Entenda como a Doutrina da
Trindade nega a soberania do Elohim único e verdadeiro.
A ausência de hierarquia na
Doutrina da Trindade é uma forma de auto harmonização, que visa lhe dar
coerência interna. Se Elohim é um só, mas formado por três pessoas iguais em
natureza, essas pessoas, por uma razão lógica, devem ocupar idêntico nível
hierárquico. Caso contrário, a doutrina desmorona.
É por isso que na crença trinitária,
ao ensinar-se que o Pai e o Filho são coeternos e possuidores de todos os
atributos da divindade, não cabe entre eles nenhum indício de hierarquia ou
subordinação, como vemos nesta citação de um livro que detalha oficialmente a
doutrina adventista:
"Não existe
distância entre as pessoas da divindade. Todas elas são divinas, e assim
compartilham seus poderes e qualidades divinas. Nas organizações humanas, a
autoridade final repousa sobre uma pessoa - um presidente, rei ou
primeiro-ministro. Na economia da divindade, a autoridade final reside sobre os
três membros." Nisto Cremos, pág. 42.
A eliminação da hierarquia
divina é, portanto, um dos pilares da Doutrina da Trindade. Mas, ao
negar que existe hierarquia entre o Pai e Seu Filho, a Doutrina da Trindade
coloca as duas pessoas divinas no mesmo nível, status, perante o universo e,
automaticamente, elimina a soberania do Pai. Assim, o que a Bíblia afirma, a
Doutrina da Trindade nega e aquilo que a Doutrina da Trindade afirma, a Bíblia
nega.
Todas as vezes que a Bíblia
afirma uma hierarquia entre o Pai e o Filho, os trinitários se utilizam de um
argumento fraco e inconsistente para não aceitar a clara e precisa verdade
bíblica.
A Bíblia, numa fala do próprio Yeshua,
afirma que o Pai é maior do que o Filho: "O Pai é maior do que eu"
(João 14:28). Desse modo, a Bíblia apresenta, com clareza irrefutável, que o Messias
está hierarquicamente sujeito ao Pai.
Os trinitaristas, não podendo
anular o claro texto bíblico que faz essa afirmação, oferecem uma interpretação
ao texto que beira a irracionalidade ou mesmo a negação pura e simples da
intenção do autor bíblico.
"Não há nenhuma sugestão
na Escritura de que o Filho e o Espírito Santo estejam subordinados ao Pai. As
passagens que falam do Pai como maior que o Filho (João 14:28), ou conhecendo
mais que o Filho (Marcos 13:32) referem-se às limitações que Cristo se impôs
como homem enquanto esteve aqui na terra." Em Plena Certeza, Comissão da
Escola Sabatina da Associação Geral, Centro Adventista de Artes Gráficas e
Multímidia, pág. 18
Essa afirmação oficial da Igreja
Adventista demonstra sua própria falta de compreensão da Doutrina da Trindade.
Mais que isso, a afirmação acima fere um dos pilares da própria doutrina
trinitária. Afinal, a doutrina das duas naturezas do Messias anda de mãos dadas
com a Trindade e, para as duas serem verdade, não pode existir contradição
entre uma e a outra. Porém, contradição é o que mais se percebe entre ambas.
Só para lembrar, segundo os trinitários,
Yeshua era uma pessoa com duas naturezas, a divina e a humana. Uma pessoa e
duas naturezas. E os trinitaristas concluem, então, que, quando a Bíblia fala
de hierarquia entre o Pai e o Filho, ela esteja falando dentro da condição
humana do Messias.
Os trinitários não percebem que a
vontade e o exercício da vontade pertencem não à natureza e, sim, à pessoa.
Quando o Messias afirma que o Pai é maior do que ele, quem afirma é a pessoa do
Messias e não sua natureza humana.
Ou seja, os trinitários afirmam
que a natureza humana do Messias era submissa ao Pai e conhecia menos que o Pai,
enquanto a sua natureza divina não era submissa ou subordinada ao Pai e sabia
tanto quanto o Pai.
O homem como pessoa é indivisível.
Elohim criou a pessoa humana como um ser indivisível. Ele, a pessoa humana é a
união do barro (matéria) e com fôlego da vida (espírito). A união destes dois
elementos é o que forma o homem. A natureza humana é o barro que ganhou vida
com o sopro de Elohim.
O homem, a pessoa humana, foi
feito alma vivente quando ocorreu a união do barro com o fôlego da vida. O
Messias, portanto, não pode ser dividido. Ele era humano como qualquer outro
ser humano, mesmo tendo sido Elohim feito homem.
A vontade pertence à pessoa, a
vontade é exercida pela pessoa, o conhecimento também pertence à pessoa e a
pessoa é o resultado da união da natureza humana (barro) com o sopro da vida
(espírito). Portanto, é loucura querer separar a pessoa de sua natureza. A
natureza sozinha é barro e o fôlego sozinho é apenas uma manifestação do poder
de Elohim.
