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QUANDO YESHUA ELIMINOU A KASHRUT DA TORAH?

  


O termo hebraico kashrut se refere simplesmente as leis dietéticas da Torah, ou seja, ao plano de YHWH de separação entre os animais impuros dos animais limpos.

 

Estas instruções dietéticas, elencadas em Levítico capítulo 11 foram desenhadas por YHWH com o fim de refletir Sua Santidade, ser um distintivo de obediência em meio a uma geração perversa, assim como a proteger o Seu povo das enfermidades que as nações pagãs estavam contraindo devido a sua maneira de se alimentar.

 

A Kashrut também é um dos sinais existentes na congregação escatológica, à qual tem sido chamada para viver em obediência a YHWH, mediante uma santidade pessoal e prática.

 

Posto que muitos dos chamados “pais da igreja” ensinaram e hoje seus discípulos ainda continuam ensinando que “a Igreja” tem substituído Israel quanto às promessas e os propósitos, uma progressão natural desta falsa premissa tem sido que se manter kasher é um legalismo judaico.

 

Se crermos que Israel tem sido substituído (como se ensina falsamente) também haverá sucedido o mesmo com relação as leis dietéticas e suas instruções. No entanto, como não tardaremos em descobrir, não se ensina nada com este estilo na Sagrada Escritura, nem nas Escrituras do “Novo” Pacto algo que se pareça remotamente!

 

A VISÃO DE PEDRO

 

Em Atos capítulo 10, encontramos um relato de YHWH dando instruções a Shimon Kefah (Pedro) dizendo que mate e coma uma seleção de animais que evidentemente não eram kasher (versículos 12 e 13). Pedro recebe estas instruções em uma visão, depois de um período de intensa oração. YHWH disse a Pedro, no versículo 15, que nada do que Ele tenha limpado é impuro ou treif [1].

 

Se parássemos aqui com tudo o que se ensinou na maior parte do Cristianismo durante os últimos 2000 anos, então estaria bem que chegássemos, falsamente, a conclusão de que YHWH estava invertendo as instruções dadas em Levítico 11. Porém, se estamos dispostos a seguir adiante, estudando o tema, daremos conta de que no versículo 28 do mesmo capítulo, Kefah (Pedro) mesmo oferece a interpretação e midrash sobre sua própria visão.

 

Ele afirma, com toda claridade, que o único propósito da visão celestial que foi recebida sobre o telhado da casa de Shimon o curtidor, teria o objetivo de lhe mostrar que quando YHWH começa a limpar aos que não são judeus, por meio da fé e graças a Sua obra de expiação no madeiro, os judeus não têm o direito de se referir aos que não são judeus e aos efraimitas como cachorros sarnosos! E que a partir deste momento, devem ser aceitos no reino como mishpacha, ou seja, como co-herdeiros do dom da vida eterna. No versículo 28 Pedro afirma:

 

YHWH tem mostrado que não devo chamar a nenhum homem comum ou impuro.

 

Observa-se que YHWH repreendeu a Kefah por sua maneira corrente e rabínica tradicional de pensar, a qual se ensinava que os que não eram israelitas eram sujos, e que todos os israelitas deviam se afastar para não serem postos sob influência dos que não eram israelitas, a menos que o estrangeiro estivesse disposto a se unir ao povo de Israel por meio do cumprimento da Torah.

 

E para que Shimon Kefah pudesse visitar a casa de um centurião romano chamado Cornélio, a fim de pregar o Evangelho do amor e do perdão a outras nações, era necessário que seu coração, sua mente e seu entendimento estivessem preparados para receber o plano de YHWH que lhe seria revelado.

 

E Kefah percebeu o plano de imediato e, recebido os três homens que o conduziu a casa de Cornélio, obteve como resultado que toda a família fosse salva e inclusive fossem selados com a mesma Ruach HaKodesh (Espírito de Santidade) que havia sido dada com os 120 talmidim israelitas no Shavuot do ano 33, no Beit HaMikdash (Templo).

