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YOM KIPPUR - DIA DA EXPIAÇÃO

 


Nas Escrituras o Yom Kippur é conhecido de três formas: Dia da Expiação, Dia do Juízo e Shabat Shabaton (Sábado dos sábados). Yom Kippur ocorre ao décimo dia do sétimo mês. É um dia sagrado que YHWH diz ser “estatuto perpétuo”.

 

O Yom Kippur é um dia em que YHWH julga os pecados da nação de Israel, e provê expiação. O Yom Kippur também é conhecido como “Dia da Redenção.”

 

Desde os tempos do Mishkan (Tabernáculo), o Yom Kippur reflete a transferência do pecado. O pecado era transferido do povo para o bode expiatório (daí nasceu, inclusive, a expressão no popular), o qual morria. Ao morrer, tomando sobre si os pecados do povo, promovia expiação por eles.

 

Sacrifícios Diários x Yom Kippur

 

O sistema sacrificial da Torah previa dois momentos: um primeiro que eram os sacrifícios diários, semanais e mensais. O segundo era o sacrifício de Kippur. Isto mostra que os sacrifícios regulares não eram suficientes para fazer a expiação. Isso porque os sacrifícios diários eram considerados um ato do povo para com YHWH, onde ficava explícito o arrependimento e o desejo do povo de fazer Teshuvá. O sacrifício de Kippur representava o ato de YHWH para com o povo, provendo efetiva expiação.

 

O sacrifício que Yeshua cumpriu foi justamente o sacrifício de Kippur. Até porque os sacrifícios diários não traziam efetiva e plena expiação, eram incompletos até o Yom Kippur. Contudo, resta para nós o sacrifício diário de um coração arrependido e desejoso de não mais pecar.

 

O Mashiach e o Yom Kippur

 

Como sabemos, o objetivo principal da vinda de Yeshua foi o seu sacrifício voluntário em prol da restauração de Israel. Como também é de nosso conhecimento, boa parte do simbolismo da Torah aponta para Ele. Vejamos aqui um paralelo impressionante entre o ritual do Dia da Expiação e a vida do Messias na terra:

 

- O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) iniciava sua obra expiatória passando pelo mikveh, um banho ritual. Da mesma forma, Yeshua inicia sua obra com um mikveh realizado por Yochanan o Imersor (João Batista), o qual vinha no poder e autoridade de Eliyahu HaNavi (o profeta Elias);

 

- O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) deixava de lado suas vestes pomposas para vestir apenas uma simples roupa de linho. Da mesma forma, Yeshua como YHWH que “se fez sem reputação” (Filipenses 2.7), deixou de lado sua glória celestial para expiar nossos pecados;

 

- O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) precisava primeiro fazer seu próprio sacrifício, pois para ser um mediador entre Elohim e o povo, precisava estar sem mácula. Da mesma forma, Yeshua para ser mediador entre nós e YHWH, viveu uma vida de perfeita obediência à Tora;

 

- O bode carregava os pecados do povo para longe. Yeshua, da mesma forma, carregou nossos pecados e os lançou no mar do esquecimento;

 

- Após este ritual, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) deixava as roupas simples e voltava a vestir suas roupas pomposas. Após Seu sacrifício, YHWH abandonou o corpo físico, e retornou à Sua glória celestial.

 

As Diferenças

 

Existem, contudo algumas diferenças entre o sacrifício levítico e o sacrifício de Yeshua:

 

- O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) era cohen (sacerdote) segundo a ordem de Levi, uma ordem cuja autoridade se limita a este mundo e este século. Yeshua HaMashiach é Malki Tsedek (Melquisedeque), Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) segundo uma ordem celestial eterna e irrevogável, à qual até mesmo Levi, ainda no lombo de Avraham Avinu (Abraão nosso pai) se submeteu;

 

- O sacrifício feito pelo Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) levita era um sacrifício de um animal temporal, e por isto precisava ser repetido anualmente. Yeshua como YHWH em carne é atemporal, portanto, seu sacrifício está acima do tempo e é válido por toda a eternidade;

 

- O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) entrava no Lugar Santíssimo terreno, e apenas uma vez ao ano. Yeshua entrou no Lugar Santíssimo do Templo Celeste, a Sala do Trono de YHWH, de forma permanente;

 

- O véu do Lugar Santíssimo, que só poderia ser atravessado uma vez ao ano, indicava que o acesso a YHWH ainda era restritivo. Quando Yeshua se entregou, o véu do Lugar Santíssimo do segundo Beit HaMikdash (Templo) se rasgou, indicando que em Yeshua o acesso de Israel a YHWH agora é em caráter permanente;

