Pular para o conteúdo principal

TESHUVÁ PASSO A PASSO – INTRODUÇÃO AO SHABAT (EP. 15)

 


INTRODUÇÃO AO SHABAT – PARTE II

 

Nas sinagogas ortodoxas é notório o fato de que o Shabat é um peso enorme, e que sua prática é tão obsessiva que até o papel higiênico é previamente picado e posto numa pilha porque destacá-lo do rolo seria considerado trabalhar no Shabat!

 

O judaísmo ortodoxo nada mais é do que a continuação da antiga seita dos fariseus - conseguem entender com muita facilidade porque Yeshua se posicionou contra esses absurdos?

 

Para ajudá-los a compreender tal coisa, listo aqui algumas instruções rabínicas quanto ao Shabat encontradas no Talmud Bavli, uma das principais obras da literatura farisaica:

 

Se alguém está andando no Shabat e chega a um córrego de água, se ele puder colocar seu primeiro pé dentro antes de erguer o segundo, é permitido [atravessar o córrego]; caso contrário, é proibido. (b. Shabat 113b)

 

São devemos comer hissopo grego no Shabat, porque não é alimento de pessoas saudáveis. (b. Shabat 109b)

 

Se alguém desamarra os laços de seus sapatos ou suas sandálias [no Shabat] – um [baraita] ensinava: ele é passível de uma oferta pelo pecado. (b. Shabat 112a)

 

Até mesmo a liturgia tinha enormes listas de detalhes a serem observados. Por exemplo:

 

Quando o Yom Kipur cair num Shabat, aquele que recita o serviço de neilá deve se referir ao Shabat. (b. Shabat 24b)

 

O tratado sobre Shabat na Mishná, cujas regras são contemporâneas a Yeshua, contém quase cerca de 150 páginas detalhando o que pode e o que não pode ser feito no Shabat.

 

Já a Guemará, que é composta de comentários rabínicos sobre a Mishná, contém mais de 500 páginas, com extensas discussões sobre o detalhe do detalhe de cada coisa que pode ou não ser feita no Shabat, até mesmo em situações raras.

 



Com isso você consegue entender por que Yeshua disse que o Shabat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabat!

 

Tal era a obsessão farisaica com o Shabat, que ele era exaltado de forma tão absurda que chegamos a encontrar a seguinte frase no talmud:

 

Aquele que observa o Shabat segundo suas leis, mesmo se praticar idolatria como a geração de Enosh, é perdoado… (b. Shabat 118b)

 

Imagine se o ETERNO irá perdoar alguém que tem consciência do Shabat, e deliberadamente pratica idolatria. E pior: imagine se praticar idolatria é menos grave do que não observar as recomendações rabínicas sobre o Shabat! Percebe-se que o entendimento farisaico sobre o Shabat, bem como suas práticas, está absolutamente equivocado!

 

Porém, isso não é razão para desprezarmos o Shabat. Isso seria tão absurdo quanto desprezar a Bíblia porque há quem a distorça, ou mesmo de não usarmos mais facas de cozinha, martelos ou canos d’água porque há quem os utilize para assassinar outras pessoas!

 

Alguns tentam contra argumentar usando o texto de colossenses 2:16, que diz:

 

Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. (Colossenses 2:16)

 

Porém, mais uma vez o contexto é ignorado. Observe:

 

Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Elohim. Se, pois, estais mortos com cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. (Colossenses 2:16-23)

 

Não pense que Sha’ul (Paulo) está falando contra a prática do Shabat. Se estivesse, pelo que já vimos até aqui da revelação do ETERNO, ele estaria indo contra o próprio ETERNO, que disse que o Shabat é para sempre.

 

Assim como Yeshua o fez antes dele, Paulo está criticando duramente a atitude de algumas seitas judaicas tomaram quanto ao Shabat, transformando-o em algo muito além do repouso que o ETERNO previu para o homem.

 

Observe primeiramente que Paulo menciona cultos a anjos e “coisas que não viu”. Isso não é por acaso. Nos tempos de Paulo já surgia, por influência babilônia, um enorme misticismo com relação ao Shabat assim como a outros elementos da fé.

