A Parashá Nitzavim (Deuteronômio
29:9 – 30:20) é sempre lida nas Sinagogas no Shabat antes de Yom Teruá, e,
portanto, esta é a última parte lida antes do “ano novo (civil) judaico”.
Em muitas sinagogas, os parágrafos de abertura de Nitzavim e a conclusão também
são lidos durante o serviço (culto) da manhã de Yom Kipur.
O Pasuk (versículo) começa assim:
Hoje todos vocês
estão na presença de YHWH - אַתֶּם
נִצָּבִים הַיּוֹם כֻּלְּכֶם לִפְנֵי יְהוָה אֱלהֵיכֶם
(Deuteronômio
29:10-13)
Após isto, Moisés passou a rever
a história de Israel e o futuro profético – ou seja, a grande profecia da
Diáspora e do retorno do povo israelita (Dt. 30:19).
O caminho de retorno,
arrependimento, (Teshuvá) é sempre uma questão do coração e da vontade:
bacharta ba’chayim: “Escolha a Vida”. No final das Eras ou Fim dos Dias
(acharit hayamim), Elohim irá remover o “endurecimento parcial” do povo
judeu, a fim de trazê-los de volta para Ele com todo o seu coração e alma (Dt
30:6, Rom. 11:25-26).
Mas, por que este processo
aparentemente às avessas de Teshuvá? Por que os Filhos de Israel têm que passar
por este longo período de sofrimento, tribulação e dispersão, inquisição,
pogroms, holocausto nazista apenas para serem, finalmente, reunidos um dia no
futuro?
O próprio Moisés nos dá a
resposta (como fez o Emissário Paulo na carta aos Romanos):
As coisas
encobertas (haNistarot) pertencem a ADONAI nosso Elohim (הַנִּסְתָּרת לַיהוָה אֱלהֵינוּ), mas as coisas que são reveladas
(haNiglot) pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos
todas as palavras desta Torá (Deuteronômio 29:29)
Parte das “coisas ocultas”
(הנסתרת) referem-se ao mistério do sofrimento do
povo israelita, pois é claro que Elohim corrige particularmente aqueles a quem
Ele ama através de testes e, de fato, parte do significado de ser Am segulá
(um “povo escolhido”) implica lidar com Elohim – por meio de bênção ou
de maldição (Hb 10:31).
No final, no entanto, o plano de
Elohim para Israel e para o povo judeu será decisivo para demonstrar Sua
sabedoria, poder e glória, tanto que o Emissário Paulo (שליח פאולוס) comentou sobre o futuro do Israel, exclamando:
Ó profundidade da
riqueza, tanto da sabedoria (חכמה)
e do conhecimento (דעת) de Elohim! Quão insondáveis são os seus
juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos (Romanos 11:33).
Talvez possamos agora compreender
o Salmos 19:7; “A Torá de YHWH é perfeita, refrigera a alma”. O texto
hebraico lê, תּוֹרַת יְהוָה תְּמִימָה מְשִׁיבַת נָפֶשׁ,
e pode ser mais bem traduzido como “Dando ouvidos à Torá, faz com que nossas
almas se submetam a Teshuvá (arrependimento, retorno a Elohim)”, que é o
próprio tema de Yom Teruá e das Grandes Solenidades (tempos apontados por
Elohim – os Moedim)
YOM TERUÁ SEGUNDO A
TRADIÇÃO RABÍNICA
No judaísmo rabínico, Yom Teruá (Rosh
Hashaná) é celebrado como Dia de Ano Novo (civil) Judaico. A Festa é observada
nos dois primeiros dias do sétimo mês bíblico de Tishrei (ou seja, a sétima “Lua
Nova” do ano), geralmente cai em setembro ou outubro e marca o início de um
período de dez dias de oração, autoexame e arrependimento (Aseret Yemei Teshuvá),
que culmina no dia do jejum – Yom Kipur (Atos 27:9). Estes 10 dias são
conhecidos como Yamim Norai’m (יָמִים נוֹרָאִים), os “Dias de
Reverência”.
