O Monte do Templo é sem sombra de dúvidas a área mais
conflituosa do mundo. Judeus, Cristãos e Muçulmanos veem este lugar como o
centro de sua religião.
E a Porta Dourada ou em hebraico Sha'ar HaRachamim
(Porta da Misericórdia) é o centro desse conflito. Esse portão foi fechado em
2003 por uma ordem judicial israelense, a fim de protegê-lo de escavações
ilegais ou de ser usado por grupos terroristas afilhados ao Hamas. Porém, em 14
de fevereiro de 2019, o Waqf islâmico de Jerusalém, uma organização
muçulmana jordaniana, que recebeu o controle administrativo do Monte do Templo
após a Guerra dos Seis Dias em 1967, abriu a área para orações muçulmanas. No
entanto, o portão em si ainda permanece selado.
O governo israelense tentou fechar novamente a estrutura,
mas os políticos continuam a apoiar o Waqf islâmico e, embora o governo rejeite
qualquer proposta para transformar a estrutura em outra mesquita no Monte, a
comunidade muçulmana gostaria de transformar o portão em um salão de orações ou
em um Instituto Islâmico de aprendizagem. Essa é a situação atual e pano de
fundo da batalha pela Porta Dourada.
Esta não é uma batalha que começou quando Israel se tornou
uma nação novamente, mas é uma batalha que já dura séculos. Muitos diriam que
esta não é apenas uma batalha física, mas também uma batalha espiritual.
Por que o portão é tão importante? Por que foi selado duas
vezes e por que há um cemitério em frente a ele?
Nesse artigo tentaremos responder a todas essas perguntas,
além de fornecer um bom campo lógico de contexto histórico e arqueológico para a
Porta Dourada.
Então vamos começar com a cidade velha de Jerusalém, que era
cercada por um grande muro onde havia oito portões principais. O portão mais
antigo é justamente a Porta Dourada. Quando foi criada dava acesso direto ao
que seria a área do Templo judaico, pois é o local mais próximo possível do
local mais sagrado. Em 1969, o arqueólogo Dr. James Fleming descobriu um arco
que está localizado diretamente abaixo do atual Portão.
A Porta Dourada foi fechada primeiramente em 810 pelos
mulçumanos e reaberta em 1102 pelos Cruzados e então fechada novamente por
Saladino, o primeiro Sultão do Egito e da Síria. O sultão otomano Suleiman o reconstruiu junto com as muralhas da cidade, mas o murou em
1541, e assim permanece até hoje.
O estilo arquitetônico do portão é do século dezesseis, constituído
de uma entrada dupla selada. Embora a face do portão seja recente, há uma forte
evidência de que este portão esteja sobre os restos do antigo portão construído
pelos judeus do período monárquico o qual levava ao primeiro templo construído
pelo rei Salomão.
Arqueólogos encontraram restos físicos de alvenaria da
época do primeiro templo visíveis ao redor e dentro da Porta Dourada. Foram
encontradas colunas originais do portão que apoiavam a entrada do templo, assim
como em torno do portão também é possível ver pedras que datam do mesmo período.
Na época do Segundo Templo, a Porta Dourada era chamada de
Portão dos Engraxates ou Portão Oriental. Segundo a tradição judaica, se diz
que os judeus que retornaram do exílio na Babilônia esculpiram nesse portão a
imagem do palácio real da capital do Império Persa em Susã como forma de
agradecimento aos reis da Pérsia por ajudá-los a reconstruir o Templo e, mais
tarde, Jerusalém.
Por que estamos falando sobre este portão? Por que é tão
importante? Na verdade, esta estrutura incrível causa arrepios enquanto imaginamos
os eventos futuros que muitos acreditam que poderiam acontecer em frente ao Portão
Dourado no Monte das Oliveiras.
Em uma perspectiva islâmica, ensina-se que no Dia do Juízo
os muçulmanos justos ingressarão na vida eterna por meio da Porta Dourada, no
Monte do Templo. Porém, existe um outro motivo bastante forte para que os
árabes ocupem o local: querem a todo o custo evitar que o Messias entre pela Porta
Dourada como as Escrituras ensinam. Isso explica por que há uma batalha pela
Porta Dourada ao longo dos séculos.
Sob o controle otomano foi construído um cemitério mulçumano
em frente a Porta, com a finalidade de obstruir o trânsito dos sacerdotes, dado
a proibição existente nas Escrituras e à qual é de conhecimento dos mulçumanos.
