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A MAGNITUDE DA ARCA DE NOÉ: UM LEMBRETE DA ESPERANÇA

 


 

Esta é a história de Noach. Noach era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Elohim. Gênesis 6:9

 

É claro, Noach/Noé é mencionado na última Parashá, Bereshit (No Princípio), em 5:28-29.

 

O próprio nome Noach consiste somente de duas letras hebraicas: Nun (נ) e Chet (ך) o qual significa “repousante”, “quieto” ou “conforto”. Isso é explicado no capítulo 5:29:

 

Este nos trará, em nossas fadigas e no duro labor de nossas mãos, um alívio tirado da terra que YHWH amaldiçoou.

 

Sabemos pela leitura do trecho final da Parashá Bereshit, que a geração na qual Noach viveu era extremamente iníqua. Uma leitura cuidadosa mostra que praticamente todos os pecados daquela geração eram de natureza sexual. A terra estava corrompida por depravação sexual. O pecado principal era a alteração do código genético básico que YHWH havia implantado no homem. Como resultado, gigantes ou homens geneticamente alterados, nasceram e se tornaram, no verso 4 os heróis tão afamados nos tempos antigos.

 

As Escrituras e em outras obras da literatura judaica (como o Zohar e outros livros), constatamos que a cura para todos os males e a solução de todos os nossos problemas estão na verdadeira espiritualidade. Contudo, encontramos hoje os mesmos desvios que os homens da geração de Noach, pela utilização de experimentos como a clonagem, transplantes de órgãos de animais para seres humanos, transferência de DNA animal para vegetais, e outras ações de engenharia genética vigentes. Tal como nos dias de Noach, buscamos alterar a composição genética de seres humanos e de animais. Assim como nos dias de Noach, vivemos no império da depravação sexual.

 

Deixemos claro o seguinte: Não estamos falando de raça ou de etnia. Estamos falando da tentativa do homem de deixar de lado uma das leis básicas da criação de YHWH: um tipo gera o mesmo tipo.

 

Como resultado, temos uma grande quantidade novos tipos de bactérias e vírus que atacam e destroem nossos sistemas imunológicos, e temos poluição e lixo tóxico praticamente incontroláveis.

 

Contudo, há boas novas. Toda semana proclamamos que a leitura de cada Parashá imputa um certo poder ou bênção espiritual, e a Parashat Noach não é diferente.

 

Se voltarmos para a parashá da semana passada, Bereshit (Gênesis 1:1 a 6:8), entenderemos que a “queda” de Adam/Adão e Chavá/Eva e a sua expulsão do Gan Eden (o jardim do Éden) não só mudou as circunstâncias sob as quais eles viviam, mas também mudou a própria natureza da terra, inclusive a natureza dos animais. Nossas ações físicas negativas afetam de forma adversa o lado espiritual que, como um bumerangue, ricocheteia para novamente afetar ou alterar o lado físico de uma forma negativa.

 

Porém, ações físicas e espirituais positivas podem ter o efeito oposto. Através da ação física e espiritual adequada, e de um viver justo, podemos combater a maioria dos aspectos negativos das nossas vidas físicas.

 

E conforme demonstra a Parashat Noach, as ações justas de alguns podem pesar mais do que as grandes ações pecaminosas de uma multidão de iníquos. Devemos lembrar que YHWH não destruiu S’dom e Amorah (Sodoma e Gomorra) até que Ló e sua família (ou seja, três indivíduos) fossem removidos. Certamente, Avraham Avinu (Abraão nosso pai) conhecia esse princípio quando ele “barganhou” com YHWH para que Ele não destruísse as cidades iníquas se pelo menos dez justos fossem encontrados. E pelo que sucedeu, vemos que YHWH foi ainda mais misericordioso, pois Ele postergou o juízo em razão de somente uns poucos.

 

YHWH simplesmente não “joga” maldições, pragas ou destruições cataclísmicas sobre a Sua criação. Tais coisas vêm como resultado de nossas próprias ações. Nós amaldiçoamos a nós mesmos através de ações que são contrárias à Tora de YHWH. Devemos também entender que nossos pecados vêm de nossos próprios egos. Achamos que somos muita coisa, que temos muita habilidade, e que deveríamos estar em certas posições. Nos orgulhamos muito em realizações que não estão em harmonia com a Tora.

