No capítulo 3 de Shemot/Êxodo,
Moshé/Moisés vê uma sarça ardente que não era consumida pelo fogo. Então, sobe
ao monte e tem uma experiência sobrenatural com o ETERNO. Neste encontro,
Elohim revela Seu Nome a Moshé:
Moshé disse a Elohim: ‘Quem
sou eu para dirigir-me ao faraó e levar o povo de Yisra’el para fora do Egito?’
Ele respondeu: ‘Tenha certeza de que estarei com você. O sinal de que eu o
enviei será este: quando você tiver levado o povo para fora do Egito, vocês
adorarão a Elohim nesta montanha’. Moshé disse a Elohim: ‘Quando eu aparecer
diante do povo de Yisra’el e lhes disser: O Elohim de seus ancestrais enviou-me
a vocês’; e eles me perguntarem: ‘Qual é o nome dele?’, o que eu lhes direi?’.
Elohim disse a Moshé: ‘Ehyeh Asher Ehyeh [Eu Sou/Serei o que Eu Sou/Serei]’
enviou-me a vocês’. Além disso, Elohim disse a Moshé: ‘Diga isto ao povo de
Yisra’el: יהוה
[YHWH], o Elohim de seus pais, o Elohim de Avraham [Abraão], o Elohim de
Yitz’chak [Isaque], e o Elohim de Ya’akov [Jacó], enviou-me a vocês’. Este é o
meu nome para sempre; desejo ser lembrado dessa forma, geração após geração.”
Shemot/Êxodo 3:11-15.
Ora, antes do ETERNO revelar seu
nome a Moshé, este o conhecia como Elohim, vocábulo que significa literalmente “poderes”
e que é um título usado pelo ETERNO, e não um nome próprio. Moshé quis saber o
nome próprio pelo qual o ETERNO se chama e este lhe responde: יהוה. Trata-se do tetragrama (quatro letras) que revela o nome de
Elohim, composto das letras hebraicas yud, hê, waw, hê, todas consoantes, visto
que não existem vogais no alfabeto hebraico. Tais letras em português [1]
são assim transliteradas: YHWH e sempre que nos referirmos ao tetragrama, serão
usadas as letras YHWH.
Após o ETERNO declarar que se
chama YHWH, disse:
Este é o meu nome
para sempre; desejo ser lembrado dessa forma, geração após geração.
(Shemot/Êxodo 3:15).
Na cultura ocidental o nome
apenas designa uma pessoa. Porém, na cultura semita, o nome (“shem”/שם) não só individualiza
o ser, como também - e principalmente - se refere ao caráter da pessoa, às
qualidades específicas que ela possui.
Então, o ETERNO revelou seu nome
sagrado, YHWH (יהוה), pois este tanto o individualiza como o
Criador como também espelha seu caráter de Elohim. Guarde esta importante
informação: o nome expressa caráter.
O especialista em paleo-hebraico,
Jeff Benner explica que o tetragrama advém do verbo הוה, que denota “existir”. Na terceira pessoa do singular,
flexiona-se o verbo como יהוה, formando-se o tetragrama que expressa
simultaneamente as seguintes ideias: “Ele existe”, “Ele existirá”,
“Ele é”.
No pensamento grego, as
divindades são concebidas no plano abstrato. Na cultura hebraica, exige-se uma
experiência concreta com o Ser Supremo (ver, ouvir, sentir). Por isso, Moshé
perguntou o nome do ETERNO, visando autenticar a experiência sobrenatural que
teve. Em resposta, Elohim revela o tetragrama, querendo exprimir a seguinte
mensagem: “Diga ao povo de Yisra’el: Ele (o Elohim de seus pais) existe, Ele
existirá, Ele é...”.
Ao declarar seu nome próprio, o
ETERNO determinou que deveria ser lembrado para sempre como YHWH (Shemot/Êxodo
3:15). Apesar de tal ordem expressa, hoje em dia as pessoas chamam o ETERNO de
vários nomes, inclusive usam nomes de origem pagã, não se valendo do nome prescrito nas Escrituras.
O nome de YHWH é tão sagrado e
importante que aparece aproximadamente sete mil vezes no Tanach (“Antigo Testamento”).
Escreveu o Salmista que os homens
deveriam se envergonhar e buscar o nome de YHWH, isto é, o caráter de Elohim:
Encham-se de
vergonha as suas faces, para que busquem o teu nome, YHWH. Confundam-se e
assombrem-se perpetuamente; envergonhem-se, e pereçam, para que saibam que tu,
a quem só pertence o nome de YHWH, és o Altíssimo sobre toda a terra.
(Tehilim/Salmos 83:16-18).
Ainda de acordo com o salmista, o
nome de YHWH permaneceria para sempre e deveria ser divulgado de geração em
geração:
O seu nome permanecerá
eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol
durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão
bem-aventurado. (Tehilim/Salmos 72:17).
Escreveu o profeta Mal’achi
(Malaquias) que aqueles que temem e se lembram do nome de YHWH serão ouvidos:
Então aqueles que
temeram a YHWH falaram frequentemente um ao outro; e YHWH atentou e ouviu; e um
memorial foi escrito diante dele, para os que temeram YHWH, e para os que se
lembraram do seu nome. (Mal’achi/Malaquias 3:16).
O nome de YHWH deve ser amado:
E aos filhos dos
estrangeiros, que se unirem a YHWH para o servirem, e para amarem o nome de
YHWH, e para serem seus servos, todos os que guardarem o shabat [sábado], não o
profanando, e os que abraçarem a minha aliança. (Yeshayahu/Isaías 56:6).
