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TESHUVÁ PASSO A PASSO – INTRODUÇÃO AO SHABAT (EP. 14)

 


 

INTRODUÇÃO AO SHABAT – PARTE I

 

Portanto, permanece a observância do Shabat ao povo de Elohim (Hebreus 4:9, do aramaico)

 

Essa citação é de uma tradução literal do texto original da carta de Ivrim (Hebreus), do aramaico. Infelizmente, a tradução para o português transforma o termo Shabat em “repouso”, ao passo que no chamado “antigo testamento”, o traduz corretamente como sábado.

 

Se as Escrituras dizem que a observância do Shabat permanece para o povo de Elohim, por que ela é praticamente ignorada nos dias de hoje?

 

Neste passo, veremos como isso aconteceu e estudaremos os primeiros elementos que fundamentam a prática bíblica da observância do Shabat.

 

Os Dez Mandamentos

 

Você já reparou que a maioria das pessoas que dizem crer nas Escrituras têm muitas dificuldades de recitar algo tão simples quanto os Asseret Hadibrot - os chamados dez mandamentos?

 

A seguir os dez mandamentos, segundo a Bíblia:

 

1 

Eu sou YHWH teu Elohim, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.


2 

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, YHWH teu Elohim, sou Elohim zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.

 

3 

Não usarás o nome de YHWH teu Elohim em falso; porque YHWH não terá por inocente o que tomar o seu nome em falso.


4 

Lembra-te do dia de shabat, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o shabat de YHWH teu Elohim; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez YHWH os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou YHWH o dia de shabat, e o santificou.

 

Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que YHWH teu Elohim te dá.

 

Não matarás

 

Não adulterarás

 

8

Não furtarás

 

9

Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

 

10

Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” (êxodo 20:2-17)

 



Você já observou quais são os dez mandamentos segundo a igreja católica? A seguir, a lista oficial do vaticano:

 

I)             Amar a Deus sobre todas as coisas.

Ii)            Não tomar seu santo nome em vão.

Iii)           Guardar domingos e festas.

Iv)          Honrar pai e mãe.

V)           Não matar.

Vi)          Não pecar contra a castidade.

Vii)         Não furtar.

Viii)        Não levantar falso testemunho.

Ix)          Não desejar a mulher do próximo.

X)           Não cobiçar as coisas alheias. (fonte: catequese da igreja católica)

 

Sejamos liberais, e partamos do pressuposto de que os mandamentos católicos 1 e 6 sejam equivalentes aos mandamentos bíblicos 1 e 7, respectivamente. Embora isso seja discutível, foquemos aqui nas diferenças mais explícitas.

 

A primeira coisa que se percebe é a ausência do segundo e quarto mandamentos bíblicos na listagem católica. Dos dez mandamentos bíblicos, a igreja católica preserva apenas oito.

 

E isso não é surpresa, uma vez que os dois mandamentos bíblicos vão contra a prática da igreja católica. A proibição contra imagens e cultos a tais imagens seria um embaraço, mesmo com o jogo de palavras que o catolicismo faz ao afirmar que não adora, mas sim venera imagens. Claro, qualquer pessoa minimamente familiarizada com a prática sabe que as imagens e os santos são objeto de culto e de adoração, contrariando frontalmente o mandamento bíblico.

 

Para dar conta da ausência desse mandamento, o mandamento de não cobiçar, que na bíblia é apresentado de forma genérica - sem distinção de objeto – foi desmembrado em dois. Assim, a contagem católica chega a nove mandamentos.

 

Resta ainda o último mandamento: o do Shabat. Peço a você que releia cuidadosamente o quarto mandamento bíblico. Observe como ele se refere à observância de um dia específico que foi santificado pelo eterno: o dia do Shabat.

 

Esse mandamento foi substituído por outro: o da observância do domingo. Mas, por que isso ocorreu?