 

O Ritual dos Bodes

 

O ritual dos dois bodes no Yom Kippur (dia da expiação) é mencionado pela Torah. A tradição judaica nos descreve este ritual, dando detalhes interessantíssimos: Dois bodes eram escolhidos, semelhantes em aparência, altura, custo, e momento de seleção, para que não houvesse diferença entre eles:

 

Colocando um à sua direita e outro à sua esquerda (vide Rashi em Yoma 39a), o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), que era auxiliado neste ritual por dois subordinados, colocava suas duas mãos em uma caixa de madeira, e retirava duas plaquinhas, uma que dizia “para YHWH” e outra que dizia “para Azazel”.

 

O Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) então colocava suas mãos com as placas sobre os dois bodes e dizia “uma oferta de pecado para YHWH”, e os dois homens após ele diziam “Bendito o nome do seu glorioso reino para sempre” (que é recitado hoje em dia em voz baixa após o Shemá), ele então amarrava um cordão de lã vermelha na cabeça do bode que era “para Azazel” e, ao colocar ambas as mãos novamente sobre o bode, recitava a seguinte oração de confissão de pecados e pedido de perdão:

 

Oh YHWH, eu agi de forma iníqua, transgredi, e pequei perante Ti: eu, minha casa, e os filhos de Aharon – teus santos. Oh YHWH, perdoa as iniquidades que eu, minha casa, e os filhos de Aharon – seu povo santo – cometeram perante ti, como está escrito na Torah de Moshé, teu servo, ‘pois neste dia Ele vos perdoará, e vos limpará de todos os seus pecados perante YHWH; e sereis limpos.

 

Esta oração era respondida pela congregação presente. Um homem era escolhido, de preferência um cohen (sacerdote), para levar o bode ao precipício no deserto, e era acompanhado em parte do caminho pelos homens mais proeminentes da comunidade.

 

Quando chegava ao precipício, ele dividia o cordão vermelho em duas partes, uma das quais era amarrada à pedra e outra era amarrada aos chifres do bode, e então o bode era empurrado do precipício (Yoma 6:18).

 

O costume do cordão vermelho era um costume posterior, surgido na época do Segundo Templo, numa alusão simbólica a Yeshayahu (Isaías) 1:8. Segundo a tradição judaica, no minuto em que o bode era jogado do precipício ele se tornava branco. Isto era um sinal de que os pecados do povo haviam sido perdoados. Nas épocas em que o estado espiritual de Israel não estava bom, o cordão não se tornava branco. (Extraído da “Enciclopédia Judaica”).

 

O Bode e o Precipício

 

Por que se jogaria um bode do precipício?

 

A resposta está no simbolismo do ato. Neste ritual, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) transferia os pecados para o bode de Azazel. Agora repare no percurso do bode: ele se afastava de Yerushalayim (Jerusalém), da morada de YHWH, até ter seu trágico fim no precipício. O bode representava alguém que estava carregando os pecados.

 

O percurso representa o afastamento de YHWH, e o precipício/abismo sempre foi simbólico do julgamento.

 

Este ritual demonstrava claramente para o povo uma profunda realidade espiritual: se carregarmos os nossos pecados, iremos nos afastar cada vez mais de YHWH, até termos o nosso fim no Dia do Julgamento. Para que o povo não tivesse este trágico fim, era realizado um ato expiatório em favor do povo. Somente através do Kippur (cobertura) do sangue do sacrifício, o povo poderia ser purificado.

 

O Yom Kippur na atualidade

 

Como vimos, o Yom Kippur é um estatuto perpétuo. Mas, se o sacrifício de Kippur realizado em Yeshua HaMashiach tem validade perpétua, isto é, não precisa ser feito anualmente ao contrário do sacrifício dos animais, então como fica a questão da celebração atual?

 

Na realidade, o sacrifício era apenas parte do Yom Kippur, mas não se limitava a ele. Ainda temos todo o motivo por trás da solenidade bíblica.

 

A Torah diz que no Yom Kippur devemos “afligir nossas almas” (Lev. 16:29)

 

Mas, o que significa “afligir a alma”?

 

Essa expressão hebraica significa jejuar. A alma (nefesh) é na realidade o ser vivente, a junção do espírito com o corpo. Ao se abster do alimento, a pessoa “aflige a alma”, pois o ser vivente precisa do alimento para a vida.

