De Costume Pagão a Mandamento
Posteriormente, já alguns séculos
depois, os p'rushim dariam o golpe de misericórdia, e ainda atribuiriam
a ordem do acendimento das velas da Saturnália (agora importadas para os
eventos de Chanuká) ao próprio Eterno, ao afirmarem, como diz a liturgia de
Chanuká:
Baruch atá YHWH Eloheinu Melech
haOlam asher kidshanu bemitsvotav vetsivanu lehad'lik neir shel Chanuká.
Bendito sejas tu YHWH nosso Elohim Rei
do Universo que nos santificaste com teus mandamentos e nos ordenaste
acendermos as luzes de Chanuká.
Muito mais do que um mero acréscimo
litúrgico que afirma que Elohim teria ordenado algo que Ele jamais disse em Sua
Palavra, essa é uma blasfêmia sem precedentes, pois atribui a Elohim algo que
foi criado por adoração pagã ao deus-sol.
A Enciclopédia Judaica afirma que o
motivo da gradativa remoção da ênfase nos eventos da revolta dos Chashmonaim
(Hasmoneus) e maior ênfase no milagre fabricado tem também como pano-de-fundo
uma rivalidade política:
Nos círculos farisaicos, as
realizações políticas dos Hasmoneus foram empurradas para segundo plano, e o
próprio nome de Judá Macabeu caiu no esquecimento. (Chanuká)
Com isso, podemos afirmar que os p'rushim
(fariseus) tornaram-se grandes traidores do povo de Israel, ao tomarem
justamente de uma das práticas pagãs contra as quais muitos judeus lutaram, ao
ponto de darem suas próprias vidas, na revolta dos Macabim (Macabeus), e
acrescentarem na própria festa que deveria comemorar a vitória, exaltando-a
acima da própria vitória militar. Tal ato vai além da prostituição espiritual,
e se configurou como traição contra o povo judeu em todos os sentidos.
Certamente Elohim cobrará deles tal fato, pois até hoje muitos inocentemente
celebram esse costume sem terem qualquer consciência de suas raízes pagãs.
Uma Grande Fraude Ocorreu Lá
Como muitos sabem, o sevivon,
tradicional jogo infantil de Chanuká, é um acróstico para “Nes Gadol Hayá
Sham” (Um grande milagre aconteceu lá). Na realidade, dever-se-ia ler “Sheker
Gadol Hayá Sham” (Uma grande mentira aconteceu lá) - pois, na realidade, o
milagre de Chanuká é uma grande mentira perpetrada pelos p'rushim
(fariseus) para justificar exatamente aquilo que os Macabim (Macabeus)
justamente haviam combatido nos eventos que levaram a Chanuká: o apego ao
paganismo e à assimilação.
A seguir, um breve resumo dos
principais fatos.
• No século II a. C., os selêucidas
introduzem elementos pagãos em Israel, e são derrotados pelos Chashmonaim
(Hasmoneus);
• Alguns judeus permanecem
helenizados, e mantêm costumes pagãos de adoração ao deus-sol e a Baco;
• A dominação romana traz ainda mais
assimilação a Israel. Muitos judeus adotam costumes da Saturnália e de outras
festividades de inverno. Herodes, governante ilegítimo sobre Israel, encorajava
tais práticas;
• Como Chanuká coincidia, em termos
de época, com tais festas, pouco a pouco os costumes foram sendo importados
para a celebração de Chanuká. Em especial, o uso das velas/luzes da Saturnália
à porta de casa, como faziam os pagãos;
• Mesmo assim, no primeiro século,
ainda eram poucos os judeus religiosos que se rendiam a tais práticas;
• Com o passar do tempo, as práticas
foram difundidas. Os p'rushim (fariseus) tentam encontrar uma forma de
justificá-las. Surgem várias teorias para tentar justificar a incorporação das
luzes pagãs nos eventos de Chanuká. Até então, o suposto milagre de Chanuká era
totalmente desconhecido;
• Entre os séculos II e V, os p'rushim
(fariseus) criam a história do milagre de Chanuká, a solução definitiva para
não apenas justificar o paganismo, como para reduzirem a importância política
dos Chashmonaim (Hasmoneus);
• Ao sofrerem críticas por
incorporarem elementos de adoração pagã, os p'rushim (fariseus) criam a
história de que a Saturnália teria, na realidade, sido criada por Adam (Adão);
• Alguns séculos depois, atribuem a
Elohim a ordem de “acenderem as velas de Chanuká”, perpetuando assim o
sincretismo religioso a toda a Casa de Yehudá (Judá).