No entanto, todos os problemas criados pelos muçulmanos para impedir que o
Messias entre pela Porta Dourada é vão, de acordo com as Escrituras. O Messias
pode purificar as coisas imundas e para ele isso não será nenhum problema.
Do portão também se pode ver um enorme cemitério judeu no
outro lado do vale, no qual todo judeu religioso quer ser enterrado. De acordo com as Escrituras será aqui, no
Monte das Oliveiras, que o Messias virá para estabelecer seu Reino Eterno. A
necessidade de ser enterrado no Monte das Oliveiras está ligada a uma antiga
profecia de Zacarias que prediz que o Messias chegará e estará no Monte das
Oliveiras:
E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das
Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das
Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um
vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade
dele para o sul. (Zacarias 14:4)
Quando o Messias vier segundo a interpretação rabínica,
haverá uma ressurreição dos justos e daqueles que foram sepultados no Monte das
Oliveiras, os quais verão o Messias primeiro. Não é de se admirar que este
lugar tenha um custo de milhões de dólares para aqueles que queiram ter seus
corpos enterrados.
Além disso, muitos interpretam, de acordo com Ezequiel, que
após o Messias descer no Monte das Oliveiras, ele entrará no templo através da
Porta Dourada:
Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do
santuário, que olha para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me YHWH:
Esta porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque YHWH,
o Elohim de Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada. Quanto ao
príncipe, por ser príncipe, se assentará nela para sempre, para comer o pão
diante de YHWH; pelo caminho do vestíbulo da porta entrará e por esse mesmo
caminho sairá. (Ezequiel 44:1-3)
O profeta Ezequiel também escreve que a glória do ETERNO
irá reentrar no templo através do Porta Dourada nos dias finais:
Então me levou à porta, à porta que olha para o caminho do
oriente. E eis que a glória do Elohim de Israel vinha do caminho do oriente; e
a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da
sua glória. E o aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera
quando vim destruir a cidade; e eram as visões como as que tive junto ao rio
Quebar; e caí sobre o meu rosto. E a glória de YHWH entrou na casa pelo caminho
da porta, cuja face está para o lado do oriente. E levantou-me o Espírito, e me
levou ao átrio interior; e eis que a glória de YHWH encheu a casa. (Ezequiel
43:1-5)
Entretanto, este portão não é importante apenas por causa
dos eventos futuros que o cercam, mas também por causa do significado no
passado. Elohim tem usado a Porta Dourada em seu grande plano de expiação e redenção,
como com o ritual do bode expiatório em Yom Kippur, o Dia da Expiação,
quando os sacerdotes realizavam rituais de purificação no Monte das Oliveiras.
A Porta Dourada era usada no dia mais sagrado do ano
judaico. O Dia da Expiação consistia em um dia para afligir a alma de toda a
nação de Israel, a fim de obter a expiação pelo pecado.
De acordo com as Escrituras Hebraicas, dois bodes eram
adquiridos. Enquanto um desses bodes, ao qual caiu a sorte era sacrificado no
altar do Templo, para fazer expiação pelo lugar sagrado, o outro era enviado
vivo ao deserto através da Porta Dourada, não antes do Sumo Sacerdote colocar
as mãos sobre a cabeça do animal e confessar toda a transgressão da nação. Esse
bode era conduzido pela passarela que havia sobre o vale do Cedron para o Monte
das Oliveira e depois para o deserto da Judéia, para um penhasco onde o animal
era lançado.
Devemos lembrar também que esta porta é igualmente importante
para os seguidores do Messias, de acordo com o ensino da Brit Chadashá (Novo
Testamento). Acredita-se que Yeshua entrou por esta porta para inaugurar a
expiação da Nova Aliança pelos pecados do seu povo:
Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de
Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado
sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta. (Zacarias 9:9)
Na famosa passagem em que Yeshua desce pelo Monte das Oliveiras e entra em Jerusalém, no mesmo dia em que cordeiros da Páscoa estavam sendo selecionados para serem sacrificados dias depois, de acordo com a narrativa das Escrituras, algumas pessoas não haviam entendido que, mas agitando ramos de palmeira e gritando Hoshi’ana, eles haviam escolhido Yeshua como seu bode expiatório e Cordeiro de Elohim que tira os pecados do mundo. Apenas quatro dias depois, ele levaria todos os seus pecados em uma execução na cruz, para cumprimento da profecia relatada em Isaías 53.
Autor desconhecido
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