Ezequiel (Yechezkel: יְחֶזְקֵאל)
era um sacerdote e profeta judeu que viveu os devastadores anos da destruição
do Primeiro Templo Judaico (586 a.C.) e o posterior exílio do povo judeu para a
Babilônia.
O profeta, na verdade, foi
exilado 11 anos antes que o Templo fosse destruído, se juntando aos outros
exilados que foram tomados quando o rei Jeoiaquim foi destronado por
Nabucodonosor.
Enquanto estava no exílio, Ezequiel
teve uma visão surpreendente da Merkavá (“carruagem”) de Elohim
com quatro ofanim - אופנים
(“rodas de fogo”), inspirando os querubins e YHWH sentado sobre um trono
de safira – ספיר דמות כסא (Ezequiel 1).
Esta visão marcou o início do ofício
profético de Ezequiel para os exilados, que consistia principalmente de uma
série de visões no que diz respeito à iminente destruição do Primeiro Templo,
junto com profecias sobre a queda das Nações, a visão dos “ossos secos”
voltando à vida (ou seja, a ressurreição futura da Casa de Israel), a grande
profecia da guerra contra Gog e Magog e o clímax da visão do Futuro Templo
durante a Era Messiânica (o Milênio).
Uma tradição judaica do primeiro
século tendia a considerar que o livro de Ezequiel (סֵפֶר יְחֶזְקֵאל) era tão difícil de
compreender (e até mesmo questionável) por uma variedade de razões:
- Em primeiro lugar, os
antigos sábios ficaram perturbados pelas aparentes contradições entre a visão
de Ezequiel do serviço do Templo e as leis dadas na Torá. Por exemplo, vários
rituais do Templo e as regras descritas no livro parecem ter sido alteradas das
leis dadas anteriormente no livro de Levítico.
- Segundo, os antigos sábios
pensavam que Ezequiel teve um “retrocesso” por reenfatizar o papel do
Templo. Até por causa de Miquéias 6:6-8.
- Em terceiro lugar, os
antigos sábios se opuseram as visões místicas encontradas no livro
(especialmente a visão da Merkavá), e advertiram sobre o incentivo ao
misticismo que poderia desviar as pessoas.
Apesar destas objeções, no
entanto, o livro de Ezequiel foi eventualmente aceito no cânon das escrituras
judaicas (e assim na bíblia de hoje), e algumas partes são publicamente lidas
na Haftará, não menos do que dez vezes por ano.
Parte do crédito para a inclusão
do livro de Ezequiel no canon das Escrituras, é dito ter sido um êxito de um
dos sábios do primeiro século chamado Ezequias ben Hananias, que tinha a fama
de ter usado “trezentas medidas de óleo” (para manter suas luzes acesas)
porque estudou incansavelmente a profecia e harmonizando-a com as leis da Torá.
Segundo o Talmud, “se não fosse por ele, o livro de Ezequiel ficaria
escondido” (Tratado Shabat 13b).
Hoje a tradição judaica aceita
amplamente o livro de Ezequiel pela compreensão de que a necessidade de ritual
é uma parte da vida judaica, assim como é o estudo da Torá, a prática de Tzedaká
(caridade – justiça) e assim por diante. No entanto, o livro de Ezequiel prediz
o tempo quando o Messias virá para o povo judeu e o estabelecimento do Reino de
Tzion (Sião) sobre toda a terra.
Comentaristas mais modernos
dividem o livro de Ezequiel em quatro principais divisões:
1 - Capítulos 1-24 fornecem
avisos proféticos antes da destruição do Primeiro Templo.
2 - Capítulos 25-32, fornecem
profecias durante a queda de Jerusalém, incluindo profecias de juízo sobre as
nações vizinhas.
3 - Profecias de 33-39,
capítulos após destruição de Jerusalém, incluindo as promessas da futura
restauração e bênçãos para Israel.
4 - Capítulos 40-48, a grande
visão do futuro Templo e sua glória no mundo por vir (ou seja, o Reino milenar
– Era Messiânica).
Em Ezequiel 44:15-31 que se
encontra na última seção do livro (capítulos 40-48) prediz a glória do Futuro
Templo que será construído após a redenção Final, durante os mil anos do Reino
de Tzion (Sião – Era Messiânica).
Este Templo, que será remodelado
pelo Messias Yeshua (Jesus) após sua segunda vinda e é mais bem compreendido
como o “Quarto Templo”, tendo em vista que o “Terceiro Templo” será
profanado no final do período da grande tribulação.
A conexão entre a porção de
leitura pública da Torá (Parashá Emor) e a porção de leitura dos
profetas Haftará se foca claramente sobre o papel dos sacerdotes e a
continuação das Festas de YHWH (Moadim) no mundo por vir (Olam Habá).
A frase de abertura da Parashá (Levítico
21:1) – “Diga aos sacerdotes” – portanto, está ligada ao serviço
descrito pelos sacerdotes no Reino milenar no próximo Templo. Como as
instruções dadas na parte da Torá, Ezequiel declara que; “os sacerdotes
devem ensinar meu povo a diferença entre o Santo e o profano (separado e comum)
e mostrar-lhes como distinguir entre o imundo e o limpo”.
