Considere a seguinte perspectiva:
Tanto uma pessoa Otimista quanto a Pessimista são “crentes em algo”, porém
cada uma é responsável por sua própria visão das coisas em sua volta. Habitualmente,
vemos aquilo que nós queremos ver. Como Yeshua costumava dizer: “seja feito
para você, de acordo com sua fé (confiança ou fidelidade)” (Mateus 8:13, 9:29).
Há uma história interessante que fala
de dois jovens que queriam retratar em seus quadros a essência da beleza. Ambos
saíram procurando capturar a essência da beleza em suas pinturas. Um dos
artistas procurou por todos os lados a “face perfeita de beleza”, porém
nunca encontrou. Tragicamente, ele mais tarde desistiu da pintura e viveu
desconsolado. O outro artista, no entanto, simplesmente pintou cada face que
viu e procurou encontrar a beleza em cada uma delas.
O olho do talmid (discípulo)
A maneira pela qual escolhemos
ver é uma decisão “espiritual”. Os rabinos da antiguidade ensinavam:
“Quem tem as três seguintes
características está entre os discípulos do nosso pai Abraão (Avraham Avinu); e
quem tem os três diferentes traços destas características está entre os
discípulos do maléfico Balaão (Bil’am): aqueles que têm um Ayin Tovah – ‘olho
bom’ (Generoso), Ruach Nemucha – humilde de espírito e Nefesh Shefalah –
Mansidão, são os discípulos do nosso pai Abraão. Mais quem tem um Ayn haRá – ‘olho
mal’ (invejoso), Ruach Gevoha – Arrogância e Nefesh Rechava – Ganância, são
discípulos de Balaão o ímpio” Mishná: Pirke Avot 5:22. (Confira Lucas 11:34-35)
De acordo com estes antigos sábios,
a diferença entre os discípulos Avraham e os discípulos de Balaão estão na
presença (ou ausência) destas três Midot haLev (Qualidades do coração),
embora a mais importante delas seja o Ayin Tovah – “o olho bom”
(generosidade, gratidão… confira Gálatas 5:22).
O olho de Avraham
Mas o que é Ayn Tovah – “O
olho bom” (Lucas 11:34-35)? Seria uma metáfora para encontrar o bem em cada
circunstância da vida, não importa o quanto seja difícil? Seria a prática de um
“jeito alegre de levar a vida” e que acredita que tudo vai dar certo no
final? Ou viver reinterpretando os acontecimentos ruins como uma experiência
para suportar a filosofia que este é o “melhor dos mundos possíveis”?
Rashi (1040-1105) ensinava que
aquele com um Ayin Tovah – “olho bom” estima a honra dos outros
como a sua própria: é um “olho” que respeita e valoriza o que ele vê.
(Gálatas 5:22)
Maimônides (1135-1204) dizia que
o Ayin Tovah – “olho bom” é a capacidade de estar satisfeito com
o que se têm na vida e alegra-se com os êxitos dos outros: é um “olho” livre do
espírito de inveja e ganância.
Outros rabinos dizem que o Ayin
Tovah – “olho bom” indica um espírito generoso e de gratidão em
relação aos outros: É um olhar dirigido para o exterior, que irradia conforto e
vê as necessidades do próximo. Uma pessoa com um Ayin Tovah – “olho
bom” olha para as coisas na perspectiva do amor. Um Ayin Tovah – “olho
bom” olha para as circunstâncias e, especialmente, nas que envolvem o
próximo, para encontrar algo de bom e belo…
Não há nenhum vestígio de “concorrência”,
inveja, maldade; não há nenhum traço de ressentimentos ou amargura. Uma pessoa
com Ayin Tovah – “olho bom” ignora os defeitos do próximo e vê a
virtude e o valor de cada pessoa criada b’tzelem Elohim (na imagem de
Elohim – 1 João 4:7-8)
As Escrituras declaram:
O que vê com bons
olhos será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre.
Provérbios 22:9
O ‘olho’ de Bil’am
O Ayin haRá – “Olho Mal”
não quer ver o bem nos outros, mas relaciona-se com outras pessoas como se
fossem “ameaças”. É o “olho” do medo, da inveja, da maledicência,
da ganância e do preconceito. Por esse motivo esta pessoa não será boa para com
os outros, uma vez que é (inevitavelmente) consciente de si e das suas próprias
imperfeições, e o “bem-estar alheio” o leva a acusar a si mesmo da sua
própria “doença na alma”. (Gálatas 5:19-21)
Esta pessoa racionaliza sua
perspectiva ruim, e cinicamente dúvida das motivações dos outros, chamando o
bem de mal e mal de bem. Essa visão deturpada provoca uma inversão de valores,
no qual o que é importante é considerado insignificante, e vice-versa. Eventualmente,
essa maneira de ver leva à “loucura”, e uma negação fixa de tudo o que é
digno e de valor.
Quando o “olho” é mal (Ayin
haRá) ele se torna escravo dos propósitos do pecado e do Yetzer HaRá
(inclinação para o mal – desejos da carne).
Rashi ensinava:
“O coração e os
olhos são espias do corpo e podem levar uma pessoa a desviar. Os olhos vêem, o
coração cobiça e o corpo transgride”
Ensina o Talmud na Gemará:
“[...] que 9 de 10
pessoas morrem por causa do seu Ayin haRá (ganância, inveja, soberba…) um outro
ensina que a Lashon haRá (maledicências) e Ayin haRá (ganância, inveja, soberba…)
causam a Tzara’at Ayin – O ‘Olho leproso’, isto é, aquela pessoa que para ela é
impossível olhar para coisas e a vida positivamente.”
Como Yeshua ensinou:
A candeia do corpo
é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples (Ayim Tovah), também todo o teu corpo
será luminoso; mas, se for mau (Ayim haRá), também o teu corpo será tenebroso. Vê,
pois, que a luz que em ti há não sejam trevas. Lucas 11:34,35
Tragicamente, é possível ter um Ayin
haRá - “Olho Mal”, na direção do próprio Elohim. Quando temos
dúvidas quanto a sua bondade ou vivemos sempre com medo do futuro, não somos diferentes
do “servo que via Elohim como um carrasco” – “Tive medo do senhor,
porque sei que é um homem duro, que tira dos outros o que não é seu e colhe o
que não plantou”. (Lucas 19:21)
Nossa falta de confiança remove a
luz do nosso caminho e até que nos encontremos no poço do desespero, não será
possível ver o caminho a percorrer: “Portanto, caso a luz que em ti há sejam
trevas, que grandes trevas serão!” (Mateus 6:23).
Os olhos da fé
Ayin Tová – “Olho Bom”
é o olhar da fé, da esperança e do amor. É a perspectiva do Reino de Elohim.
Enxergar o próximo com Ayin
Tová – “Olho Bom” o ajuda a acreditar no seu valor, e que, por sua
vez, ajuda a superar o mundo em que vive.
Ayin Tová – “Olho Bom”
nos leva a viver pelo princípio da Tzedaká (Justiça – caridade). Portanto,
é um meio de reparação de nosso mundo (Tikun Olam), convidando o melhor
de si para ser divulgado sem medo.
É uma mensagem de amor e de graça
para outros em nossas vidas: “você é importante; você é valioso; você importa;
sua vida tem significado eterno...”
Escolhendo ver o melhor nos
outros muitas vezes o leva a ver o seu verdadeiro valor.
Autor Desconhecido
Texto revisado por Francisco Adriano
Germano
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