A esposa do meu querido amigo
Rabino Saul Rosenblatt, Elana, passou para o próximo mundo muito jovem. Ele
passou anos tentando encontrar o equilíbrio entre a sua dor avassaladora e a
apreciação de que tudo o que o ETERNO faz é para o melhor. Da sua experiência,
ele escreveu “POR QUE COISAS RUINS ACONTECEM A PESSOAS BOAS” para ajudar os
outros. Esta é uma leitura obrigatória para aqueles que sofrem com a dor de uma
perda pessoal.
Para entender por que coisas
ruins acontecem a pessoas boas, precisamos começar com as definições de coisas
boas e ruins. Escreve o rabino Rosenblatt:
"O povo judeu
tem uma definição muito diferente de ruim e, com base nessa definição, nada de
ruim realmente 'acontece' neste mundo. A maneira mais fácil de definir 'ruim' é
primeiro definir 'bom'”.
Bom é algo que permite que você
se torne mais piedoso. E, inversamente, ruim é algo que faz de você uma pessoa
menos piedosa. A Torá é boa. As Mitzvot/Mandamentos são boas. O próprio Elohim
é bom. Afastar-se dEle, a fonte e raiz de toda bondade é ruim.
Em outras palavras, bom é o que
nos leva à perfeição no serviço a Elohim; o que permite tornar-nos os grandes
seres humanos que podemos nos tornar; o que nos ajuda a aproximarmos de Elohim.
Mal é aquilo que nos afasta de Elohim, aquilo que nos impede de alcançar nosso
potencial de acordo com as Escrituras.
Vamos dar uma olhada na dor no
contexto dessas definições. A dor e as dificuldades na vida tornam mais fácil
ou mais difícil crescermos espiritualmente?
A resposta, provavelmente, não é nem
sim, nem não. Temos livre-arbítrio e fazemos nossas próprias escolhas na vida.
Mas, ao olhar para o mundo, parece-me que grandes pessoas na história costumam
encontrar sua grandeza por meio da adversidade. Geralmente, a grandeza não é
encontrada entre aqueles que passam seus dias deitados nas praias e navegando
por aí em iates de um milhão de dólares A grandeza é muito mais encontrada
entre aqueles que enfrentam a adversidade de frente e a superam. Aqueles que
atingem seu verdadeiro potencial geralmente são aqueles que enfrentam situações
difíceis e constroem seu caráter no processo.
Longe de ser um obstáculo, as
dificuldades são, realmente, algo que pode ser de grande valor. Ser bom é algo
que tem o potencial de ajudar-nos a nos aproximar de Elohim, então, as
dificuldades são certamente boas.
Por exemplo, uma pessoa que
quebrou a perna. Aparentemente, nada se ganha além da dor e da incapacidade
temporária. Isso é bom ou ruim?
Tudo dependerá da atitude que essa
pessoa terá. Uma perna quebrada pode irritar e aborrecer, afastando-a do
ETERNO. Ou a dor poderá ajudá-la a deixar de lado sua mesquinhez e aproximá-la dEle.
A escolha será dela.
Uma perna quebrada é certamente
um desafio, mas se ele enfrentar o desafio e vencê-lo, ele prosseguirá para um patamar
mais elevado. No futuro, ele olhará para trás e dirá que a perna quebrada lhe
permitiu empregar seu livre arbítrio para se elevar a novos níveis de grandeza
pessoal.
Por essa perspectiva, não
há nada - absolutamente nada - que nos aconteça neste mundo que seja bom ou
ruim. Tudo é completamente neutro.
Qual é o seu propósito nesse
mundo? Sentir-se confortável? Evitar a dor? Para viver setenta ou oitenta anos
de vida com o menor desafio possível? Se esse é o seu objetivo, muitas coisas “ruins”
acontecerão ao longo do caminho - porque este é um mundo de dor e a dor é
contrária a tudo o que você deseja.
Mas, se você acredita que estamos
aqui para nos elevarmos à piedade, crescer e nos esforçar para o crescimento espiritual,
então, TUDO QUE NOS ACONTECE É UMA OPORTUNIDADE DE OURO, E QUANTO MAIS
DESAFIADOR FOR, MAIOR SERÁ ESSA OPORTUNIDADE. A Mishná nos diz que “de
acordo com a dificuldade é a recompensa” (Ética dos Pais 5:23). O nível de
dificuldade em uma situação define o nível de potencial para a piedade.
É claro que não procuramos
dificuldades na vida, mas quando ela se apresenta, não devemos ter medo. Longe
disso, aceitamos como uma oportunidade para crescermos diante de Elohim.
Rabino Kalman Packouz
Texto revisado por Francisco Adriano
Germano
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