 

Da mesma forma vem acontecendo com uma grande parte dos ensinos relacionados com estes versículos, que têm sidos interpretados de forma equivocada, ao longo dos séculos. YHWH não estava, de modo algum, abolindo as leis de kashrut para o povo de Israel do “Novo” Pacto. Pelo contrário, estava fazendo uma mudança de atitudes a respeito das outras nações, que deixariam de ser impuras, uma vez que haviam sido purificadas pela fé no sangue purificador do Mashiach!

 

É preciso que nos perguntemos, com sinceridade, no porquê de o Cristianismo crer na ideia de que YHWH era inconsequente e que se sentia confuso, para querer mudar as instruções dietéticas que Ele mesmo havia dado!

 

Isso é uma grande tolice e o resultado do pensamento equivocado dos teólogos da substituição e dos dispensacionalistas, que colocaram uma venda sobre seus olhos. A fim de crer em uma entidade separada de Israel do “Novo” Pacto, que se manteria kasher, estas pessoas inventaram um regime alimentício diferente e um menu para seu próprio sistema eclesiástico!

 

O CONCÍLIO DE JERUSALÉM

 

Em Atos capítulo 15, podemos ler com toda claridade e exatidão o que verdadeiramente ensina a Brit Chadashah acerca da kashrut.

 

Depois de haver reunido o concilio de Jerusalém para determinar se os crentes que não eram judeus e que REGRESSAVAM DENTRE AS NAÇÕES estavam obrigados a guardar as 613 mitzvot (mandamentos) da Torah, encontramos sua decisão nos versículos 28 e 29 de Atos 15. A Ruach HaKodesh havia revelado aos anciões Israelitas do Caminho, que só quatro breves e simples partes da Torah eram INICIALMENTE obrigatórias para os crentes que não eram judeus, e que vinham a formar parte da família de YHWH por meio da graça que é pela fé.

 

Desses quatro requisitos da “mini-Torah”, dois consistiam em leis dietéticas: evitar o que procedia de estrangulamento, assim como evitar comer carnes com seu sangue. Esta era uma maneira simples de ajudar-lhes a começar um estilo de vida TOTALMENTE observante da Torah, posto que Ya'akov determinou que seria preciso que houvesse mais ensinamentos da Torah em suas cidades locais, de onde procediam originalmente (Atos 15:21).

 

Essa é a maneira simples de fazer que as leis dietéticas de Levítico 11 fossem obrigatórias para todos os crentes da Brit Chadashah. Na prática bíblica, os animais puros não eram nunca estrangulados como se acostumavam a fazer os pagãos, senão que eles cortavam o pescoço para que a morte do animal fosse uma morte rápida e sem dor. A prática bíblica manda repetidamente, em toda a Torah, que o sangue que resulta da morte sem dor do animal deve ser derramado sobre a terra.

 

Vemos, portanto, que as instruções da kashrut, não somente não tem sido eliminada ou anulada pelo Mashiach do povo de Israel, senão que graças a Ruach HaKodesh, em Atos 15:28-29, YHWH amplia estas mitzvot para que sejam obrigatórias para todos os crentes que não são judeus, procedentes de todas as nações! É isto o que lhe ensina seu pastor? Por que não o faz? A Bíblia sim o ensina!

 

Se você está decidido a buscar a YHWH com todo seu coração, porque você não pergunta a seu dirigente espiritual que lhe explique o motivo pelo qual não está sendo ensinado a kashrut ao rebanho de sua congregação. Possivelmente você ficará surpreendido com algumas das respostas, totalmente contrarias a Bíblia. Permita-me que eu lhe pergunte agora, baseado no que diz em Atos 15: a kashrut foi eliminada do “Novo” Pacto?

