Pular para o conteúdo principal

AMOR SEM OBEDIÊNCIA?

 




Bodas do Cordeiro (Mt. 22.1-14)

Yeshua passou a falar em parábolas, pois estas parábolas falavam ao coração do povo e remontavam a vida cotidiana, e era de fácil entendimento. Sendo assim, precisamos entender como as figuras de linguagem eram entendidas na época e, para isso, fizemos uma rápida pesquisa.

 

Segundo o comentário judaico messiânico de David Stern, um casamento real não separava pobres de ricos, ao contrário, era dado a todo o convidado uma vestimenta especial de casamento. O mais interessante é que o termo usado para veste de casamento é o mesmo para a noiva, o noivo ou os convidados. Mais interessante ainda é vermos que o Rei entregava a todos os convidados uma vestimenta, como forma de presentear e fazer com que provavelmente ninguém se sentisse maior ou melhor que ninguém, ou diminuído diante dos mais ricos dos convidados.

 

Lendo a passagem da parábola, percebemos que muitas pessoas foram convidadas, porém alguns não foram para o casamento, enquanto outras se enfureceram com os que traziam o convite. De fato, aqueles homens foram contrários a celebração e não estavam felizes com a felicidade do Rei. Em nossos dias vemos muitas pessoas não estão felizes com a celebração de união do Mashiach (Messias) com sua noiva.

 

Por outro lado, creio que até em maior número, simplesmente não são contra a celebração das bodas, porém, tomam uma atitude que, em minha opinião, é considerada ainda pior. Muitos estavam sendo omissos e não quiseram participar deste momento do reino. Eles voltaram para suas casas, para seus afazeres e não deram a menor importância para a celebração que ocorria. Hoje, vemos muitos fazendo o mesmo e por conta da falta de ação pelo Reino, não participarão dele. Lembro-me de uma frase que ouvi há um tempo e que é interessante – Se você quer entrar no Reino, deixe que ele entre primeiro em você. Muitos tem se esquecido de que a fé sem obras é morta.

 

Convite extra

Depois do ocorrido com os que rejeitaram as bodas, vemos um convite por parte dos emissários do Rei, convidando pessoas que anteriormente não tiveram o privilégio de serem convidadas para o casamento. O convite foi estendido a todos, inclusive, para os que não eram dignos.

Dessa forma, todos deveriam ir a cerimônia para celebrar a união. Embora isso fosse um privilégio, pois os novos convidados não mereciam o convite, uma pessoa não estava preparada para o casamento.

 

A punição e a vestimenta

Sempre fiquei muito intrigado e creio que você também deve ter se perguntado: por que o Rei agiu com tanta fúria com o convidado que não estava usando a veste de casamento.

 

Um dos motivos pelos quais o homem foi punido foi a total falta de respeito, pois como vimos anteriormente, era costume dos Reis doarem a todos a veste de casamento. Não usar essa vestimenta era tentar ser mais especial do que os outros convidados, ou simplesmente rejeitar o presente do Rei.

 

Porém, ainda fica a pergunta: o que essa vestimenta representa para nós, na prática? Muitos estudiosos das escrituras sagradas terão muitas interpretações filosóficas e com diversos níveis espirituais para a aplicação desta passagem. Gostaria de trazer uma explicação bem simples e prática dessa parábola.

 

Símbolo da Aliança

Primeiramente, lendo o Sefer Bessorot HaIvrim (Evangelho dos Hebreus), conhecido como o livro de Mateus em hebraico, temos o texto:

 

Matityahu/Mateus 22.11

ויבא המלך לראות היושבים וירא שם את האדם לא היה לבוש בשמלת החתונה

 

A referência para veste de casamento é B’Simlah HaChatunáh, ou seja, veste de casamento. Porém, para você que esteja familiarizado com a linguagem bíblica, bem como a fé do Caminho, verá que a palavra Simlah é bem conhecida por nós. Simlah não é qualquer vestimenta, é um manto, manto este onde era posto o tzitzit, ordenado pelo ETERNO, como sinal de sua aliança com o Povo.

 

- Ah, então é por isso que o Rei ficou tão irritado com o homem? Sim. O ETERNO é um ser de aliança. Ele renovou a aliança com os patriarcas em Yeshua. E Yeshua estava ensinando ao povo a andar em sua aliança. Esse é um mais um dos diversos indícios de que Yeshua prezava a observância da Toráh e, infelizmente, nem sempre isso fica claro pela leitura das escrituras traduzidas para o português.

 

Outro fato interessante sobre o texto é que a expressão Simlah HaChatunáh, também pode ser lida como se referindo ao vestido da noiva, do noivo ou das vestes de casamento para os convidados.

 

Em outras palavras, precisamos compreender que o convidado também fazia parte do casamento, representando os noivos. Em especial, podemos ver, pelo contexto, que o homem poderia ser visto como noiva do Mashiach, porém, não estava vestido adequadamente para tal encontro.

 

Assim sendo, muitos se encontram neste estado, querendo participar das Bodas do Cordeiro, amando o noivo, amando o reino, mas não estão dispostos a obedecer às Leis do Senhor deste Reino! Precisamos aprender que Yeshua jamais aboliu a Toráh (A lei), ele veio para torná-la plena. As pessoas que se entregarem aos desejos do seu coração, ficarão distantes do amor e do reino do Mashiach.