 

Veja, por exemplo, uma passagem do mar morto, datada de pouco antes de Yeshua:

 

[texto pertencente ao instrutor. O cântico acompanhando o sacrifício do] primeiro [shabat,] cantado no quarto dia do primeiro mês. Na congregação de todos os [sábios] seres divinos, e [no conselho de todos os espíritos] divinos, ele gravou os seus preceitos para governar todas as obras espirituais, e suas [gloriosas] leis [para todos os] sábios [seres divinos], aquela congregação sábia honrada por Elohim, aqueles que se aproximam em conhecimento. (4Q400 Frag. 1 Col 1)

 

Michael Wise, um dos principais acadêmicos dos escritos de Qum’ran, afirma:

 

Os cânticos de Shabat visavam unir o adorador com os anjos adorando no céu. O que acontece na terra é apenas um pálido reflexo da realidade maior e definitiva. O que, então, poderia ser mais desejável do que se juntar para adorar de forma mística?... Sugere-se adicionalmente que a circulação dos cânticos [de shabat] entre judeus cristãos [sic] é o enigma da ‘heresia de colossenses.’ a carta de Paulo à igreja [sic] dos colossenses descreve precisamente o que alguns acadêmicos consideram ser gnosticismo incipiente. (the dead sea scrolls: a new translation, the songs of the sabbath sacrifice, pgs. 463 e 464)

 

Observe, portanto, que a ideia de que Paulo não estava falando contra o shabat não é invenção nossa, mas sim uma leitura sólida e fundamentada e amplamente defendida no meio acadêmico.

 

Tais seitas místicas defendiam que o Shabat precisaria ser celebrado de uma forma específica, e com uma liturgia específica, para que houvesse alinhamento com a adoração mística dos anjos. E condenavam aqueles que não faziam tal coisa, pois não andavam em “sabedoria”.

 

Agora, de posse dessa informação histórica, releia novamente a citação de colossenses. Perceba como é ingênua e equivocada a ideia de que Paulo estivesse falando contra o Shabat. Para não deixar nenhuma dúvida, Paulo fala contra “preceitos e doutrinas de homens.”

 

Pense comigo: será que Paulo considerava como “preceito e doutrina de homens” um mandamento dado pelo próprio ETERNO? Deixemos Paulo falar por si próprio:

 

E assim a torá é santa, e o mandamento santo, justo e bom. (Romanos 7:12)

 

O Shabat é um mandamento descrito na torá. A torá é santa. E o mandamento - aqui obviamente referência a um mandamento da torá - é santo, justo e bom, como pode ser doutrina de homens? Ou será que Paulo acreditava que os dez ditos dados pelo ETERNO a Moisés na verdade eram 9 e sofreram acréscimo? Não faz sentido pensarmos dessa forma.

 

Como se percebe, nem Yeshua, muito menos Paulo falou contra a prática do Shabat. E nem poderiam, afinal o ETERNO não contradiz a si mesmo.

 

Outra objeção comum é a ideia de que o Shabat represente um dia qualquer de repouso que o ser humano deve adotar. Mas será que isso encontra base nas Escrituras? Comecemos pela própria criação. Nela, encontramos:

 

Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Elohim acabado no dia sexto a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Elohim o dia sétimo [et-yom hashevi’i], e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Elohim criara e fizera. (Gênesis 2:1-3)

 

O hebraico não deixa dúvida de que o ETERNO abençoou e separou “o” sétimo dia. O hebraico usa da forma enfática “et-yom hashevi’i” deixando claro que não é qualquer dia, mas sim o sétimo. Esse é o dia que o ETERNO abençoou, santificou e separou para o nosso repouso.

 



Lembre-se do texto de Daniel 7:23-25, que afirma que o quarto reino mudaria os tempos do ETERNO - texto esse que não faria sentido se o dia fosse opcional. Vemos esse cumprimento não apenas na mudança do Shabat, como também das demais solenidades bíblicas.

 

Você já se perguntou por que esse quarto reino se daria ao trabalho de promover tal mudança?

 

A resposta está no fato de que se não guardarmos o dia que o ETERNO instituiu, então já não guardamos mais a sua aliança. Porque quem determina os termos da aliança é o próprio ETERNO.

 

Portanto, da próxima vez que você ler as Escrituras, ore ao ETERNO e peça para lhe revelar o que Ele deseja que você faça, e o que Ele deseja corrigir na sua vida. E leia as Escrituras buscando extrair exemplos e lições práticas.

 

Para ter fé, a verdadeira fé de Yeshua, é preciso encarar as suas palavras (reveladas na Bíblia) como instruções para a nossa vida.

 

Lembre-se das palavras de Yeshua: Ele é o Senhor do Shabat. Ele, e não nós. Não compete a nós escolhermos o que queremos abençoar e santificar. Aliás, sequer temos tal poder ou autoridade.

 

A diferença entre guardar “o” Shabat do ETERNO, e guardarmos “um” Shabat, é a diferença de quem está no comando. Se é o ETERNO, estamos andando em fé. Mas se somos nós, então estamos caindo exatamente na situação de nos acharmos “senhores de nossa própria espiritualidade”. Quanto a isso, vale à pena reler os textos de Paulo indicados no passo - caminhado com fé - desta série.