 

YHWH é Luz. Quando agimos com negatividade, nos separamos da Luz e geramos “choshech” (escuridão), a mesma “choshech” que cobria a face da terra em Gênesis 1:2. Podemos observar que dentro dessa mesma escuridão habita “tohu v’bohu” (caos e confusão – uma tradução mais apropriada do ‘sem forma e vazia’ ou ‘vazia e desolada’, de algumas traduções) Portanto, a escuridão que criamos nos joga cada vez mais para dentro de um estado de caos e confusão, que permeia e finalmente nos governa tanto no mundo físico quanto no espiritual.

 

Apesar desse estado terrível ainda poder ser revertido, bem como a negatividade poder ser removida e substituída, corremos o risco de chegarmos em um “ponto sem volta”. Assim foi com a geração de Noach. A iniquidade daquela geração chegou em tal ponto, que não havia mais remediação para o caos e a poluição física e espiritual que eles haviam criado. O único recurso de YHWH foi permitir o “Grande Dilúvio”.

 

Sem entrar nos detalhes do dilúvio, e de toda evidência científica demonstrando que tal cataclisma de fato ocorreu, devemos entender que o dilúvio foi, em sua essência, um mikveh global. Um mikveh (uma imersão ritual, às vezes chamada de “batismo”) é simbólica e concebida para purificar do pecado e da iniquidade, para lavar as obras malignas. Esse foi o propósito do dilúvio.

 

Antes do dilúvio, YHWH instruíra a Noach a construir a arca. Em um nível p’shat, a arca era uma estrutura bem real. Embora não se tenha ainda provas concretas de que a arca tenha existido, é bem possível que os remanescentes desse objeto colossal ainda venham a ser descobertos.

 

O ponto que desejo ressaltar aqui é que, dadas as dimensões necessárias de um objeto concebido para carregar, acomodar e alimentar todas as variedades de animais e pessoas por um ano, alguns acadêmicos estimam que esse objeto gigante seria equivalente a cerca de três dúzias de campos de futebol, talvez divididos em vários andares.

 

É muito improvável que Noach e seus filhos pudessem ter construído a arca sozinhos. Mas, não é improvável supor que Noach tenha contratado grupos de trabalhadores para ajudarem na construção. Se esse for o caso, não haverá dúvidas de que o mundo daquela época sabia da existência da arca, e o porquê dela ser construída.

 

Em outras palavras, o mundo teve um alerta mais do que adequado de que se eles não mudassem seus caminhos, encontrariam a total destruição de forma irremediável. É irônico que alguns dos iníquos possam ter ajudado (por terem sido contratados) a construir a arca que poderia tê-los salvado, caso eles estivessem dispostos a se humilharem em verdadeira teshuvá. Contudo, não é surpresa que tais alertas não foram ouvidos, como também foram sujeitados à zombaria e ridicularizados.

 

Uma vez concluída, a arca era um local de segurança para Noach e sua família. Novamente, temos diversas lições aqui. Noach foi capaz de escapar à fúria do dilúvio e dos desastres geográficos porque ele teve a cooperação de sua família – sua esposa, seus filhos, e suas noras. Não subestime o poder da unidade familiar. Oramos por isso todo Shabat. Agora, contudo, qualquer pessoa que tenha vivido naquele tempo e época poderia ter se arrependido (feito teshuvá) e teria sido permitido entrar na arca.

 

Com cada juízo, YHWH permite uma forma de escape.

 

Por analogia, temos nossa própria arca de segurança que nos permite escaparmos das pressões da vida que nos atormentam e tendem a nos desgastarem em nossa rotina diária. Aquela arca é descrita nas palavras de Yeshua em Matitiyahu 6:6:

 

Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto...

 

Nunca devemos ignorar ou subestimar o poder da oração pessoal e profunda. Derramarmos nossos corações e nossas mentes a YHWH Todo-Poderoso em nossas próprias palavras e gemidos. Frequentemente, estamos tão envolvidos na tradição (e não há nada de errado com a tradição em si) que permitimos que ela substitua a oração pessoal.