 

A CARTA DE PAULO AOS COLOSSENSES

 

Há uma outra passagem das Escrituras que os dirigentes cristãos gostam de torcer e que se encontra em Colossenses capítulo 2, versículos 14 a 22. Se supormos que no versículo 14 Sha'ul (Paulo) estaria ensinando que Yeshua cravou o cumprimento da Torah no madeiro, Sha'ul estaria contradizendo totalmente o que Lucas escreveu em Atos 15. A primeira norma da hermenêutica bíblica é que as Escrituras nunca contradizem a si mesmas.

 

Para começar “o que foi” cravado no madeiro, no versículo 14, do capítulo 2 de Colossenses foi a lista que fez YHWH de todas as ordenanças da Torah, que você e eu nos tornamos culpados de haver quebrantado! Essa lista, escrita à mão por YHWH, foi cravada no madeiro quando fomos perdoados.

 

Este versículo não ensina, de maneira nenhuma, que primeiro YHWH deu a Torah e depois se desfez dela. Se a Torah é a Palavra eterna e se esta palavra nunca passará (Mat. 5:17-19), como e por que YHWH identificaria a Torah como uma lista de ordenanças que estavam contra nós?

 

Deuteronômio nos recorda repetidamente que seguir a Torah nos concede vida, se a mantermos de maneira inquebrantável. O que foi cravado foi o certificado de dívida, o registro escrito por YHWH de todas as ordenanças da Torah que verdadeiramente temos quebrantado.

 

Colossenses 2:21 nos ensina que as nações de onde procediam os crentes que não eram judeus, tinham muitas ordenanças estranhas e legalistas acerca dos alimentos. Havia normas segundo as quais não se podiam tocar esses alimentos e desejar aquela comida. O que Sha'ul estava proibindo era adotar leis pagãs acerca de comer certas coisas.


Além disso, o contexto deixa muito claro em recordar aos crentes de Colossos, que não eram judeus, que todas essas leis pagãs acerca dos alimentos, não eram realmente “as legitimamente importantes”, senão as que temos em Levítico 11, as primeiras eram tradições e lendas de homens, que acabariam por morrer com a mente depravada de quem as inventou e se valeu delas.

 

Estão, por acaso, alguns do Cristianismo tentando ensinar equivocadamente que as leis dietéticas da Torah foram criadas pelo homem ao invés de ser um mandamento celestial? Irá um rabino judeu como o Sha'ul chamar a Torah como algo criado pelo homem?

 

Sejamos realistas! O versículo 22 do capítulo 2 de Colossenses não pode fazer referência a kashrut da Torah, posto que Sha'ul afirma claramente que as leis dietéticas acerca das quais está advertindo aos crentes, tem uma origem pagã e poderia confundi-los e levá-los a desobedecer o prescrito em Atos 15, que manda que a kashrut seja para todos os crentes de todas as nações!

 

Que YHWH continue sendo verdadeiro e que cada homem continue mentindo e deixando-se levar pela mentira, se não deseja saber o que YHWH já sabe!

 

AS RECOMENDAÇÕES DE PAULO A TIMÓTEO

 

Outra passagem favorita das Escrituras que frequentemente se interpreta equivocadamente e, consequentemente, tem alimentado a chama dos ensinamentos antinomianos no Cristianismo acerca da kashrut, se encontra em I Timóteo 4:4-5. Estes versículos vêm sendo normalmente ensinados como se Sha'ul houvesse declarado que todos os animais fossem puros quando são santificados pela Palavra e pela oração.

 

Portanto, segundo esta maneira de interpretar as Escrituras, os crentes têm a liberdade para comer qualquer sujeira que queiram, desde que deem graças pelos alimentos que vão ingerir! Assim é como expõem sua retorcida lógica que, segundo eles, milagrosamente a comida se transforma kasher, inclusive as que a Torah proíbe com antecedência.

 

Você crê realmente nesta interpretação?

 

Por que iria Sha'ul, um judeu que cumpria a Torah, ensinar “que todo mundo é livre para comer o que queira” aos crentes que regressavam, mesmo que essa interpretação contrafizesse o resto dos ensinamentos da Brit Chadashah, a ponto de eliminar o decreto de Ya'akov (Tiago) aos convertidos não judeus, sobre as práticas bíblicas, segundo encontramos em Atos 15?