 

Outros críticos do Shabat afirmam que a data do Shabat teria se perdido no tempo, e chegam a citar a passagem bíblica abaixo para defender que ninguém sabe a data do Shabat:

 

E arrancou o seu tabernáculo com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o lugar da sua congregação; YHWH, em Sião, pôs em esquecimento a festa solene e o Shabat, e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote. (Lamentações 2:6)

 

Observe que o texto não diz que o ETERNO aboliu o Shabat, nem que a data do Shabat foi perdida. O texto se refere a Sião, e à diáspora dos judeus. Sião ficaria sem as festas e o Shabat enquanto estivesse desolada. Porque não haveria em Sião quem celebrasse as festas e o Shabat, uma vez que o povo estaria na dispersão. Isso não significa que o Shabat ou mesmo as festas tenham cessado ou mesmo que teriam deixado de ser praticadas nesse período.

 

Mas é possível identificar a data do Shabat hoje? A resposta é afirmativa. Vejamos como.

 

Primeiramente, é preciso estabelecer que tanto nas Boas Novas quanto nos demais textos da B’rit Chadashá (Aliança Renovada) - conhecida popularmente como Novo Testamento - não se encontra nenhum indício de que o Shabat estivesse sendo celebrado na data errada.

 



Pelo contrário, quando Yeshua fala da fuga não ser no Shabat, ou quando discutiu com os fariseus sobre o que é ou não lícito no Shabat, nunca houve qualquer menção a uma mudança na data do Shabat. E Yeshua, como Senhor do Shabat, certamente saberia a data correta.

 

Isso continua a ser verdadeiro quanto aos seguidores de Yeshua. Por exemplo, em Atos, encontramos o seguinte:

 

E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no Shabat seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas. (Atos 13:42)

 

E dali para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia; e estivemos alguns dias nesta cidade. E no dia de Shabat saímos fora das portas, para a beira do rio, onde se costumava fazer oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram. (atos 16:12-13)

 

Tanto para judeus, quanto para não-judeus; tanto em Israel, quanto fora de Israel, observa-se que o Shabat era o mesmo.

 

Esse é também o testemunho de Flávio Josefo, falando sobre a prática em Jerusalém e no templo, quando afirma:

 

Existe um povo chamado judeus, e habitam em uma cidade que é a mais forte de todas as cidades, cujos habitantes chamam de Jerusalém, e estão habituados a repousarem todo sétimo dia; (Contra Apion 1:209)

 

[...] Onde um dos sacerdotes de fato permanecia, e dava um sinal antecipado, com uma trombeta, no princípio de cada sétimo dia, no crepúsculo vespertino, assim como à noite quando o dia se encerrava, de forma a dar notícia ao povo de quando deveriam deixar o trabalho, e quando deveriam voltar ao trabalho novamente. (Guerras 4:9:12)

 

Alguns ainda tentam afirmar que mudanças no calendário romano teriam alterado a contagem do Shabat. Porém, fato é que nenhum grupo judaico ou israelita histórico jamais foi documentado guardando outra data. Sejam samaritanos, fariseus, saduceus, ou essênios, todos sempre observaram a mesma data historicamente. A saber, o sétimo dia, numa sequência ininterrupta de setes.

 

Além disso, todos os grupos com raízes históricas, a saber: judeus ortodoxos, beta Israel etíopes, judeus caraítas, e samaritanos observam o Shabat exatamente na mesma data. Não é razoável supor que todos esses grupos tenham sido influenciados por alguma mudança no calendário romano.

 

Muito antes dos romanos invadirem Israel, os manuscritos do mar morto e literaturas da época do segundo templo, como o livro dos jubileus, já mostravam semanas corridas de sete dias na literatura judaica, o que demonstra uma independência entre os dois sistemas.

 

De fato, o termo bíblico para ‘semana’, no hebraico shavua vem da mesma raiz de shevá, que significa sete, se escrevem de forma idêntica, e chega até mesmo a ter a mesma grafia em Gn. 29:27-28.

 

E o termo não é usado unicamente para se referir a contagens sequenciais e ininterruptas de sete dias, mas também de anos. E assim como nós descansamos a cada sete dias ininterruptos, a terra também deveria descansar a cada sete anos ininterruptos:

 

Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: quando tiverdes entrado na terra, que eu vos dou, então a terra descansará um Shabat a YHWH. Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos; porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um Shabat a YHWH; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha... Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.” (Levítico 25:2-4,8)

 

Como você pode perceber, o Shabat que temos atualmente é muito bem fundamentado não apenas biblicamente, mas também historicamente, de modo que não há nenhuma dúvida quanto à sua data ou origem. É possível traçá-lo historicamente até os tempos de Yeshua, o Senhor do Shabat, sem qualquer dúvida quanto à sua frequência.