 

Convite de casamento

Hoje, o ETERNO te faz um convite, uma chamada para retornar ao caminho original dEle, o caminho de Yeshua HaMashiach. Esse é o momento de abandonar as festividades humanas, a desobediência e a centralização no ego e retornar ao caminho original. Este é o momento e o sinal para rompermos as tradições humanas e tomarmos coragem de viver a pureza da Torá, sem os acréscimos (legalismo) dos homens e sem a prisão da religiosidade humana. Precisamos retornar ao caminho do Senhor.

 

Chamados e Escolhidos

Uma das frases mais confusas das Escrituras, quando se trata de interpretação é encontrada nesta passagem:

 

Muitos os chamados, mas poucos os escolhidos. (Mt. 22.14)

 

Não vou entrar na questão da escolha em si, mas falarei diretamente sobre o texto dentro do contexto. O texto fala diretamente sobre uma pessoa que foi chamada para uma festa de casamento (simbolizando o Reino), ou seja, o chamado é relacionado ao convite, que uns tiveram a possibilidade de aceitar ou não. Portanto, o chamamento para o Reino está aberto a escolha pessoal.

 

A frase continua: “mas poucos escolhidos”. Observamos que o homem lançado para fora, onde havia choro e ranger de dentes, não foi escolhido, estando ele na festa. A palavra aqui usada para escolhido foi נבחרו que significa selecionar, o que se encaixa perfeitamente.

 

Portanto, a melhor tradução é que muitos são chamados, porém nem todos são selecionados. Ou seja, encaixam-se nos critérios de escolha para o Reino. E quais critérios seriam esses? Lógico que os mesmos que sempre existiram: a obediência em amor e conhecimento da justiça, entregue pelo ETERNO aos homens desde as alianças feitas aos nossos patriarcas.

 

Se você está distante de uma vida de obediência e estão lhe ensinando outro caminho para o Reino do ETERNO, busque retornar a suas origens. Lembre-se que o ETERNO manterá sempre vigente a sua aliança e transmitirá a verdade e a justiça pela obediência aos mandamentos.

 

Que O ETERNO lhe abençoe e cubra você e sua família de ricas bênçãos e muita paz.

 

Chassed L’Chem v’Shalom, meet Elohim Avinu v’Adoneyinu Yeshua HaMashiach.

Graça e paz a voz de Elohim nosso pai e de nosso Adon Yeshua HaMashiach.

 

Texto revisado e adaptado por Francisco Adriano Germano

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO BARUCH HASHEM?

  A expressão judaica Baruch Hashem é a mais emblemática manifestação judaica de gratidão e reconhecimento, significando " Bendito seja o Senhor " ou " Louvado seja o Senhor ".   Baruch Hashem ( ברוך השם ) que traduzida para o português significa “ Bendito seja o Nome ” (em referência ao nome YHWH), é usada pelo povo judeu em conversas cotidianas como uma forma de expressar gratidão a Elohim por tudo. Muitas vezes é colocado no topo de cartas pessoais (ou e-mails), às vezes abreviado como B”H ou ב”ה .   É comumente usada em gentilezas trocadas. Por exemplo, quando se pergunta “ como vai você ”, a resposta apropriada é “ Baruch Hashem, vai tudo bem ”. Os usos mais típicos são: “ Baruch Hashem, encontramos uma vaga de estacionamento ” ou “ Deixei cair aquela caixa de ovos, mas Baruch Hashem, nenhum deles quebrou ”.   Em suas peregrinações pelas modestas comunidades judaicas da Europa Oriental, o sábio Baal Shem Tov indagava sobre a condição de seus conter...

FAÇA O QUE TEM QUE SER FEITO

    A história que reproduzirei a seguir foi contada pelo Rav Israel Spira zt"l (Polônia, 1889 - EUA, 1989), o Rebe de Bluzhov, que a testemunhou no Campo de Concentração de Janowska:   Todos os dias, ao amanhecer, os alemães nos levavam para fora do acampamento, para um dia de trabalho pesado que só terminava ao anoitecer. Cada dupla de trabalhadores recebia uma enorme serra e deveria cortar sua cota de toras. Por causa das condições terríveis e da fome, a maioria de nós mal conseguia ficar de pé. Mas nós serrávamos, sabendo que nossas vidas dependiam daquilo. Qualquer um que desmaiasse no trabalho ou deixasse de cumprir sua cota diária era morto na hora.   Um dia, enquanto eu puxava e empurrava a serra pesada com meu parceiro, fui abordado por uma jovem da nossa equipe de trabalho. A palidez em seu rosto mostrava que ela estava extremamente fraca.   - Rebe - sussurrou ela para mim - você tem uma faca?   Imediatamente entendi sua intenção...

A INCOERÊNCIA DA TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO

     Não pretendemos aqui fazer um estudo detalhado sobre a origem e a evolução desta teologia, que surgiu nos primórdios do cristianismo. Para obter uma descrição completa de suas bases e fundamentos, qualquer livro sobre a história da igreja cristã pode ser consultado.   Essa teologia é a mais nociva de todas, pois semeia o ódio ao povo judeu, a Israel e às doutrinas do Antigo Testamento. Em particular, ela despreza a Torah, a parte mais sagrada da Bíblia, escrita por Moisés sob inspiração divina, que contém os primeiros cinco livros e os fundamentos da fé judaica.   O Concílio de Nicéia, ocorrido logo após esses eventos, marcou um ponto de inflexão na história do cristianismo. Além de definir o Credo, o concílio oficializou a substituição de Israel por Roma como centro da Igreja, rompendo definitivamente os laços com Jerusalém.   Essa mudança, aliada às ideias antissemitas de teólogos como Marcião, que condenava qualquer prática judaica ent...