Celebrando da Forma Original
Sabemos, pelo relato na B'rit
Chadashá (“Novo” Testamento) que Yeshua celebrou a festa de Chanuká,
pois lemos:
Celebrava-se então em Yerushalayim a
festa de Chanuká. E era inverno. Andava Yeshua passeando no Beit HaMikdash, no
pórtico de Shlomo. (Yochanan/João 10:22-23)
É para nós, portanto, imperativo
voltarmos à forma original da celebração de Chanuká, nos moldes em que foi
realizada nos tempos dos Chashmonaim (Hasmoneus), e nos tempos de Yeshua, de
forma pura, sem sincretismos, sem mentiras, e sem acréscimos.
Caso contrário, somos culpados de
hipocrisia se denunciarmos o Natal, ao mesmo tempo em que, sabendo da verdade,
adotamos costumes cuja origem está na mesma festa pagã que posteriormente viria
a servir de molde para o próprio Natal.
É compreensível, todavia, que este
artigo gere uma certa ansiedade no leitor, que provavelmente se perguntará: “E
agora? Como celebrar a festa de forma pura, da maneira original, o mais próximo
possível de como era nos tempos de Yeshua?”
Abaixo, apresento um breve resumo de
como a festa pode ser celebrada, na pureza de sua essência, dentro de uma
celebração que remonta aos eventos históricos:
- Pode-se adornar as kehilot
(congregações) com pequenas coroas douradas, simbolizando a soberania de
Elohim, e com pequenos escudos, simbolizando o fato de que Elohim dá proteção
àqueles que buscam a Sua vontade, conforme ocorrido em Macabim Alef/1 Macabeus
1:57. Essa é, inclusive, uma ótima atividade para envolver as crianças;
- Como sugestão, a exemplo de Pessach/Chag
HaMatsot, quem não pôde celebrar Sukot por motivos alheios à sua vontade,
pode aproveitar a oportunidade e, como fizeram os Macabim (Macabeus), fazerem
nesta época Sukot Sheni, nos mesmos moldes da festa original de Sukot.
Ressalta-se, porém, que isso deve ser feito apenas por quem foi impedido por
circunstâncias externas a celebrar a festa, e não por qualquer motivo. Vide
Macabim Beit/2 Macabeus 1:9.
- Esta é uma ocasião em que devemos
ter em mente a batalha entre a vontade de Elohim, como descrita nas Escrituras
e o conformismo com este mundo, que ignora completamente a Torá de Yeshua. É
adequado que estudos sejam realizados, nesta época, reflitam o tema da
purificação de nossas vidas e da luta contra o conformismo.
- As festividades de Chanuká foram
fundamentalmente pautadas por muita alegria e cânticos. É recomendável que as
kehilot (congregações) se reúnam (se possível diariamente) para cantarem
alegremente a Elohim pelas redenções passadas, e pela redenção vindoura. Vide
Macabim Alef/1 Macabeus 4:54,56.
- Frequentemente, nos prostramos
perante Elohim em tristeza, angústia ou petição. Chanuká, contudo, é uma
oportunidade para nos prostrarmos perante Elohim em alegria, como o povo fez na
ocasião da rededicação do altar, Vide Macabim Alef/1 Reis 4:55.
- Segundo a Enciclopédia Judaica, nos
tempos antigos era costume cantar nas sinagogas a tehilá (salmo) de número 30.
Embora nas traduções para o português o descritivo de cada salmo nem sempre
apareça, o hebraico traz: Mizmor shir chanukat habait l'David. Isto é, "salmo
e cântico para a dedicação (chanuká) da Casa de David, isto é, do Beit
HaMikdash (Templo.)
- Para relembrar o fato dos Macabim
(Macabeus) terem sido obrigados a celebrarem Sukot de forma tardia, pode-se
montar uma suká simbólica, por recordação de que devemos persistir para
observarmos a Torá, mesmo contra as maiores adversidades. A exemplo do que
acontecia em Sukot, é possível também trazer à kehilá ramos e folhas, pelo
mesmo motivo.
- É uma ocasião para relembrar os
episódios envolvendo a revolta dos Macabim (Macabeus), através de leitura e/ou
encenações teatrais. Outra história igualmente associada a Chanuká é a história
de Yehudit (Judite), distribuída na época da revolta dos Macabim (Macabeus) sob
forma codificada. É também uma história para ser relembrada nesta ocasião.
Acima de tudo, é uma ocasião bastante
festiva e alegre.
Por Sha'ul Bentsion
Comentários
Postar um comentário