A tradição rabínica, ao longo
destes três mil anos, ensina que o Universo foi criado por YHWH no primeiro dia
do sétimo mês – Rosh Hashaná (e posteriormente no mesmo dia foi criado Adam, de
modo que Rosh Hashaná também marca o sexto dia da criação, quando YHWH criou os
seres humanos). Nesse sentido, Rosh Hashaná remete tanto ao Início do Universo quanto
ao Sexto dia da criação.
Note-se que Rosh Hashaná é também
chamado de Yom haZikaron, o “Dia da Lembrança” (Lv. 23:24), em
referência ao mandamento de se lembrar de tocar o Shofar (Teruá). O Toque do
Shofar serve para nos sacudir de nossa alienação neste sistema caído. Precisamos
nos lembrar de quem realmente somos e de que YHWH (יהוה) é o nosso Rei. Ele é o Rei do Rei dos reis – Melech Malchei
hamelachim (מלך מלכי מלכים)
Ainda segundo a tradição rabínica,
em Rosh Hashaná o destino dos justos, os Tzadikim, está sendo escrito no Livro
da Vida (סֵפֶר הַחַיִּים), e o destino dos
Maléficos, os Resha’im, estão sendo escritos no Livro da Morte (סֶפֶר הַמָּוֵת). Daí o termo Aseret Yemei Teshuvá (עֲשֶׂרֶת יְמֵי תְּשׁוּבָה) – os Dez Dias de Arrependimento. No Yom
Kipur, os nomes de todos são selados em um desses dois livros, por um ano.
Consequentemente, muitas orações
nas sinagogas são chamadas ao arrependimento, para que sejamos feitos dignos do
Livro da Vida. Sermões sobre a necessidade de arrependimento e os temas do
juízo de Elohim são frequentemente discutidos durante este tempo. A realeza de
Elohim é enfatizada em todos os serviços (cultos) nas sinagogas também.
A porção da Torá para o primeiro
dia de Rosh Hashaná é sobre o nascimento de Isaque, e a parte para o segundo
dia é sobre a Akeidá, (sacrifício de Isaque). O Musaf (serviço adicional)
inclui bênçãos extras adicionados a “Amidá normal” (devocional),
enfatizando o Reinado de Elohim, a lembrança dos nossos dias, e a chamada do
Shofar para inaugurar o Reino messiânico no fim dos Dias.
O Shofar (o chifre de carneiro) é
o instrumento musical mais mencionado nas Escrituras. Ele é soprado pelo menos
100 vezes durante um serviço típico de Rosh Hashaná, cumprindo assim a Mitzvá
(mandamento) de fazer Teru’ah (“alarido”) neste dia. O som do Shofar,
então, serve para agitar o coração e inspirar Teshuvá (arrependimento) (Amós
3:6).
Os Aseret Yemei Teshuvá ou “Dez
Dias de Arrependimento”, proporcionam um momento para nos arrependermos e
voltarmos de todo o coração a Elohim, a fim de sermos selados no Livro da Vida.
Esses dias dão o tom para o próximo dia mais sagrado, o Yom Kipur.
Teshuvá, Tefilá e Tzedaká –
arrependimento, oração e justiça (caridade, justiça social) – estas são as
virtudes morais das Grandes Festas e do Judaísmo.
YOM TERUÁ SEGUNDO A TORÁ
No primeiro dia do
sétimo mês vocês terão um dia de descanso (ou seja, shabat), uma reunião
sagrada, celebrada com alaridos (toques de Shofar). Levítico 23:23-25
Na Torá, o primeiro dia do sétimo
mês é para ser comemorado como Yom Teruá (יוֹם תְּרוּעָה), às vezes traduzido como a “festa das
trombetas” (Nm 29:1, Lv. 23:24).