Devemos lembrar o nome de YHWH
para todas as gerações e povos:
Farei lembrado o
teu nome de geração em geração; por isso os povos te louvarão eternamente.
(Tehilim/Salmos 45:17).
Eu te louvarei, YHWH, com todo o meu coração; contarei
todas as tuas maravilhas. Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei
louvores ao teu nome, ó Altíssimo. (Tehilim/Salmos 9:1,2)
Dai a YHWH a
glória devida ao seu nome, adorai a YHWH na beleza da santidade.
(Tehilim/Salmos 29:2).
A salvação é clamada pelo nome de
YHWH. Por isto, quem invocar o nome de YHWH será salvo:
Salva-nos, YHWH
nosso Elohim, e congrega-nos dentre os gentios, para que louvemos o teu nome
santo, e nos gloriemos no teu louvor. (Tehilim/Salmos 106:47).
E há de ser que
todo aquele que invocar o nome de YHWH será salvo. (Yo’el/Joel 2:32).
David escreveu um salmo em que
afirma que a salvação vem pelo nome (caráter) de YHWH:
Salva-me, ó Elohim,
pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder. (Tehilim/Salmos 54:1).
E declarou que o nome de YHWH
seria engrandecido para sempre:
E engrandeça-se o
teu nome para sempre, para que se diga: YHWH dos Exércitos é Elohim sobre
Yisra’el; e a casa de teu servo será confirmada diante de ti. (Sh’mu’el Beit/2
Samuel 7:26).
Diante das citações dos textos
bíblicos, o uso do nome de YHWH era frequente usado entre os israelitas, que
o empregavam como um nome próprio, tal como o nome de pessoas, sem haver
nenhuma conotação mística ou sem que o concebessem como sagrado demais a ponto
de não ser pronunciado. Em verdade, usava-se normalmente o nome de YHWH
em situações cotidianas, desde que, obviamente, se assegurasse a reverência ao
ETERNO.
No livro de Rut/Rute, Bo’az
cumprimenta os ceifeiros valendo-se do nome do ETERNO, e é cumprimentado da
mesma forma, ou seja, em uma situação informal:
Aconteceu de ela
[Rut/Rute] estar na parte do campo pertencente a Bo’az, do clã de Elimelech,
quando Bo’az chegou de Beit-Lechem [Belém]. Ele disse aos ceifeiros: ‘YHWH seja
com vocês’; e eles responderam: ‘YHWH o abençoe’. (Rut/Rute 2:3-4).
Atualmente, o Judaísmo rabínico
ensina incorretamente que o nome de YHWH não pode ser pronunciado sob nenhuma
hipótese, pois isto seria um tremendo desrespeito. Ledo engano! À luz das
Escrituras, Bo’az e os ceifeiros empregavam o nome de YHWH com respeito, porém,
em situações informais do cotidiano.
Sabemos que o profeta Yoná/Jonas
recebeu uma ordem do ETERNO para pregar a mensagem do arrependimento ao povo
ímpio de Ninvé/Nínive, porém, fugiu de sua missão e tomou um barco para
Tarshish/Társis. Houve uma terrível tempestade que ameaçava naufragar o navio
e, então, os tripulantes lançaram sortes para saber de quem seria a culpa, pois
achavam que aquilo seria um castigo dos deuses. A sorte recaiu sobre Yoná e
este falou abertamente aos gentios pagãos:
Sou hebreu e temo
a YHWH, o Elohim do céu, que criou o mar e a terra seca. (Yoná/Jonas 1:9).
Observem que Yoná revelou o nome
de YHWH para pagãos! Ou seja, não entendia Yoná que o nome de YHWH deveria ser
ocultado, pelo contrário, achou que seria bom revelar o nome do Criador dos
céus e da terra. A partir daí acontece algo muito interessante, pois Yoná pede
para que aqueles homens o lancem no mar e, logo em seguida, os gentios pagãos
começam a clamar o nome de YHWH:
Por fim, eles
clamaram a YHWH: ‘Por favor YHWH, por favor! Não nos permita perecer por causar
a morte deste homem e não nos culpes pelo derramamento de sangue inocente, pois
tu, YHWH, fizeste o que achaste justo’. (Yoná/Jonas 1:14).
Parece que os gentios terminaram
se convertendo ao ETERNO, pois jogaram Yoná no mar e a fúria da tempestade
cessou, ocasião em que:
Tomados por um
grande temor de YHWH, eles ofereceram um sacrifício a YHWH e fizeram votos.
(Yoná/Jonas 1:16).
O relato citado nos ensina uma
grande lição: se até os pagãos puderam clamar o nome de YHWH, por que nós,
servos de Yeshua HaMashiach, não podemos invocar o nome próprio do Pai
Celestial?
Se não bastassem os textos
bíblicos já citados em que o próprio YHWH ordenou que o seu nome fosse
ensinado, lembrado e invocado de geração a geração, vale registrar ainda outros
textos:
Engrandecei a YHWH
comigo; e juntos exaltemos o seu nome. (Tehilim/Salmos 34:3)
Eu louvarei ao
Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor altíssimo.
(Tehilim/Salmos 7:17)
Ó YHWH, YHWH
nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória
sobre os céus! (Tehilim/Salmos 8:1)
Em ti confiarão os
que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te
buscam. (Tehilim/Salmos 9:10)
ORIGEM DO MITO
Quando os judeus foram levados ao
cativeiro babilônico em 586 a.C, eram constantemente insultados pelos pagãos, e
estes blasfemavam o nome de YHWH. Para salvaguardar o nome do ETERNO perante os
gentios, os rabinos começaram a ensinar aos judeus que não mais poderiam
pronunciá-lo, pois seria indizível e sagrado. Desta forma, os pagãos não
conheceriam o nome do ETERNO e, consequentemente, não iriam insultá-lo.