 

Observe o que diz a própria enciclopédia católica:

 

O mundo estava plenamente maduro para o monoteísmo ou a sua forma modificada henoteísmo, mas esse monoteísmo se apresentava em vários disfarces, sob a forma das diversas religiões orientais: na adoração do sol, na veneração de mitra, no judaísmo, e no cristianismo. (catholic encyclopedia, constantine the great)

 

Relembremos uma citação que foi utilizada no primeiro passo:

 



[...]os romanos gradualmente receberam todas as religiões dos povos a quem subjugaram, de modo que roma se tornou o 'templo de todo o mundo.’ (catholic encyclopedia, syncretism)

 

A igreja católica é francamente aberta e transparente, e até mesmo se orgulha, do fato de ter sintetizado várias religiões numa espécie de fé ecumênica com roupagem bíblica.

 

Mas, o que tem isso a ver com a questão do domingo? Bem, o domingo vem exatamente da veneração ao deus-sol Mitra. Já vimos, no primeiro passo, que é da adoração a Mitra que decorre a prática do Natal. Mas isso não é tudo:

 


O domingo era santificado em honra de Mitra, e o décimo-sexto dia de cada mês lhe era sagrado como mediador. O dia 25 de dezembro era observado como seu aniversário, o natils invicti, o renascimento do sol de inverno, invicto pelo rigor da estação. (catholic encyclopedia, mithraism)

 

É em Roma, e não nas Escrituras, que se encontra a base para a guarda do domingo. Aliás, as Escrituras já falavam sobre tal substituição ao afirmarem:

 

Disse assim: o quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. E proferirá palavras contra o altíssimo, e destruirá os santos do altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a Torá; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.” (Daniel 7:23-25)

 

É praticamente consenso que o quarto reino ao qual Daniel se refere é o império romano. E é exatamente Roma quem, além de perseguir e destruir os santos do eterno, efetuou mudanças nos tempos do ETERNO e na sua torá.

 

Mas nada disso deve impressioná-lo. O que realmente impressiona é que esse mandamento do domingo, um substituto ilegítimo do Shabat do ETERNO, permanece sobre as Escrituras.

 

Será que o Shabat que permanece para o povo do ETERNO é o domingo santificado ao deus Mitra, ou é o dia que ele próprio santificou? De onde os que observam o domingo estão extraindo tal prática?

 

[...]Em nenhum lugar da bíblia encontramos que cristo ou os apóstolos ordenaram que o Shabat fosse mudado do sábado para o domingo. Temos o mandamento de Deus dado a Moisés para santificar o dia de Shabat, isto é, o sétimo dia da semana, o sábado. Hoje a maioria dos cristãos guarda o domingo porque foi revelado a nós pela igreja [católica] fora da Bíblia.’ (catholic virginian, ‘to tell you the truth’, pg. 9)

 

É preciso deixar de lado práticas extra bíblicas e voltarmos para a pureza do que dizem as Escrituras!

 

A primeira coisa que você deve estar se perguntando é porque isso é importante.

 

Para poder te responder, preciso te convidar a fazer uma viagem no tempo. Voltemos para uma época de muitas alegrias, mas também de muito trabalho. Uma época de despertar para a verdade, não muito diferente da época em que vivemos atualmente.

 

Refiro-me à época de Ezra e Nechemiyah, popularmente conhecidos como Esdras e Neemias. Você pode ler a respeito deles nos livros bíblicos de igual nome. Aqui, para o que estamos estudando, é suficiente dizer que eles foram os principais condutores por trás do retorno do povo de Yehudah (Judá) à sua terra, após o cativeiro babilônio.

 

Sacerdote Ezra (Esdras)

Nessa época, o povo ainda estava retornando às veredas antigas, mas ainda não havia dado o passo de voltar à observância do Shabat. Talvez isso seja semelhante ao seu caso. Observe o que disse Nechemiyah (Neemias):

 

Naqueles dias vi em Yehudah os que pisavam lagares ao Shabat e traziam feixes que carregavam sobre os jumentos; como também vinho, uvas e figos, e toda a espécie de cargas, que traziam a Yerushalayim no dia de Shabat; e protestei contra eles no dia em que vendiam mantimentos. Também habitavam em Yerushalayim tírios que traziam peixe e toda a mercadoria, que vendiam no Shabat aos filhos de Yehudah, e em Yerushalayim. E contendi com os nobres de Yehudah, e lhes disse: que mal é este que fazeis, profanando o dia de Shabat? Porventura não fizeram vossos pais assim, e não trouxe o nosso Elohim todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? E vós ainda mais acrescentais o ardor de sua ira sobre Israel, profanando o Shabat. (Neemias 13:15-18)

 

Perceba que Nechemiyah (Neemias) atribui à não-observância do Shabat como um dos principais motivos pelos quais o povo perdeu a terra da promessa. Mas, de onde Nechemiyah tirou essa ideia?

