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O AMOR BÍBLICO

 


É muito comum ouvirmos das pessoas sobre assuntos relacionados as Sagradas Escrituras, que devemos proceder de acordo com aquilo que acreditamos, ou seja, sermos coerentes com os princípios estabelecidos pela Torah. Este pensamento está correto e alinhado com o que lemos em Tiago 1:22:

 

E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

 

Mas afinal de contas, o que é que a Torah nos pede para cumprir? Qual a essência de cumprir Torah? Qual a finalidade da Torah?

 

Pois bem, sabemos que a emunah (fé) salva (Atos 15:11), e que a Torah santifica (Levítico 12:44,19:2) e que sem santificação, ninguém verá a ADONAI (Hebreus 12:14).

 

Tendo isso bem claro, as Sagradas Escrituras fazem nos saber ainda que, seu autor (YHWH) é amor, justiça e juízo. Ele deseja que tenhamos em nosso viver os seus atributos de santidade, conforme as citações acima. Prosseguindo:

 

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

(1 Coríntios 13:13)

 

Ao longo das Escrituras, veremos vários e vários passukim/versiculos, fazendo citações e alusões acerca deste atributo (amor) do Criador dos céus e da terra, e este é um pequeno resumo que busca com base nas Sagradas Escrituras, entender o que é, e qual a finalidade de termos esse importante atributo chamado amor.

 

Para começarmos, vamos deixar que as Escrituras nos informem o que é amor e nos diga ainda quais são os seus atributos, pois nos interessa aqui saber sobre o verdadeiro e único amor, que é o bíblico. Vejamos:

 

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. (1 Coríntios 13:1-13)

 

Parece óbvio, mas NÃO HÁ NADA de negativo dentre aquilo que compõem a essência do verdadeiro amor, bem como NADA de emocionalismo.

 

Pare por um momento e reflita em cada um dos componentes do amor referenciado na passagem acima de Coríntios e seu real sentido.

 

Temos sofrido? Qual é o tipo de sofrimento? Temos sido benignos a cada segundo de nossas vidas com as pessoas, lembrado que ADONAI não faz acepção? Invejamos o nosso próximo? Estamos irritando nos facilmente com nossos familiares ou com outras pessoas? Temos sido pessoas mansas, calmas? O que tem saído de nossos lábios são palavras ásperas, com teor de ódio, ironia? Temos sido misericordiosos ou somos rápidos para julgar e sentenciar o nosso semelhante? (lembrando que devemos reprovar sim o ato pecaminoso). Como temos agido desde o momento em que ADONAI nos permite levantar da cama?

 

Diante das circunstâncias acima, em qual delas podemos praticar o amor e todos os seus atributos? Meditemos quantas vezes forem necessárias e de preferência todos os dias, e nos perguntarmos se temos praticado aquilo que cremos.

 

Agora, olhemos para outro texto que nos ajudará no entendimento deste assunto importantíssimo:

 

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor. (Romanos 13:8-10)

 

Aqui percebemos novamente que Sha’ul/Paulo, portador da Ruach HaKodesh/Espírito de Santidade, se preocupa em não deixar dúvidas sobre como devemos andar no verdadeiro amor. Repare ainda que se você não ama, você não está cumprindo a Torah!  A Lei e o amor estão intrinsecamente ligados.

 

Não nos deixemos enganar, achando que só porque estamos usando tzit-tzit, guardando o shabat, comemorando os moedim/tempos apontados por ADONAI, comendo alimentos bíblicos, falando hebraico etc., você está agindo conforme a Torah em sua plenitude. Pois se não tiver amor bíblico, tudo isso terá sido em vão, conforme prescreve Tiago 2:10:

 

Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.

 

Em Gálatas 5:19-26 há mais alguns pontos interessantes para o nosso entendimento e reflexão:

 

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

 

Pode-se notar, de forma muito explícita, o antagonismo daquele que está na carne do outro que está na Ruach/Espírito. Observe que Sha’ul/Paulo ao detalhar as obras da Ruach inicia com o amor. Coincidência? NÃO!

 

Veja também que os demais atributos da Ruach, nada mais são do que os mesmos atributos do amor que observamos em 1 Coríntios 13. Estamos no espírito ou na carne?

 

Quando vivemos em obediência, somos espirituais e consequentemente amamos e anulamos a raiva, o ódio, a ira, a inveja e o mau em todos os sentidos em nosso coração:

 

Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Elohim; e qualquer que ama é nascido de Elohim e conhece a Elohim. Aquele que não ama não conhece a Elohim; porque Elohim é amor. (1 João 4:7,8)

 

Para finalizar vejamos o que Kefa/Pedro nos diz:

 

E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Yeshua HaMashiach. (2 Pedro 1:5-8)

 

Agindo com amor (bíblico) as pessoas verão Yeshua em nós e:

 

Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mateus 5:16)

 

Observemos quantas coisas são produzidas quando PRATICAMOS O AMOR! Também podemos entender que, quando agimos com amor (bíblico), anulamos todos os ardis de HaSatan e suas hostes.

 

 

Por Yochanan Ben Efraym

 

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