Com o passar do tempo, já que o
nome de YHWH não era mais transmitido de pai para filho, se começou a perder sua
pronúncia.
Na época em que foi escrita a
Septuaginta (285 a 246 a.C, aproximadamente), que é a tradução do Tanach (“Antigo
Testamento”) para o grego, divulgando a palavra do ETERNO aos judeus na
Diáspora e aos gentios, os setenta e dois sábios que a traduziram escreveram
todo o texto na língua grega, porém, fizeram questão de manter o nome de YHWH
escrito em hebraico. Para muitos pesquisadores, isto indica que os sábios
tradutores tinham zelo pelo nome do ETERNO.
Infelizmente, os copistas
posteriores à Septuaginta não preservaram o nome de YHWH em hebraico,
substituindo-o pela palavra grega “kurios” (“Senhor”). Esta é a razão
pela qual as Bíblias usam o nome “SENHOR”. Então, o nome de YHWH passou a
ser substituído por eufemismos, e esta prática se alastrou antes mesmo
do primeiro século.
De acordo com o Talmud, depois da
morte do Sumo Sacerdote Sh’meon HaTsadik (310-291 ou 300-270 a.C.), o Sacerdote
parou de usar o nome de YHWH ao pronunciar as bençãos. Assim, o nome sagrado
somente poderia ser citado dentro do Templo, conforme atesta a Mishná:
“... no Santuário
é dito o Nome tal como está escrito, porém, nas províncias, usa-se um
eufemismo...” (Sotá 7:6 e 38b).
No primeiro século, Flávio Josefo
menciona que não era lícito dizer o nome de YHWH, e esta proibição parece ter
sido quase que universal em sua época:
“Moisés, não podendo, depois
do que acabava de ver e ouvir, duvidar mais do efeito das promessas divinas,
rogou a Deus que, no Egito, lhe desse o mesmo poder de fazer aqueles milagres
com que o favorecia naquele momento e acrescentasse à graça de ter-se dignado
fazê-lo ouvir a sua voz a de lhe dizer o seu nome, a fim de que ele pudesse
melhor invocá-lo quando lhe oferecesse um sacrifício. Deus concedeu-lhe esse
favor, que jamais fizera a qualquer outro neste mundo, mas não me é permitido
repetir esse nome.” (História dos Hebreus, CPAD, 2004, páginas 95 e 96).
Após a destruição do Templo em 70
d.C, o judaísmo rabínico baniu o nome de YHWH, prescrevendo uma halachá no
sentido de que o nome sagrado deveria “estar escondido” (m.Pesachim 50a)
e “ser mantido em segredo” (m.Kidushin 71a).
A nova prática instituída pelos rabinos
contraria as Escrituras, porquanto o nome de YHWH sempre foi pronunciado por
todos, tal como explicado nos textos bíblicos já citados. Vejam a
incongruência: YHWH ordenou que seu nome fosse lembrado e divulgado, e o
judaísmo rabínico decretou que o nome fosse ocultado.
Substituir YHWH por SENHOR,
ou por qualquer outro eufemismo, não é correto e viola as próprias palavras da
Torá, já que o ETERNO revelou o nome YHWH a Moshé (Moisés) e ordenou:
Este é o meu nome
para sempre; desejo ser lembrado dessa forma, geração após geração.
(Shemot/Êxodo 3:15).
Com a substituição de YHWH por SENHOR,
ADONAI [2], HASHEM [3] etc., o nome de YHWH não está
sendo lembrado!
O TERCEIRO MANDAMENTO
Explicarei a seguir qual a
conexão do nome de YHWH com o terceiro mandamento. Ao entregar as duas tábuas
com as Asseret HaDibrot (Dez Palavras ou “Dez Mandamentos”) a Moshé, foi
assim enunciado o terceiro mandamento:
Não tomarás o nome
de YHWH teu Elohim em vão; porque YHWH não terá por inocente o que tomar o seu
nome em vão. (Shemot/Êxodo 20:7).
Esta tradução está correta,
porém, o texto também pode ser traduzido de outra maneira, visto que as
palavras em hebraico possuem polivalência semântica:
לֹא תִשָּׂא אֶת־שֵׁם־יְהוָה אֱלֹהֶיךָ
לַשָּׁוְא כִּי לֹא יְנַקֶּה יְהוָה אֵת
אֲשֶׁר־יִשָּׂא אֶת־שְׁמֹו לַשָּׁוְא
Vejamos as palavras do texto. O
verbo נשא (nasa) significa “tomar”, mas
também tem o sentido de “ser levado embora” (Strong 5375). Por outro
lado, a palavra שוא (shav) significa tanto “vão”,
quanto “falsidade”, “nulidade” ou “mentira” (Strong 7723).
Então, eis a tradução literal do terceiro mandamento:
Não levará embora
[para longe] o nome de YHWH, o teu Elohim, para a mentira [ou para a nulidade],
porque YHWH não inocentará o que levar embora o seu nome para a mentira [ou
para a nulidade]. (Shemot/Êxodo 20:7).
Pela tradução literal, estabeleceu
o ETERNO o terceiro mandamento no sentido de que seria proibido levar o nome de
YHWH para longe de modo a fazer com que se tornasse uma mentira. Em outras
palavras, proibiu-se que outro nome falso ingressasse no lugar do nome de YHWH.