 

A LIÇÃO DE YESHUA

 

Finalmente, em Marcos 7:18-23, muitos dizem que Yeshua está ensinando a seus talmidim (discípulos) que tudo é puro quando se trata de decidir o que se pode comer e que as verdadeiras coisas ímpias procedem do coração do homem. Mas é isso o que está realmente ensinando?

 

Em nenhum destes versículos Ele instrui a seus talmidim, que cumpriam a Torah, que tenham uma orgia alimentícia, posto que o sistema digestivo do corpo lhes vai purgar. Ele está simplesmente usando a técnica de “empilhar” para ensinar uma grande revelação, não negando a revelação da kashrut, senão usando a kashrut como uma lição especial, para mostrar que um coração kasher é de grande importância na vida da pessoa em sua relação com YHWH. Na técnica de “empilhar”, a revelação mais importante se amontoa sobre a revelação de menor importância, porém sem negá-la, como vem ensinando falsamente o Cristianismo.

 

O que Yeshua estava dizendo aos Pru'shim (fariseus) é que a kashrut é importante. Mas do que serve a sua kashrut tão estrita se os seus corações estavam contaminados por toda classe de pensamentos e desejos que não são kasher, ratificado pelos versículos 20 a 23 de Marcos 7?

 

Yeshua usa a revelação menor como uma lição de coisas que tem o propósito de apontar e instruir acerca de uma revelação de maior importância. Ou, para expressar de outro modo, usa o físico e o natural, para explicar o espiritual e o sobrenatural.

 

O LADO ESPIRITUAL

 

Além das óbvias considerações físicas a respeito da Kashrut, existe também um aspecto espiritual. Durante muito tempo não se pôde comprovar fisicamente o motivo da Kashrut. Ainda hoje em dia, há pessoas que duvidam dos estudos que comprovariam que os animais impuros são péssimos para a saúde.

 

É por isto que a Kashrut também tem um lado espiritual. Como já dissemos antes, a Kashrut faz parte dos chamados chukim, isto é, leis que nem sempre estão ao alcance da nossa compreensão. Isto nos faz dependermos de YHWH e confiarmos n’Ele.

 

Se estamos doentes e vamos ao médico, ele nos prescreve um medicamento. Normalmente, não entendemos o que aquela substância fará em nosso organismo. Porém, confiamos no conhecimento do médico.

 

Infelizmente, muitos dos que dizem amar a YHWH não demonstram a mesma confiança. Acham que se algo não faz sentido na cabeça deles, então não é importante. Ou pior: acham que se entenderem o “espírito da coisa”, não precisam cumprir os mandamentos. Onde está a nossa fé no fato de que Ele sabe o que é melhor para nós?

 

Foi Ele quem criou todos os animais, e é Ele o arquiteto de nossos organismos. Devemos, portanto confiar que Ele sabe o que é melhor e o que é pior para nós.

 

Autor Desconhecido 


Notas

 

[1] Treif, treyf ou tref - é uma palavra iídiche para comida que não está em conformidade com as leis dietéticas judaicas de kashrut. A palavra é derivada do טְרֵפָה hebraico que significa "rasgado" e/ou alimentos designados que são proibidos de forma intrínseca ou tornados inaceitáveis ​​devido a uma preparação incorreta. Originalmente, o treif designou uma categoria de carne não-kosher: carne de um animal que foi devastada no campo, de acordo com a proibição em Êxodo 22:31. Mais tarde, foi interpretado como significando qualquer animal ou ave que não é apto para o consumo devido a um defeito, doença ou ferida infligida. Por extensão, o termo agora se aplica a todos os produtos que não são kosher. Um animal kosher pode ser treif se for abatido indevidamente ou for encontrado doente ou malformado após a inspeção por um supervisor kashrut.

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