 

Exemplos da expressão “afligir a alma” como um eufemismo do jejum podem ser encontrados nas próprias Escrituras:

 

Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, as minhas vestes eram o saco; afligia a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio. (Sl. 35:13)

 

Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho. (Is. 58:3)

 

Os Tipos de Jejum

 

Todos os israelitas adultos (meninos acima dos 13 e meninas acima dos 12) devem jejuar no Yom Kippur, como forma de cumprimento da mitsvá (mandamento).

 

Recomenda se que a pessoa faça o máximo que puder, porém respeitando o seu limite físico. Há pessoas que não aguentam fisicamente o jejum completo. Tais pessoas podem fazer o jejum parcial.

 

Pessoas mais idosas, pessoas que tomam medicamentos ou com problemas de pressão podem fazer o jejum de forma a respeitar os limites do corpo, manifestando assim perante YHWH o seu desejo de afligir sua alma.

 

Se uma pessoa perceber que não aguentará o jejum em questão, não deve insistir. A pessoa deve então buscar um nível mais leve de jejum. Se a pessoa começar a passar mal, deve quebrar o jejum sem qualquer restrição ou preocupação, pois mais importante é a vida e a saúde do que o jejum.

 

Antes de fazer qualquer jejum (especialmente um jejum longo como o de Kippur), recomenda se que a pessoa faça uma avaliação médica e manifeste ao médico o seu desejo de jejuar, e obtenha do médico as recomendações cabíveis. Se o médico proibir a pessoa de realizar algum tipo de jejum, ou mesmo qualquer tipo de jejum, por razões de saúde, então a pessoa está livre de participar.

 

O Ritual de Yom Kippur

 

O Yom Kippur não é um dia de júbilo, mas sim de contrição e de reflexão. Devemos nos humilhar perante YHWH, buscando o perdão dos nossos pecados. Devemos também reconhecer que a nossa expiação não veio de graça. YHWH Yeshua precisou sofrer uma morte horrível por causa das nossas transgressões.

 

O Yom Kippur não só é considerado um Shabat, como é chamado de Shabat Shabaton. Dada a sua implicação e circunstância, é considerada transgressão gravíssima trabalhar no Yom Kippur. Devemos também nos abster de entretenimentos, lembrando que esse é um dia de aflição. O Yom Kippur também é um dia de santa convocação, onde a kehilá deve se reunir para juntos buscarem o perdão de YHWH.

 

Em termos da tradição judaica, o serviço de Yom Kippur possui três partes essenciais: o Kol Nidrei é uma oração onde pedimos perdão e anulação de todos os votos que fizemos perante YHWH e que quebramos. As orações de Ashamnu e Al Cheit são confissões dos nossos pecados, tanto enquanto povo quanto individuais. Já a Neilá é a conclusão do Yom Kippur, na qual temos a última oportunidade de nos arrependermos de nossos pecados no Yom Kippur daquele ano, bem como simboliza a conclusão do juízo de YHWH.


Autor Desconhecido

Comentários

  1. Olá,
    Você considera que devemos celebrar Sucot na próxima terça-feira, de acordo com o calendário rabínico, ou na quarta-feira, de acordo com a contagem da lua nova?

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    1. Shalom!

      Na série "O Calendário a Luz das Escrituras Sagradas", poderá constatar que os rabinos alteraram a contagem do calendário para permitir que as suas tradições pudessem ser realizadas sem inconvenientes que eles mesmos criaram. E se o calendário judaico atual está adulterado pelos rabinos para satisfazer a tradição, ele deve ser descartado. Deixarei o link desses vídeos (https://www.youtube.com/playlist?list=PLma3LiRk_Qragmq8Ne8m1Odzrz2li_DSE)

      Mas respondendo objetivamente a sua pergunta, as datas da próxima solenidade - Sukot - para o ano de 2021, ocorrerão de 22 a 28 de setembro. E no dia 29, será celebrado o Shemini Atseret - o Oitavo dia de Sukot.

      Que o ETERNO te abençoe!

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    2. Obg pela resposta! Seria bom ter reuniões via zoom, talvez, nesses dias. Não fazem isso certo?

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    3. Shabat Shalom!

      O objetivo do blog é servir de suporte para aqueles que estão recebendo a revelação de Yeshua HaMashiach, através de estudos e mensagens. Possuímos outras redes sociais como WhatsApp e Telegram, que podem ser acessados pelos botões no rodapé da página, bem como o canal do YouTube Caminho de YHWH.

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  2. Olá,
    Você considera que devemos celebrar Sucot na próxima terça-feira, de acordo com o calendário rabínico, ou na quarta-feira, de acordo com a contagem da lua nova? Obg.

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