Quando os mestres começaram a dizer no exílio babilônico que o nome de YHWH era
impronunciável, terminaram por violar o terceiro mandamento.
É lamentável que hoje tanto o
Cristianismo quanto o Judaísmo transgridam o terceiro mandamento, visto que
ambas as religiões colocaram nomes falsos no lugar de YHWH, inclusive
substituindo-o, muitas vezes, por nomes de origem pagã!
Afirma a Encyclopedia Americana
(1945 edition) que o vocábulo, em inglês, “GOD” (Deus) é o nome de uma
divindade teutônica que era adorada pelos pagãos. Quando estes se converteram
ao Cristianismo, o termo idólatra foi utilizado para designar o Supremo
Criador.
Logo, a palavra “God”
(Deus) não deveria ser usada nas Bíblias em língua inglesa, porquanto se trata
do nome de uma divindade pagã.
Por outro lado, o nome “DEUS”
tem origem em DYEUS, chefe dos deuses do panteão proto-indo-europeu. Ensina o
American Heritage Dictionary of the English Language que DYEUS, a divindade
pagã, deu origem na mitologia grega a ZEUS. Por sua vez, Zeus significa em
latim “Deus”, sendo este nome propagado para outras línguas que tiveram
o latim por base: a) Deus (português); b) Dios (espanhol); c) Dio (italiano);
d) Dieu (francês).
Segundo o Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa, a palavra “Deus” significa “o criador do universo”;
“forças ocultas”; “espíritos mais ou menos personalizados” e “ídolo
fabricado pela mão do homem e ao qual o primitivo rende culto e atribui
determinados poderes”. Percebe-se que o conceito de “Deus”, na
Língua Portuguesa, não corresponde exatamente ao conceito bíblico do Criador
dos céus e da terra.
Por essa razão, sempre optamos
por usar títulos semitas (Elohim), ou o aportuguesado “ETERNO”, que é
usualmente empregado nos círculos judaicos. Não obstante, não compartilhamos
com o radicalismo de alguns que chegam a proibir o vocábulo “Deus”,
afirmando que este seria, na verdade, “Zeus”, o chefe do panteão dos
deuses gregos. Quando, por exemplo, um discípulo de Yeshua ora a “Deus”,
não está invocando o ser da mitologia grega, mas sim o Elohim de Yisra’el. Na
Língua Portuguesa, “Deus” não é, necessariamente, sinônimo de “Zeus”,
inferindo-se daí que a palavra “Deus” pode ou não assumir significado
pagão, dependendo do contexto [4].
Quanto à palavra “SENHOR”,
esta não tem origem pagã, como alguns equivocadamente pensam. Contudo, se entende
que as Bíblias atualmente vendidas não deveriam substituir o nome de YHWH por
SENHOR, haja vista que o ETERNO determinou que deveria ser lembrado por meio de
seu nome próprio: YHWH.
Da mesma maneira, o Judaísmo está
errado ao trocar o nome de YHWH por eufemismos como HASHEM [5] ou
ADONAI [6]. Consequentemente, colocar outros nomes no lugar de YHWH
implica transgressão ao terceiro mandamento, porquanto se termina por “levar
embora” o nome do ETERNO, substituindo-o por um nome falso. Insta repetir o
terceiro mandamento, extraída da tradução literall:
Não levará embora
[para longe] o nome de YHWH, o teu Elohim, para a mentira [ou para a nulidade],
porque YHWH não inocentará o que levar embora o seu nome para a mentira [ou
para a nulidade]. (Êxodo/Shemot 20:7).
YESHUA E O NOME DE YHWH
Diante do que já foi exposto, a
partir do exílio babilônio se começou a perder a pronuncia o nome de YHWH.
Todavia, alguns sábios mantiveram o nome do ETERNO em seus lábios, inclusive os
mestres da Septuaginta. Estes, ao escreverem o texto em grego e preservarem o
nome de YHWH em hebraico, sabiam a correta pronúncia. Isto no século II a.C.
Quando Yeshua veio à terra, o
nome de YHWH praticamente havia se perdido, apesar de alguns mestres o
conhecerem. Flávio Josefo, por exemplo, foi um parush (fariseu) contemporâneo
de Yeshua, oriundo de família sacerdotal, tendo escrito a maior obra acerca da
história do povo de Israel.
Josefo conhecia o nome de YHWH,
mas não ousava dizê-lo abertamente, uma vez que em sua época pairava a ideia
acerca da impronunciabilidade do nome do ETERNO, conceito equivocado que
persiste até os dias de hoje no Judaísmo. Escreveu Flávio Josefo acerca do nome
de YHWH escrito na cobertura da cabeça do Kohen Gadol (Sumo Sacerdote):
Nele estava
escrito o Nome Sagrado. Ele consistia de quatro vogais. (Guerras 5:5:7).
Falou Josefo sobre quatro vogais
que estariam associadas às quatro consoantes do tetragrama (YHWH), formando-se,
então, a pronúncia do nome do ETERNO.
Fez-se menção ao testemunho de
Flávio Josefo para demonstrar que já na época de Yeshua havia pessoas que
conheciam o nome do ETERNO, mas não o declaravam em público, provavelmente com
medo da represália que viria dos religiosos ortodoxos, defensores da
impronunciabilidade do tetragrama.
O Talmud, escrito pela facção
judaica que se opôs a Yeshua, reconhece que este conhecia o tetragrama YHWH. Em
uma paródia denominada Toledot Yeshu, em que se deprecia o Mashiach, conta-se
que Yeshua realmente realizou milagres e prodígios, visto que conhecia o poder
do Nome do Altíssimo, tendo acesso ao tetragrama YHWH.