A palavra Teruá significa “um
alto som” ou “alarido“, e, portanto, este dia é para ser marcado com
o som alto do shofar a YHWH (Salmos 81:1-4). De todos os Moedim (festas, tempos
apontados), Yom Teruá é único, porque é a única festa que começa em uma Lua
Nova (1º dia do mês), não havendo nenhuma razão explícita dada na Torá para a
sua observância, além de “tocar um Shofar” e “não trabalhar” (Nm
29:1, Lv. 23:24).
Depois que o Segundo Templo (בית המקדש) foi destruído no ano 70 DC, no entanto,
os sábios da Mishná redefiniram o “judaísmo pós Templo” e associaram Yom
Teruá com o início do ano civil judaico. Yom Teruá, em seguida, também se
tornou conhecido como Rosh Hashaná. Porém, continuou a ser o 7º mês, e Nisan o
1º mês.
As trombetas de prata (חֲצוֹצְרת, Hatzotzrot) eram originalmente usadas
para sinalizar os movimentos do acampamento durante a viagem para a terra
prometida (Nm 10:1-2). Mais tarde, elas foram usadas pelos levitas (לויים) durante vários rituais do Templo (בית המקדש), especialmente durante a oferenda de
sacrifícios de animais (Nm 10:10). Elas também foram usadas às vezes em tempos
de guerra (Nm 10:09, 31:6; 2 Cr 13:12-14).
Essas trombetas de prata (חֲצוֹצְרת) devem ser distinguidas dos berrantes de chifres de carneiro (שׁוֹפָר, Shofar), que eram explicitamente
ordenados a serem soados durante o Yom Kipur (Levítico 25:9) e durante o Yovel
(jubileu). O consenso comum entre os sábios é que o Shofar, junto com as duas trombetas
de prata, era usado para Yom Teruá (Mishná: Rosh Hashaná 16a, 3:3).
O Shofar também é um lembrete da
troca do carneiro divinamente providenciado como resgate pela vida de Isaque (a
Akeidá) e da entrega da Torá a Israel no Sinai, e das “trombetas” em
apocalipse (Êxodo 19:16).
As festas do primeiro semestre
(ou seja, a Pessach, dias os pães sem fermento, Primícias e Shavuot) indicavam
também perfeitamente a primeira vinda de Yeshua como Mashiach ben Yosef, e as
Festas do segundo semestre (ou seja, Yom Teruá - Rosh Hashaná, Yom Kipur e
Sukot) indicam também a sua segunda vinda como Mashiach ben David, para
inaugurar o Reino milenar desde Zion (Sião), os Mo’edim (Festas, Tempos
apontados) desenvolvem papeis proféticos tanto no passado quanto para o futuro.
Rosh Hashaná ou melhor, Yom Teruá
é, portanto, um tempo sagrado que tem significado profético para todos nós, um
dia que clama uma Nova Criação a mando do Messias, quando o som do Shofar
celestial inaugurar o Reino em Jerusalém, e a Glória de YHWH será vista em
Zion, através de seu Filho, O Grande Rei dos reis (1 Coríntios 15:51-54, 1
Tessalonicenses 4:15-18).
Yom Teruá também prefigura o
futuro Dia do Senhor, o grande Dia, que marca o julgamento de Elohim sobre
todos os seres humanos que um dia pisaram sobre esta terra. Por mais que nossa
cultura Ocidental, além da teologia digam ao contrário, um dia haverá uma
prestação de contas.
Sim! Um dia haverá uma prestação
de contas para cada ser humano.
Autor desconhecido
Texto revisado por Francisco Adriano
Germano
Todos os artigos postados, trazem ensinamentos profundos. Agradecer ao Criador por ter nos presenteado com o autor deste Blog que priva 🧾 pela verdade. Tens o meu respeito e admiração...
ResponderExcluirEstamos no fim de mais um ciclo de estudos da Torá acredito que a nossa prática tenha sido enriquecida e elevada!!
Shabat Shalom! Agradeço por seu comentário. Que YHWH te abençoe grandemente!
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