líderes do grupo, pedindo que abram um trabalho em sua cidade, pois ele quer muito frequentar um local com aquela visão das Escrituras.

 

E por fim temos a história de José. O caso de José pode ser entendido como um resultado da cultura religiosa que criou os outros dois cenários. Basicamente, José compreende que ele precisa da estrutura clerical.

 

Quando o assunto é fé nada melhor do que olharmos para o exemplo daquele que é chamado o pai da fé. Se ainda não conhece a história de Abraão, ou se faz muito tempo que não lê sobre ela, vale à pena fazer uma pausa para ler as Escrituras, e retomar a partir deste ponto.

 


Abraão não foi chamado para sair de um sistema religioso para entrar em outro. Ele foi chamado, sozinho, para um lugar estranho, para viver perante o ETERNO. Apenas ele, sua esposa, e seus criados. Ninguém mais.

 

Se você se recorda dos passos anteriores, vimos que aqueles que foram chamados pelo ETERNO para realizarem a sua obra em Israel foram frequentemente as pessoas mais improváveis. Moisés tinha problemas na fala. David era um pastor franzino de ovelhas, os primeiros emissários de Yeshua eram meros pescadores, sem instrução.

 

O erro de José é não compreender que ele não depende de nenhuma estrutura para começar a servir ao ETERNO. Essa estrutura pode até vir com o tempo, mas muitas vezes temos que começar sozinhos.

 

É interessante que nesse momento alguns argumentam que sentem falta de “comunhão”. É compreensível que o aspecto social seja bom, agradável e proveitoso. Mas que “comunhão” teve Abraão, que até a sua família deixou para trás? E que “comunhão” teve Elias, se ele era um dos últimos profetas do ETERNO e, ainda por cima, estava sendo perseguido?

 


O ETERNO nunca nos prometeu que teríamos uma estrutura, ou mesmo um grupo. Vários dos principais personagens bíblicos passaram suas vidas servindo ao ETERNO sozinho. Ele nos promete que jamais nos abandonaria!

 

E se você está sozinho, você já pensou que pode haver um chamado do ETERNO para que você seja a pessoa a começar um grupo? Antes que você responda que não tem condições de fazê-lo, pense que um gago (ou com algum problema na fala, como Moisés) foi capaz de trazer ao mundo as palavras do ETERNO. Porque não era ele, mas sim o ETERNO agindo através dele.

 

Francisco Adriano Germano

Compilação de diversas fontes

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO BARUCH HASHEM?

  A expressão judaica Baruch Hashem é a mais emblemática manifestação judaica de gratidão e reconhecimento, significando " Bendito seja o Senhor " ou " Louvado seja o Senhor ".   Baruch Hashem ( ברוך השם ) que traduzida para o português significa “ Bendito seja o Nome ” (em referência ao nome YHWH), é usada pelo povo judeu em conversas cotidianas como uma forma de expressar gratidão a Elohim por tudo. Muitas vezes é colocado no topo de cartas pessoais (ou e-mails), às vezes abreviado como B”H ou ב”ה .   É comumente usada em gentilezas trocadas. Por exemplo, quando se pergunta “ como vai você ”, a resposta apropriada é “ Baruch Hashem, vai tudo bem ”. Os usos mais típicos são: “ Baruch Hashem, encontramos uma vaga de estacionamento ” ou “ Deixei cair aquela caixa de ovos, mas Baruch Hashem, nenhum deles quebrou ”.   Em suas peregrinações pelas modestas comunidades judaicas da Europa Oriental, o sábio Baal Shem Tov indagava sobre a condição de seus conter...

FAÇA O QUE TEM QUE SER FEITO

    A história que reproduzirei a seguir foi contada pelo Rav Israel Spira zt"l (Polônia, 1889 - EUA, 1989), o Rebe de Bluzhov, que a testemunhou no Campo de Concentração de Janowska:   Todos os dias, ao amanhecer, os alemães nos levavam para fora do acampamento, para um dia de trabalho pesado que só terminava ao anoitecer. Cada dupla de trabalhadores recebia uma enorme serra e deveria cortar sua cota de toras. Por causa das condições terríveis e da fome, a maioria de nós mal conseguia ficar de pé. Mas nós serrávamos, sabendo que nossas vidas dependiam daquilo. Qualquer um que desmaiasse no trabalho ou deixasse de cumprir sua cota diária era morto na hora.   Um dia, enquanto eu puxava e empurrava a serra pesada com meu parceiro, fui abordado por uma jovem da nossa equipe de trabalho. A palidez em seu rosto mostrava que ela estava extremamente fraca.   - Rebe - sussurrou ela para mim - você tem uma faca?   Imediatamente entendi sua intenção...

O TERCEIRO TEMPLO E A PROFECIA: UM RITUAL QUE PODE REDEFINIR A HISTÓRIA

Nas próximas semanas, um acontecimento de grande relevância espiritual e geopolítica poderá marcar um novo capítulo na história de Israel e do Oriente Médio. Autoridades religiosas israelenses planejam realizar o aguardado sacrifício da novilha vermelha, um ritual ancestral descrito no livro de Números 19:2-10 , essencial para a purificação ritual e diretamente associado à reconstrução do Terceiro Templo — um elemento central nas profecias escatológicas judaicas.   Atualmente, um grande altar branco está em construção na Cidade Velha de Jerusalém, preparando o cenário para uma cerimônia que não ocorre desde os tempos bíblicos. O local escolhido para o rito, o Monte das Oliveiras, é estratégico e altamente sensível, situado em frente ao Monte do Templo, onde se encontram a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha — dois dos locais mais sagrados do islamismo. A realização do sacrifício nesse contexto pode intensificar tensões religiosas e políticas, com possíveis repercussões no e...