Prossegue o Talmud contando a
lenda de que Yeshua, quando estava com seus 13 anos em Yerushalayim
(Jerusalém), entrou no Santo dos Santos do Templo e, ocultando-se, ouviu os
anjos pronunciando o nome do ETERNO. Por
ser esperto e suspeitando que os anjos poderiam apagar sua memória, Yeshua
riscou o nome do ETERNO em um pedaço de couro, cortou-o e cortou sua pele,
colocando o nome de YHWH sob sua pele, usando em seguida o nome sagrado para
curar a ferida. Ao sair do Templo, os anjos apagaram sua memória, porém,
posteriormente Yeshua lembrou-se do pedaço de couro, cortou sua pele e teve
acesso ao nome do ETERNO. Alega esta fábula que Yeshua realizava milagres por
conhecer o nome de YHWH.
Esta história, por mais que seja
mentirosa, tem dois aspectos importantes:
1) até mesmo aqueles que negam
Yeshua reconhecem que ele realmente fez milagres;
2) confirma que Yeshua
conhecia o tetragrama YHWH.
É óbvio que Yeshua conhecia o
Nome de YHWH, pois Yeshua é YHWH que se fez carne e habitou entre nós (vide
Yochanan/João 1:1 e 14, bem como o texto em aramaico de Filipissayah/Filipenses
2:11).
Yeshua fez questão de revelar não
só o caráter do Criador, como também o verdadeiro nome do ETERNO, restaurando o
que estava praticamente perdido:
E eu lhes fiz
conhecer o teu Nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens
amado esteja neles, e eu neles esteja. (Yochanan/João 17:26).
Por que Yeshua revelou o nome de
YHWH a seus discípulos? Para que fosse cumprido o mandamento de que o nome de
YHWH seria lembrado de geração a geração, ou seja, para sempre (Shemot/Êxodo
3:15). E mais: de acordo com a tradição judaica, o nome sagrado voltaria a ser
pronunciado depois da redenção promovida pelo Mashiach (Talmud Bavli,
m.Pessachim 50a). Ainda que a completa redenção do mundo não tenha se
consumado, Yeshua é o Mashiach, e tem toda a autoridade para restaurar o nome
sagrado, cuja pronúncia foi proibida mediante violação das Escrituras.
Assim, se Yeshua revelou o nome
de YHWH a seus discípulos, significa que o Mashiach quis expressamente que o
nome do ETERNO fosse conhecido, caindo-se mais uma vez por terra a teoria
moderna de que o Altíssimo não quer mais revelar o seu nome.
Aliás, no Sefer Tehilim (Livro de
Salmos), o Salmo 22, que é nitidamente messiânico, contém a profecia de que o
Mashiach iria divulgar o nome de YHWH a seus irmãos, para que o nome santo
fosse louvado:
Então declararei o
teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação. Vós, que temeis a
YHWH, louvai-o; todos vós, semente de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós,
semente de Israel. (Tehilim/Salmos 22:22,23)
Ao escrever Ma’assei Sh’lichim
(Atos dos Emissários), Lucas cita expressamente a profecia de Yo’el (Joel) em
que o nome de YHWH é mencionado. Ou seja, os emissários (“apóstolos”)
devem ter transmitido o nome do ETERNO para Lucas. Comparemos os textos de
Lucas e Yo’el:
Então todo que
invocar o nome de YHWH será salvo. (Ma’assei Sh’lichim/Atos 2:20).
E há de ser que
todo aquele que invocar o nome do YHWH será salvo. (Yo’el/Joel 2:32).
Ademais, Yeshayahu (Isaías)
profetizou sobre a vinda do Mashiach nos capítulos 52 e 53, sendo que neste
contexto o profeta escreveu as palavras do próprio ETERNO:
Portanto o meu
povo saberá o meu Nome. (Yeshayahu/Isaías 52:6).
No versículo acima, o ETERNO
declara que o seu povo conheceria o seu Nome e esta profecia está no contexto
da vinda do Mashiach Yeshua. Então, mais uma vez se conclui que Yeshua tornou
conhecido o nome do ETERNO aos nazarenos (Yochanan/João 17:26).
Logo, quem é verdadeiro discípulo
de Yeshua tem o privilégio de conhecer e de exaltar o nome de YHWH:
Em ti, pois,
confiam os que conhecem o teu Nome, porque tu, YHWH, não desamparas os que te
buscam. (Tehilim/ Salmos 9:10)
Uns confiam em
carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o Nome de YHWH,
nosso Elohim. (Tehilim/ Salmos 20:7)
Eu, porém,
renderei graças a YHWH, segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao Nome de
YHWH Altíssimo. (Tehilim/ Salmos 7:17)
Mas regozijem-se
todos os que confiam em ti; folguem de júbilo para sempre, porque tu os
defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu Nome. (Tehilim/ Salmos 5:11)
Engrandecei a YHWH
comigo, e todos, à uma, lhe exaltemos o Nome. (Tehilim/ Salmos 34:3)
Aqueles que creem em Yeshua
HaMashiach devem fazer uso do nome de YHWH com reverência, louvando-o,
exaltando-o, amando-o e proclamando-o.
COMO SE PRONUNCIA O NOME DE
YHWH?
A maioria dos especialistas
afirma que o nome de YHWH é transliterado da seguinte maneira: YAHWEH. A este
respeito, existem incontestáveis provas arqueológicas, históricas e
linguísticas que ratificam a transliteração como YAHWEH, o que será visto mais
adiante. Agora, será focada a pronúncia do nome de YHWH.