 



Em minha experiência, o Shabat é o elemento mais delicado da observância da torá de Yeshua e, portanto, de toda a Teshuvá. Muitos dos que observam o Shabat há anos, como é o meu caso, puderam já observar que o Shabat é aquele passo de compromisso que por muitas vezes espelha toda a atitude da pessoa no que diz respeito à fé.

 

Geralmente, o Shabat é um dos pontos que mais serve de termômetro para o compromisso de alguém com relação a viver uma fé bíblica. Pessoas cujo compromisso não está firme provavelmente não conseguirão dar esse passo, ou talvez adotem uma postura “light” com relação ao Shabat, adotando-o não como estilo de vida, mas simplesmente como “dia de ir à congregação”. Refiro me aqui a quem não consegue se comprometer, e não àqueles que se veem forçados a trabalhar no Shabat porque ainda não têm uma alternativa.

 

E com a infinidade de materiais teológicos defendendo a posição romana, é preciso muni-los com uma visão clara das Escrituras sobre o Shabat. Dificilmente conseguirá dar um passo tão grande alguém que não tenha muito claro para si a importância e a solidez do Shabat nas Escrituras.

 

E antes de discutirmos o que fazer no Shabat, como guardá-lo, é preciso que esteja clara a instituição, a importância e a permanência do Shabat como sinal para o povo do eterno. Sem isso, não há esperança de uma observância sólida e duradoura.

 

Ter solidez no conhecimento sobre a importância do Shabat fará muita diferença na seriedade de seu compromisso, enquanto sinal da aliança com o ETERNO.

 

Francisco Adriano Germano

Compilação de diversas fontes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A INCOERÊNCIA TEOLÓGICA

    Dias atrás estava conversando com alguns evangélicos e sobre o porquê de seguirem aquilo que seguem. Por exemplo: a mulher não poder usar calça, o crente não poder fazer tatuagens, dentre outras coisas.   Quando questionados, claramente em alto e bom som, a maioria fala que não! Retruquei com um simples por quê? Um respondeu: - "Acho que pode sim, não vejo problema algum!"   Outro contrariando, falou: - "O pastor diz que a mulher não pode usar calça e pronto!"   E outro complementou: - "O pastor disse, mas eu não vejo nada na Bíblia que fala de mulher não poder usar calça!"   Um mais ferrenho disse: - "Isto é doutrina, então deve ser seguido!"   Aí perguntei: - "Doutrina? Baseada em que? Por acaso está na Bíblia?"   Recebi uma resposta: - "Tem sim! Na Bíblia, numa parte fala que a mulher não pode usar roupa de homem, e homem não pode usar roupa de mulher!"   Está aí a resposta, ent

EM QUE DIA MORREU YESHUA: SEXTA OU QUARTA-FEIRA?

    É verdade que Yeshua (Jesus) ressuscitou no domingo de manhã? Alguns advogam que o domingo se tornou o dia de guarda, baseados nesta ideia. Seria isto verdade? É certo considerar parte de um dia, como sendo 24 horas?   O MASHIACH E O SINAL DE JONAS   Sem levar em conta a história de Jonas, não haveria prova positiva com a qual refutar o protesto de que o Mashiach (Messias) da Bíblia era um impostor; porque Ele mesmo disse para alguns incrédulos escribas e fariseus, os quais duvidaram de sua verdadeira identidade, embora o tenham visto fazer milagres, que não seria dado outro sinal além daquele de Jonas, para justificar a sua afirmação messiânica.   Então alguns escribas e fariseus lhe disseram: Mestre, gostaríamos de ver da tua parte algum sinal. E Ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas. Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do home

FÉ NO FUTURO

    Alguma medida do radicalismo que é introduzido no mundo pela história do Êxodo pode ser vista na tradução errada das três palavras-chave com as quais Elohim Se identificou a Moisés na Sarça Ardente.   A princípio, Ele se descreveu assim:   “Eu sou o Elohim de teu pai, o Elohim de Abraão, o Elohim de Isaque e o Elohim de Jacó” .   Mas então, depois que Moisés ouviu a missão para a qual seria enviado, ele disse a Elohim:   “ Suponha que eu vá aos israelitas e lhes diga: 'O Elohim de seus pais me enviou a vocês', e eles me perguntam: 'Qual é o nome dele?' Então o que devo dizer a eles? Foi então que Elohim respondeu, enigmaticamente, Ehyeh Asher Ehyeh (Ex. 3:14).   Isto foi traduzido para o grego como ego eimi ho on , e para o latim como ego sum qui sum , significando 'Eu sou quem sou', ou 'Eu sou Aquele que é'. Todos os teólogos cristãos primitivos e medievais entenderam que a frase falava de ontologia, a natureza metafísica da e