 

A Parashá Noach é uma lição que nos instrui a nos prepararmos para os desastres modernos e nos dá a esperança de um lugar seguro. Esta Parashá nos dá o poder de nos guardarmos das poluições do mundo, tanto físico quanto espiritual.

 

Ao final dos tempos, novamente encontraremos destruição cataclísmica, tanto física quanto espiritual. A medida que esses eventos se desdobram perante nossos olhos, vemos duas entidades nas Escrituras simbolizadas por mulheres. A Grande Prostituta da Babilônia simboliza o sistema religioso dos últimos dias que será uma parte da “Besta”, sistema que escravizará o mundo inteiro. Por contraste, a “mulher com filho” em Guilyana (Apocalipse) 12:13 simboliza a verdadeira Israel, a futura Noiva do nosso Messias que retorna.

 

À medida que os eventos do fim dos tempos se desdobram, sabemos por Matitiyahu (Mateus) 24:9-13 que aqueles que creem sofrerão grande perseguição por causa da sua fé. Nossa fé será afligida pelos falsos profetas dessa época. Matitiyahu (Mateus) 24:20-21 diz que a perseguição mais severa ocorrerá no Shabat. (Isto é, o Shabat de YHWH, o sétimo dia da semana, e não o domingo)

 

A maior parte do mundo será enganada e muitos procurarão a falsa arca de segurança. Assim como a Noach foi dado um lugar físico de segurança, e ele permaneceu na terra, assim também aqueles que creem permanecerão na terra nos últimos dias, durante aquilo que é conhecido como a “Grande Tribulação”.

 

Conforme Noach preparava a arca, ele era instruído por YHWH a armazenar alimento o suficiente para sustentar sua família e todos os animais ao longo de um ano. Isso era uma tarefa e tanto!

 

Em um nível Sod, isto nos ensina que não devemos poupar esforços para nos prepararmos física e espiritualmente para o que quer que o futuro nos reserve. Também nos ensina a cuidarmos uns dos outros, e de todos os seres viventes. Noach não guardou apenas alimento para ele, mas para todos em sua família e para os animais que foram confiados aos seus cuidados. Cuidar de outros mais do que cuidamos de nós mesmos é o cumprimento de Vayicrá (Levítico) 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Quando amamos e cuidamos dos outros, começamos um processo de cura que começa a corrigir todo o erro que existe na terra.

 

Devemos entender que HaSatan é um grande imitador. Em Guilyana (Apocalipse), a serpente também lança um “dilúvio de águas” (águas simbolizando doutrina, e neste caso, falsa doutrina) na tentativa de superar e afogar a mulher com filho. O objetivo dele é inundar o mundo com um mar de caos e confusão. Para seu deleite, a maioria das pessoas no mundo estão ajudando-o a criar o seu estado desejado de “tohu v’bohu”, que levará à própria destruição delas. Muitos estão roendo a corda na qual se agarram, ao rejeitarem a Luz da Torá de YHWH e seu estilo de vida de obediência aos mandamentos.

 

Inversamente, a Luz de YHWH expulsa toda a escuridão, confusão e contaminação do mundo. A arca é um código, uma metáfora se assim entendermos, simbolizando a proteção em todos os tempos e situações, e uma separação daquilo que nos destrói.

 

A própria arca e a saída posterior de Noach dela simbolizam o nosso aceitar as situações difíceis, os desafios que estão adiante de nós. Uma vez que o dilúvio cessou, Noach finalmente desceu da montanha sobre a qual a arca veio a repousar. Nesse ponto, encarou o desafio não somente de reconstruir a sua vida, mas também a vida de toda a terra. É fantástico pensarmos na magnitude de um projeto tão enorme que foi confiado a um simples punhado de pessoas.

 

Que possamos sermos abençoados à medida que buscarmos servir a YHWH Todo-Poderoso da forma que Ele deseja que O sirvamos, como filhos fiéis, obedientes e amorosos.

 

Por Tom Mordechai Mitchell

Texto revisado por Francisco Adriano Germano

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