O vocábulo YAHWEH pode ser divido
em três elementos. Vamos analisar cada um:
1) YA – produz o seguinte som
em língua portuguesa: IÁ;
2) HW – o hê (H) possui o som
de R, enquanto o waw (W), no radical paleo-hebraico da palavra, dá o som de U.
Assim, temos o som de HU, que no português é RU (tal como o “ru” da palavra
“rua” ou “ruivo”);
3) EH – possui o som de É
(dependendo do sotaque, o som pode ser de Ê).
Ora, unindo-se os três passos
acima, chegamos à seguinte pronúncia: IÁ-RU-É (ou IÁ-RU-Ê, dependendo do
sotaque), frisando-se que a sílaba “RU” produz o som que se encontra no
vocábulo “rua”. Então, o nome de YHWH tem o seguinte som em língua
portuguesa: IARUÉ (ou IARUÊ). Esta é a conclusão dos maiores especialistas,
todos fundamentados em elementos linguísticos, históricos e arqueológicos.
Existe outra pronúncia possível
em razão da diversidade de sotaques existentes entre os antigos hebreus. Observando o passo 2 acima, foi dito que o
som produzido é de RU. Não obstante, a letra hê (H) pode não ser pronunciada,
tal como ocorre atualmente, em que muitos judeus não emitem seu som. Então, o
RU se transforma em U. Daí, a fonética ficaria assim: IÁ-U-É (ou IÁ-U-Ê, com
sotaque diferente).
Alguém pode ficar surpreso com a
diversidade de sons, porém, isto é muito comum. Pense que muitas palavras do
inglês britânico recebem pronúncia diferente no inglês norte-americano. No
Brasil, o sotaque do nordestino é diferente do paulista, e este, por sua vez, é
diferente do sotaque carioca. Ou seja, a diversidade fonética é um fenômeno
comum das línguas.
Em conclusão, destacamos as
possíveis maneiras de se falar o nome de YHWH, consoante as lições dos mais renomados
especialistas:
1) IÁRUÉ [7] (a
letra “e” também admite uma pronúncia fechada, ficando assim: IÁRUÊ) [8];
2) IÁUÉ (a letra “e” também
admite uma pronúncia fechada, ficando assim: IÁUÊ).
Com fulcro em todos os textos
bíblicos, os netsarim (nazarenos) costumam orar e cantar ao ETERNO se valendo
da fonética apresentada acerca do nome de YHWH.
A seguir, apresento as provas
contundentes acerca da pronúncia acima exposta do nome de YHWH, pautadas nas
Escrituras e em dados arqueológicos, linguísticos e históricos.
A PRONÚNCIA DO NOME DE
YHWH: EVIDÊNCIAS BÍBLICAS, ARQUEOLÓGICAS, LINGUÍSTICAS E HISTÓRICAS
O tetragrama YHWH é composto das
seguintes letras hebraicas: יהוה.
Vejamos a pronúncia das duas primeiras letras (YH): יה.
As duas letras iniciais aparecem
em vários salmos e há um consenso entre todos os estudiosos que sua pronúncia é
YAH (em português: IÁ). Verbi gratia, a Concordância Strong em Língua Inglesa
afirma que “Yah é o nome do Deus de Israel” (Strong 3050), pronunciando-se
como יָה (em inglês: Yah; em português: Iá).
Eis alguns exemplos extraídos
diretamente dos textos em Hebraico em que consta o nome YAH (som em português:
Iá):
Cantem a Elohim,
cantem louvores a seu nome; exaltem aquele que cavalga sobre as nuvens por seu
nome, יָה [YAH]; e alegrem-se em sua presença.
(Tehilim/Salmos 68:5; versões cristãs: Sl 68:4).
Recordarei os
feitos de יָה [YAH]; sim, recordarei teus antigos
milagres. (Tehilim/Salmos 77:12; versões cristãs: Sl 77:11).
Quem é poderoso
como tu, יָה [YAH]? (Tehilim/Salmos 89:9; versões
cristãs: Sl 89:8).
Feliz é o homem a
quem tu corriges, יָה [YAH], a quem ensinas a tua Torá.
(Tehilim/Salmos 94:12).
Aliás, o nome em português “Aleluia”
advém da expressão hebraica “Haleluyah”, que significa “Louvem a Yah”,
e que é mencionada em diversos Salmos (ex: Sl 104:35; Sl 105:45; Sl 106:1; Sl
106:48; Sl 11:1; Sl 112:1 etc).
Além das Escrituras Sagradas, há
prova arqueológica de que o bigrama YH seja pronunciado como Yah (“Iá”). Em
hieróglifos egípcios escritos com sinais vocálicos, o An Egyptian Hieroglyphic
Dictionary, de autoria de E. A. Wallis Budge, assevera que o nome do ETERNO
resumido é pronunciado como “YA” ou “IA”.
Logo, tem-se absoluta certeza de que o nome do Altíssimo começa com YAH (som de “Iá”). Por esta razão, está incorreto o nome YEHOVÁ, pois se inicia com YE, e não com YAH. Também é errôneo o nome JEOVÁ, visto que:
a) este se inicia com JE e não
com YAH;
b) não existe a letra “j”
(jota) em hebraico, razão pela qual é impossível que o ETERNO fosse chamado
pelos israelitas por meio de um som inexistente em tal idioma [9].
Após o estudo das duas iniciais
letras do nome do ETERNO, acrescentaremos a terceira letra, W (ו), formando-se o trigrama YHW (יהו). Sabemos que as duas primeiras letras dão
o som de YAH (“Iá”, em português). Ao acrescentarmos a terceira letra,
qual a sonoridade obtida?