“Em uma disputa, devem agir
como juízes e eles devem julgar de acordo com meus juízos. Eles devem manter as
minhas leis e meus estatutos em todas as minhas festas apontadas, e devem
manter meu sábado sagrado” (Ezequiel 44:23-24, cp. Levítico 10:10-11).
Observe que além de ensinar as
pessoas à diferença entre o Santo e o profano, os sacerdotes vão julgar as
pessoas e ensiná-las sobre o Shabat, Rosh Chodesh (Lua Nova), Sukot
(Cabanas) e outras festas (especialmente Pessach e Sukot:
Ezequiel 45:17-25).
Curiosamente, os sacerdotes do
Templo milenar serão somente aqueles que são diretos descendentes de Zadok (צָדוֹק),
que foi o primeiro sumo sacerdote no Templo de Salomão (1 Reis 2:35). Zadok demonstrou lealdade ao Rei David durante
a insurreição de Absalão (2 Samuel 15) e mais tarde ungiu Salomão para ser o
rei de Israel após a tentativa fracassada de Adonias para tomar o trono (1 Reis
1:32).
Zadok também era conhecido por
ser um descendente direto de Pinchas (Fineias), o neto de Aarão, o qual lhe foi
prometido uma aliança Sacerdotal Perpetua em suas gerações (Números 25:13).
Alguns dos comentaristas judaicos
ensinavam que o nível espiritual dos sacerdotes “Zadokitas” subirá para
ser igual ao do Sumo Sacerdote, conforme descrito na parte da Torá (Parashá
Emor). Por exemplo, todos os sacerdotes usarão o vestuário de linho que o Sumo
Sacerdote usava durante o Yom Kipur (Ezequiel 44:17-19). E mais: as regras
rigorosas para a santidade exigida ao Sumo Sacerdote serão aplicadas a todos os
sacerdotes “Zadokitas”.
Em outras palavras, todos os
sacerdotes terão os padrões mais elevados de santidade anteriormente
necessários somente ao Sumo Sacerdote.
Os sacerdotes comerão as ofertas,
ofertas de pecado, ofertas de culpa, primeiros frutos e Terumah (contribuições
Especiais) dadas pelo povo no para o Novo Templo.
As maiorias dos cristãos ficam
perturbados com a ideia de um sacerdócio judaico operando no Milênio e
especialmente com a ideia de que os vários sacrifícios descritos em Ezequiel
serão oferecidos após o sacrifício de Yeshua (Jesus). Na verdade, Ezequiel
descreve ofertas de sacrifício (dada pelo regente do rei Davi) para o dia de Sábado
(46-5), a Lua Nova (46:6-8), as Festas (46:9-12), bem como os sacrifícios
diários (tamid - 46:13-15).
Como a realização desses sacrifícios
parecem “inconsistentes com a mensagem do evangelho”, muitos cristãos tentam
“alegorizar” ou “espiritualizar” o livro de Ezequiel, e aplicam a
sua mensagem como uma visão da Igreja triunfante no céu, para tentar fugir dos
textos que os incomodam no livro de Ezequiel.
A descrição de Ezequiel do Templo
é muito precisa para caber tal “alegoria” ou “espiritualização”
de seus textos. O livro de Ezequiel faz muitas descrições pormenorizadas dos Sacrifícios,
das Festas de YHWH, a descrição da “Cidade de YHWH”, a herança das
tribos etc.
A melhor forma para compreender o
Futuro Templo é entendê-lo como a forma pela qual um Israel remido irá rememorar
o sacrifício de Yeshua (Jesus) como verdadeiro Sumo Sacerdote e Rei de Israel.
Se pensarmos bem, se os
sacrifícios oferecidos no sistema sacerdotal antes da Cruz aguardavam com
expectativa para o sacrifício de Yeshua (Jesus). É lógico que os sacrifícios no
futuro Reino de Tzion (Sião) irão rememorar seu Sacrifício como Cordeiro
de Elohim, O Elohim de Israel!
Quando lemos as Escrituras usando
o método histórico gramatical, o livro de Ezequiel fortemente refuta o erro da “teologia
cristã da substituição”. Mesmo os sábios judeus compreenderam que o livro
de Ezequiel seja a expressão ritual das palavras de outros Profetas, tais como
Isaías, Jeremias, Zacarias e assim por diante.
Os propósitos do ETERNO
permanecem os mesmos, e a Torá é uma parte do nosso patrimônio, ainda mais como
seguidores de Yeshua, o Messias judeu e nosso Salvador! Aqueles que ignoram (ou "interpretam alegoricamente") a literalidade do livro de Ezequiel,
provavelmente se escandalizarão também com a clara mensagem do livro de Esther,
por exemplo.
Por fim, o nome Ezequiel
significa "El [אֵל]
– dará força [יֶחֱזַק]
Yechezak" e a sua mensagem é de esperança e força (Hazak) para os judeus e toda
a humanidade. Como o Emissário Paulo previa:
E assim todo o
Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de
Jacó as impiedades. (Romanos 11:26)
Que esse dia possa vir em breve
em nossos dias!
Autor desconhecido
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