 

Vejamos o que a Torá diz:

 

Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou YHWH vosso Elohim. Guardareis os meus Shabatot, e reverenciareis o meu santuário. Eu sou YHWH. Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, então eu vos darei as chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto. (Levítico 26:1-4)

 

Observe que o reconhecimento do ETERNO como nosso Elohim passa exatamente pelos dois mandamentos que Roma aboliu: o de não fazer ídolos e o de guardar o Shabat. Esses são exatamente duas marcas que distinguiam o povo de Israel dos povos da terra.

 

Agora observe a consequência da não-observância e de onde Nechemiyah (Neemias) tirou a sua crítica ao povo:

 

E espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas. Então a terra folgará nos seus Shabatot, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos seus Shabatot. Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos Shabatot, quando habitáveis nela." (Levítico 26:33-35)

 

Isso deixa claro que o Shabat é importante. Mas a questão principal é: por que o Shabat é importante? A resposta se encontra em Shemot (Êxodo) 31:

 

Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: certamente guardareis meus Shabatot; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou YHWH, que vos santifica.” (Êxodo 31:13)

 

O Shabat é, portanto, um sinal da aliança entre o ETERNO e o seu povo. Mas sinal de quê? A resposta está mais adiante nessa passagem:

 

Guardarão, pois, o Shabat os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez YHWH os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se. (Êxodo 31:16-17)

 

O sinal, portanto, é da aliança entre o ETERNO e o seu povo. Se observar o Shabat é sinal de zelo para com a aliança com o ETERNO, abandonar o Shabat é sinal de desprezo por essa aliança.

 

Não é à toa que o Shabat é o passo mais importante e por muita gente considerado o mais difícil de ser dado. Porque desde os tempos antigos, observar o Shabat significava ter que renunciar a um dia produtivo.

 

Lembre-se do passo anterior, em que falamos sobre fé. Guardar o Shabat é uma demonstração da fé. Assim como não fazia sentido, do ponto de vista humano, renunciar a um dia produtivo nos tempos antigos, assim também não faz sentido, do ponto de vista humano, renunciar a maior lucro ou de um emprego que pague melhor para poder guardar o Shabat.

 

E é justamente porque não faz sentido que isso se torna um passo de fé. É preciso confiar no ETERNO.

 

Muitas pessoas gostam do texto de Devarim (Deuteronômio) 28, porque de fato ele fala de muitas bênçãos (na parte das maldições as pessoas costumam fechar as Bíblias). Mas observe a condição inicial para essas bênçãos:

 

E será que, se ouvires a voz de YHWH teu Elohim, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, YHWH teu Elohim te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz de YHWH teu Elohim.” (Deuteronômio 28:1-2)

 

Observe que a lógica do ETERNO é antagônica à lógica humana. Se você guardar o Shabat, será abençoado inclusive financeiramente. É preciso fé para dar esse passo, mas repare que ele significa confiar uma das coisas mais importantes de sua vida a ele: o seu próprio sustento!

 

Veja ainda que o texto de Êxodo 31:13 fala em santidade. O termo hebraico que encontramos nesse trecho é o termo mekadish’chem, que vem da raiz kadash, que significa separar.

 

Separar, portanto, o Shabat como dia de repouso e de comunhão com o ETERNO é um lembrete de que devemos nos separar das coisas deste mundo. E é isso que temos feito desde o primeiro passo.

 



Nosso objetivo aqui é cumprir a ordem do ETERNO que nos diz:

 

Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Yeshua HaMashiach; como filhos obedientes, não vos conformando com os desejos que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Porquanto está escrito: sede santos, porque eu sou santo. (Kefa alef/1 Pedro 1:13-16)

 

Observe que para cumprir a ordem do ETERNO de sermos santos, precisamos renunciar ao nosso desejo, e fazer aquilo que ele nos determinou.