Existem vários nomes teofóricos
na Bíblia em que consta o trigrama, o que nos dá a evidência de sua pronúncia.
Nome teofórico é o nome de uma
pessoa formado pelo nome do ETERNO. Exemplos:
a) Yeshayahu (Isaías), é
composto pelo prefixo “yesha” (salvação) e “Yahu” (nome do trigrama do ETERNO),
daí, Yeshayahu (Isaías) significa que YAHU (o ETERNO) é a salvação;
b) Yirmeyahu (Jeremias) provém
do prefixo “Yirme” (ser exaltado) e “Yahu” (o nome do trigrama do ETERNO),
denotando Yirmeyahu (Jeremias) que YAHU (o ETERNO) é exaltado.
Estes dois exemplos apontam que a
pronúncia do trigrama (YHW) é YAHU [10]. Já que o “h” (letra
hebraica hê) tem o som de “r”, YAHU se pronuncia em língua portuguesa
como “Iáru” [11].
Há aproximadamente 60 personagens
bíblicos que são designados pelo nome YAHU. Eis apenas alguns exemplos: Eliyahu
(Elias); Abiyahu (Abias); Tobiyahu (Tobias); Uriyahu (Urias); Adoniyahu
(Adonias); Malkiyahu (Malquias); Matityahu (Matitias/Mateus); Ataliyahu
(Atalia); Ygdaliyahu (Jigdalias); Remalyahu (Remalias) etc. Todos estes nomes
constam das Sagradas Escrituras e não existe dúvida entre os linguistas de que,
nestes casos, o ETERNO é chamado de YAHU.
À luz das Escrituras, percebe-se
que o trigrama é pronunciado como YAHU (Iáru [12], em português).
Não obstante, para ocultar o nome do ETERNO, consoante os motivos já expostos,
os massoretas [13] passaram a transcrever as Escrituras hebraicas
mediante o seguinte critério:
a) em toda a palavra iniciada
pelo trigrama, foi substituído o nome correto YAHU pelo falso nome YEHO. Daí, o
nome de Yahushua (“Josué”) foi transformado em Yehoshua;
b) quando o trigrama aparecia
no final da palavra, foi mantida a forma correta (YAHU), tal como em Yeshayahu
(Isaías), Yirmeyahu (Jeremias) etc.
Em síntese, os massoretas
preservaram a correta pronúncia do nome YAHU quando este servia de sufixo,
porém, quando tal nome vinha como prefixo, YAHU foi adulterado e substituído
por YEHO. E por que esta alteração?
Porque os massoretas queriam
manter o nome do ETERNO impronunciável, e o prefixo do trigrama, se recebesse
os sinais vocálicos corretos, revelaria o correto modo de dizer. Para atingir
tal escopo, criaram um nome falso com o intuito de tornar secreto o nome
verdadeiro. Assim, pegaram as vogais do nome “ELOAH” (“Deus”) e a
transplantaram para o tetragrama YHWH, gerando o incorreto nome YEHOVÁ.
Acompanhe o processo:
a) ELOAH possui três vogais:
E, O, A.
b) foram aplicadas as três
vogais (E, O, A) no tetragrama YHWH;
c) somando-se as consoantes
YHWH com as vogais citadas (E, O, A), foi criada a palavra YEHOVA (YEHOVÁ é
assim pronunciado em português: Ierová [14]);
d) daí, começou-se a divulgar
e mentira de que o nome do ETERNO é YEHOVÁ.
Ao se criar o falso vocábulo
YEHOVÁ, que consta até hoje dos textos em hebraico vocalizados, os massoretas
conseguiram ludibriar as pessoas, ocultando o verdadeiro nome, em razão do
falso mito de que o nome de YHWH não pode ser falado. Esta é a razão pela qual
o nome de “Josué” está grafado erroneamente como YEHOSHUA, já que o YE
de YEHOSHUA provém do YE de YEHOVÁ. Em verdade, o nome de Josué é YAHUSHUA.
Sobre as adulterações promovidas
pelos massoretas, vale consultar o rabino James Trimm:
“O Texto
Massorético transliterou todos os nomes que começam com o ‘trigrama’ (as três
primeiras letras do Sagrado nome) como ‘Yeho’, porém, todos os nomes que
terminam com o trigrama [foram transliterados] como ‘yahu’. Isto ocorreu porque
os massoretas transplantaram as vogais do nome hebraico de ELOAH (“Deus”) para
dentro do nome YHWH, formando a palavra YeHoWaH” (Hebraic Roots Version
Scriptures, 2009, página 37).
Existe uma prova adicional de que
o trigrama seja YAHU e não YEHO. A Bíblia Peshitta foi escrita em aramaico,
língua que, além do hebraico, era de domínio de Yeshua e de seus discípulos.
Esta versão das Escrituras foi usada pelos falantes de aramaico, ou seja,
assírios, sírios e caldeus. No quarto século d.C, isto é, bem antes dos
massoretas, foram criados sinais vocálicos para os textos em aramaico, e os
nomes teofóricos não foram escritos como YEHO, o que comprova a incorreta
substituição de YAHU por YEHO.
Se não bastasse, descobertas
arqueológicas localizaram em Nippur antigos textos de Murashu, escritos em
aramaico cuneiforme, datados de 464 a 404 a.C. Em tais manuscritos as palavras
estão vocalizadas, e há inúmeros nomes teofóricos redigidos como YAHU, e em
nenhum caso se encontra o nome YEHO (Patterns in Jewish Personal Names in the
Babylonian Diasporia, M.D. Coogan; Journal for the Study of Judaism, Vol. IV,
No. 2, p. 183f ).