Natureza e hierarquia
Existe, sim, um claro
relacionamento hierárquico entre o Pai e o Filho. E não é o fraco e
inconsistente argumento trinitário que vai impedir que os amantes da Verdade o
enxerguem.
A hierarquia não diminui em nada
a pessoa do Messias. Não torna o Único Filho de Elohim menor do que Elohim em
substância, essência e natureza. A hierarquia possui o caráter de ordenamento, de
estabelecer status entre pessoas iguais. Ela existe entre os anjos, entre os
homens e entre todas as criaturas de Elohim.
Negar a existência de hierarquia
é negar a soberania do Pai e ter que admitir a presença de um deus impessoal e
sem rosto, ou mesmo admitir o politeísmo.
A hierarquia torna possível a
crença em um único Elohim PESSOAL e a presença de Yeshua HaMashiach
como único Filho de Elohim e, portanto, da mesma natureza, essência e
substância do Pai. Yeshua HaMashiach, por ser Filho de Elohim, é Elohim
tanto quanto o Pai.
Nas traduções para a língua grega
das Escrituras, a palavra ou designação Deus (do grego Theos) é um termo que
costuma ser aplicado dentro de duas concepções bem distintas. Ou seja, a
expressão Deus pode ser aplicada tanto para designar pessoas da mesma espécie (pessoas
divinas), quanto para estabelecer status e posição.
Quando a palavra Deus é aplicada
à pessoa do Pai e à pessoa do Filho, ela diz que existem apenas duas pessoas
desta espécie que possuem exclusivamente os atributos da imortalidade,
onipotência, onipresença e onisciência.
Assim sendo, quando a palavra
Deus é aplicada também a Yeshua HaMashiach, ela quer dizer que Ele é da mesma
natureza, da mesma substância e da mesma essência que o Pai. Ou seja, que Ele é
Elohim em razão de ser Filho de Elohim. Como dizem no popular, filho de peixe é
peixe, Filho de Elohim só pode ser Elohim também.
Quando, porém, a designação Deus
é aplicada isoladamente à pessoa do Pai, ela quer dizer que o Pai é a Origem
sem origem, o Princípio sem princípio, o Começo sem começo, o Todo-Poderoso
soberano do Universo, o Único. Neste uso hierárquico da expressão Deus, Yeshua
HaMashiach permanece em Sua posição de Filho de Elohim e, por ser Filho,
submete-se ao Pai como Seu próprio Elohim, sem pretender igualar-se a Ele em
autoridade e poder. É essa hierarquia que elimina o politeísmo e desfaz a
ilusão de um deus abstrato e impessoal.
Comprovação inspirada
Para que não restem dúvidas,
confirmaremos agora, através de alguns exemplos, a existência dessa hierarquia
dentro da própria Bíblia:
1. A Bíblia apresenta o Pai
como o autor intelectual da criação e o Filho, como executor da criação.
A quem constituiu
herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. (Hebreus 1:2).
Apesar de ser igual ao Pai em
natureza, essência e substância, o Messias é o herdeiro de tudo, porque para
isso Ele foi constituído por Elohim. A relação hierárquica entre o Pai e o
Filho é anterior a encarnação e será presente por toda a eternidade, como
demonstraremos a seguir.
2. As Escrituras são claras,
precisas e absolutas ao apresentar o Pai e o Filho em um relacionamento
hierárquico pré-encarnação, pós-encarnação e pós-ressurreição.
Porque todas as coisas
sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão
sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E,
quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Elohim seja tudo em
todos. (I Coríntios 15:27-28).
Esse texto teria o poder de
colocar um ponto final na discussão sobre a hierarquia entre as pessoas
divinas, porém, a Bíblia não é mais aceita como verdade absoluta. O texto é de
clareza infinita. O Messias tem sob Seus pés tudo aquilo que o Pai colocou.
Tudo, menos a pessoa do Pai. Porém, o próprio Messias, juntamente com tudo
aquilo que Ele tem sob seus pés, se sujeita ao Pai para que o Pai seja tudo em
todos.
Negar a hierarquia entre o Pai e
o Filho, é negar o próprio Filho. É querer ir para o Céu numa condição
diferente daquela estipulada pelo próprio Elohim.
É por tudo isso que a Doutrina da
Trindade é tão nefasta. Ela é a negação de Elohim como pessoa e a negação do
Messias como Filho de Elohim e, portanto, submisso a Elohim.
Foi justamente essa submissão
completa do Messias, em relação ao Pai, que possibilitou a salvação do homem.
Foi devido a essa completa submissão que o Pai o exaltou acima de todo o nome,
e, mesmo exaltado acima de todo o nome, o maravilhoso Filho de Elohim se
submete novamente ao Pai, para que o Pai continue sendo tudo em todos como
sempre Ele foi e sempre será.
Elpídio da Cruz Silva
Texto revisado e adaptado por Francisco
Adriano Germano
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