 

É comum que muitos pensem que o Shabat se destina somente a judeus. Mais adiante em nossa série, veremos como o ETERNO não faz distinção entre o seu povo, e que todos, naturais ou não, pertencem à oliveira, que é israel.

 

Porém, como ainda não chegamos nesse ponto, aqui demonstraremos como o Shabat é para todos, indistintamente.


O primeiro indício disso é o fato de o Shabat ter sido instituído na criação. Volte ao texto mais acima, de Êxodo 31:13, e você verá que o sinal dado pelo ETERNO remonta à criação, quando não havia Israel, muito menos judeus. Mas vai além disso.

 

Você já ouviu algum grupo religioso usar o bordão “minha casa será chamada casa de oração para todos os povos?”

 

Certamente que muitos dos que leem já ouviram essa expressão. É triste constatar, porém, que a maioria ouviu esse bordão totalmente destituído de seu contexto. Observe o que o texto diz:

 

"bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto; que se guarda de profanar o Shabat, e guarda a sua mão de fazer algum mal [...] porque assim diz YHWH a respeito dos eunucos, que guardam os meus Shabatot, e escolhem aquilo em que eu me agrado, e abraçam a minha aliança: também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem a YHWH, para o servirem, e para amarem o nome de YHWH, e para serem seus servos, todos os que guardarem o Shabat, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. (Isaías 56:2, 4-7)

 

Seria cômico, se não fosse trágico, que a maioria dos grupos que usa o bordão acima mencionado não cumpre o Shabat, e sendo assim ignora completamente a condição de que o ETERNO levará à sua casa de oração aqueles que cumprem o Shabat!

 

Observe ainda que o ETERNO fala também aos estrangeiros. E diz que deles tomará aqueles que guardam o Shabat, por amor a ele, e que assim o servem em sua aliança.

 

Alguns tentam argumentar que Yeshua, em seus ensinamentos, teria de alguma forma sido contrário ao Shabat. Observe algumas das frases de Yeshua:

 

Porque o filho do homem também é o Adonai do Shabat. (Mateus 12:8);

 

Ora, não é melhor um homem do que uma ovelha? Portanto, é lícito fazer bem nos Shabatot.” (Mateus 12:12)

 

E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no Shabat. (Mateus 24:20)

 

E disse-lhes: o Shabat foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do Shabat. (Marcos 2:27)

 

E os escribas e fariseus observavam-no, se o curaria no sábado, para acharem de que o acusar. Mas ele bem conhecia os seus pensamentos; e disse ao homem que tinha a mão mirrada: levanta-te, e fica em pé no meio. E, levantando-se ele, ficou em pé. Então Yeshua lhes disse: uma coisa vos hei de perguntar: é lícito nos sábados fazer bem, ou fazer mal? Salvar a vida, ou matar? (Lucas 6:7-9)

 

Respondeu-lhe, porém, Yeshua e disse: hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Avraham, a qual há dezoito anos o acusador tinha presa? (Lucas 13:15-16)

 

Observe que em momento algum Yeshua afirma que o Shabat foi abolido, ou que não é importante. Pelo contrário: se ele tivesse abolido o Shabat, não faria sentido esclarecer que é lícito fazer o bem no Shabat! Bastaria que ele dissesse que o Shabat não existe mais, ou que nunca existiu.

 

Também não haveria sentido em Yeshua se proclamar senhor de algo que não existe, ou que estava para se tornar obsoleto. E se atentarmos para o contexto de Matitiyahu (Mateus) 24, observaremos que ele se refere a tempos posteriores à morte de Yeshua. Não faria sentido Yeshua dizer que eles deveriam orar para que a fuga não ocorresse no Shabat, se o Shabat foi abolido.

 

E se atentarmos para o todo das críticas de Yeshua às práticas e armadilhas dos fariseus e dos escribas, observaremos que ele estava muito mais corrigindo os desvios de grupos que transformaram o Shabat num fardo, do que se posicionando contra o Shabat em si.

 

Continua na parte II

 

Francisco Adriano Germano

Compilação de diversas fontes

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