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PURIM E A PROFECIA OCULTA

  


Meus leitores devem saber que uma das palavras mais importantes em meus escritos é “oculto”. Hoje, à medida em que nos aproximamos das celebrações do Purim, estou feliz em escrever sobre o livro de Ester, porque existem muitos temas “ocultos” neste livro profético.

 

A HISTÓRIA

 

Todos conhecem a história: expulsos da Terra Santa, os judeus se estabeleceram em diferentes cidades do Império Persa. Em algum momento, o rei Assuero, estava à procura de uma nova esposa e, portanto, a bela e pura Ester - Hadassah, uma órfã criada por seu primo, um homem judeu chamado Mordecai (Mardoqueu em versões cristãs) - tornou-se rainha desse reino mundial. Obediente ao comando de Mordecai, ela não revelou seus antecedentes a ninguém (esse é o nosso primeiro “oculto”: uma jovem judia justa com a luz de Elohim dentro de seu coração, está oculta dentro desse lugar pagão e escuro - o Palácio Real da Pérsia).

 

A história conta que Mordecai se recusou a curvar sua cabeça em honra a Hamã, um conselheiro real do rei Assuero. Em um ataque de fúria contra Mordecai, Hamã paga o rei para decretar um genocídio em massa de todos os judeus: o rei emite um decreto que ordena "destruir, matar e aniquilar todos os judeus, jovens e velhos, crianças pequenas e mulheres, em um dia" (Ester 3:13).

 

Segue-se uma conversa entre Mordecai e a rainha Ester: Mordecai diz a Ester sobre o plano de Hamã e o decreto do rei, e pede para que ela intervenha para salvar seu povo. Todos conhecemos suas famosas palavras: “Quem sabe se você veio para o reino para um momento tal como este? ” (Ester 4:14).

 

Mordecai reuniu os judeus para o jejum e a oração, Ester também jejuou e orou por três dias e, como resultado o mal foi revertido e os judeus salvos. Apesar de um decreto real e selado não poderia ser anulado, com a revelação das origens da rainha ao rei Assuero, em um jantar que ela havia preparado para o rei e Hamã, culminou no enforcamento de Hamã e fez o rei emitir um segundo decreto, permitindo que o povo judeu se defendesse. 

 

No dia 13 de Adar, foram travadas batalhas por todo o império entre os judeus e aqueles que procuraram destruí-los. No dia seguinte, em 14 de Adar, tornou-se um dia de celebração da vitória judaica que se seguiu. Uma vez que a batalha em Susã prosseguiu por dois dias, a celebração em Susã foi realizada no dia 15 de Adar. Assim, esses dois dias foram instituídos como o festival de Purim - 15 de Adar em cidades muradas, e 14 de Adar em cidades não muradas (hoje, a única cidade em que Purim é comemorado no décimo quinto dia é Jerusalém).

 

A PROFECIA

 

Agora, avançando até 1946 (cerca de 2500 anos depois do Purim original), verão que quando eu escrevi: “livro profético”, não foi um erro de digitação - embora, como vocês provavelmente sabem, o livro de Ester é Parte dos Ketuvim, ou Escritos da Bíblia Hebraica. Em 1 de outubro de 1946, depois de 216 sessões, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg emitiu vereditos de condenação à morte dos líderes do partido Nazista. Dez líderes Nazistas deveriam ser enforcados. Um deles foi Julius Streicher, um importante propagandista Nazista e o editor do jornal antissemita Der Sturmer. Segundos antes de ser enforcado, Streicher virou de repente para encarar as testemunhas e gritou: “Festa de Purim 1946“.

 

Para entender as palavras finais de Streicher, vejamos o texto. No capítulo 9, lemos:

 

Disse o rei à rainha Ester: Na cidadela de Susã mataram e destruíram os judeus quinhentos homens, e os dez filhos de Hamã […]. Qual é, pois, a tua petição? E se te dará. Ou que é que desejas ainda? E se cumprirá.

 

Então disse Ester: “Se bem parecer ao rei, conceda-se aos judeus que se acham em Susã que também façam amanhã segundo o edito de hoje, e dependurem em forca os dez filhos de Hamã” (Ester 9:12-13).

 

Por gerações, nossos sábios comentaram esse estranho pedido: se os dez filhos de Hamã já haviam sido mortos, como eles poderiam ser enforcados? Eles encontraram uma resposta na palavra “amanhã”: Há um futuro imediato, e um futuro tardio. Em outras palavras, Ester estava pedindo que o enforcamento dos dez filhos de Hamã também se repetisse no futuro. Por quê? Porque, embora nos dias de Ester o genocídio tenha sido evitado, o Megillat Ester (Livro de Ester) está nos dizendo explicitamente que o primeiro decreto nunca foi anulado. Os planos odiosos e as intenções cruéis de Hamã de “destruir, matar e aniquilar todos os judeus”, continuam válidos desde então. Portanto, Ester está pedindo a mesma vitória no futuro. Nesse sentido, o enforcamento dos 10 líderes nazistas em 1946 foi, de fato, Purim de 1946.

 

Mas há uma “profecia oculta” ainda mais incrível no texto do Megillat Ester que liga a história do Purim com essa execução. Se lemos o texto original, vemos que quatro letras nos nomes dos 10 filhos de Hamã estão escritas com uma fonte diferente: três letras hebraicas são menores - tav , shin  e zayin - enquanto uma letra é maior que as demais – vav. Os sábios judeus sempre ensinaram que qualquer variação no tamanho de uma letra na Escritura tem um significado específico. Então, qual é o significado dessas letras de tamanho incomum?

 

O valor numérico de uma letra vav, (a maior), é 6; as menores tav, shin e zayin juntas formam 707 (400 + 300 + 7). Portanto, estes números significam ano 707 do sexto milênio. Em outras palavras, o ano judaico 5707, que corresponde a… sim, o seu palpite é correto, 1946, ano da execução desses dez criminosos de guerra nazistas!

 

Note-se que o número original dos líderes nazistas que seriam executados era de 11; no entanto, depois do julgamento de Nuremberg, Hermann Göring cometeu suicídio e, portanto, o número diminuiu para 10 - exatamente como no pedido de Ester. Assim sendo, uma vez que o julgamento foi conduzido por um tribunal militar, os condenados deveriam ser executados por um pelotão de fuzilamento; no entanto, o veredito do tribunal era “morte por enforcamento” - tudo exatamente como no pedido de Ester.

 

Indubitavelmente, a mão soberana de Elohim orquestrou esses eventos e, aparentemente, um dos condenados, Julius Streicher, pôde ver essa mão de Elohim enquanto aproveitou esta ligação de Purim nas suas palavras finais: “Festa de Purim 1946”. Agora, eu acho que vocês concordarão que o Livro de Ester é um livro profético.

 

Por Julia Blum

 

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