Pois bem. Vimos que o bigrama
(YH) se pronuncia como Yah (Iá) e o trigrama (YHW) como Yahu (Iáru[15]). Mas e
o tetragrama? Qual é o som da letra faltante? Existem provas de que a pronúncia
correta seja YAHUEH [16]?
Clemente de Alexandria (150 a 215
d.C) e um antigo papiro grego apontam que a quarta letra do nome sagrado é “E”.
Daí, YAHU + E = YAHUE (em português: Iarué ou Iaruê; em inglês: Yahueh).
Ao analisar inúmeros manuscritos
contendo o nome de YHWH, concluiu o rabino James Trimm que a pronúncia correta
é YAHUEH [17], em concordância com os maiores especialistas sobre o
tema:
“Está claro quando
se examinam as muitas fontes que a pronúncia de YHWH pode ser recuperada como
YAHUEH, por vezes abreviada como o YAHWEH [18], YAHU ou YAH. Isto é
atestado pelos nomes Yahwíticos [teofóricos] do texto Massorético, da Peshitta
aramaica e dos textos Murashu. A verdadeira pronúncia de YHWH também é
preservada em antigas transliterações do nome escrito em hieróglifos egípcios,
cuneiforme e grego, os quais foram escritos com vogais.” (Nazarenes and the
Name of YHWH).
CONCLUSÃO
À luz das Escrituras, extrai-se
que o ETERNO revelou o seu nome a Moshé (Moisés) e ordenou que seu nome próprio
fosse lembrado por todas as gerações e para sempre, sendo líquido e certo que
os israelitas pronunciavam o nome de YHWH em situações do cotidiano,
inexistindo qualquer proibição bíblica de dizer com reverência o nome sagrado.
O receio de se falar o nome de
YHWH começou durante o cativeiro babilônico, e se tornou indizível e
impronunciável por meio da equivocada decisão do judaísmo farisaico. Com o
passar do tempo, o nome de YHWH caiu no esquecimento do povo. Contudo, o nome
santo nunca deveria ter sido esquecido, porquanto o Tanach (“Antigo Testamento”)
determina que seja lembrado, louvado e invocado o nome de YHWH.
Yeshua e os nazarenos conheciam a
correta pronúncia do nome sagrado, e a restauração do verdadeiro nome deve ser
buscada pelos nazarenos do século XXI, pois faz parte de previsões proféticas
para o povo do ETERNO:
Portanto, eu os
farei conhecer, de uma vez por todas, eu os farei conhecer minha força e meu
poder. Então eles saberão que meu nome é YHWH [Iarué/Iaruê].
(Yirmeyahu/Jeremias 16:21).
Pois transformarei
os povos, para que eles recebam lábios puros para invocar o nome de YHWH
[Iarué/Iaruê]. (Tz’fanyá/Sofonias 3:9).
Por isso, meu povo
conhecerá meu nome. (Yeshayahu/Isaías 52:6).
Pois eu lhes digo
que vocês não me verão mais, até que digam: ‘Bendito o que vem em nome de YHWH
[Iarué/Iaruê]’. (Matityahu/Mateus 23:39).
E YHWH
[Iarué/Iaruê] reinará sobre toda a terra. Naquele dia, YHWH [Iarué/Iaruê] será
o único, e seu nome será o único nome. (Zecharyah/Zacarias 14:9).
Notas
________________________________________
[1] Nas traduções para a
Língua Portuguesa, os tradutores substituíram o tetragrama YHWH pelo nome
“SENHOR”, em letras maiúsculas.
[2] O Judaísmo chama YHWH de
ADONAI, que significa “Meu Senhor”.
[3] HaShem é um eufemismo para
o nome sagrado, denotando literalmente “o Nome”.
[4] Exemplo: quando um
feiticeiro invoca seu “Deus”, este nome possui significado pagão. Quando um
judeu temente ao ETERNO ora a “Deus”, tal prece não denota qualquer tipo de
idolatria.
[5] Em hebraico, significa “O
Nome”.
[6] Significa, na Língua
Hebraica, “Meu Senhor”.
[7] Lembre-se que o “ru” tem o
mesmo som da palavra “rua”.
[8] O “ru” tem o mesmo som da
palavra “rua”.
[9] Aliás, a letra “j” (jota)
também não existe em aramaico, siríaco antigo, grego e em latim. Tal letra foi
criada recentemente, nos últimos cinco séculos.
[10] O som de “u” da palavra
YAHU advém da letra waw (W), que pode receber tal som em hebraico.
[11] O “r” de “IÁRU” possui um
som duro, como em “rua”, “rude”, “ruivo”; e não um som suave como “barato”,
“camarada”.
[12] O “ru” tem o mesmo som da
palavra “rua”.
[13] Os massoretas foram
escribas responsáveis por transcrever e gerar cópias das escrituras sagradas
durante os séculos VI a XI d.C. Já que a língua hebraica não possui vogais,
apenas consoantes, os massoretas criaram vários sinais vocálicos para tentar
preservar a pronúncia correta das palavras.
[14] O “r” de “Ierová” é duro,
tal como em “carro”, e não flexível, como em “barato”, “caro”.
[15] O “ru” tem o mesmo som da
palavra “rua”.
[16] Como já lecionado, em
português as pronúncias possíveis do nome de YHWH, dependendo do sotaque, são:
Iarué/Iaruê ou Iaué/Iauê.
[17] Em português: Iarué ou
Iaruê.
[18] Aqui, a letra vav (W) tem
som de “u”. Logo, YAHWEH produz o som de Iaué/Iauê.
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