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A INCOERÊNCIA DA TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO

    


Não pretendemos aqui fazer um estudo detalhado sobre a origem e a evolução desta teologia, que surgiu nos primórdios do cristianismo. Para obter uma descrição completa de suas bases e fundamentos, qualquer livro sobre a história da igreja cristã pode ser consultado.

 

Essa teologia é a mais nociva de todas, pois semeia o ódio ao povo judeu, a Israel e às doutrinas do Antigo Testamento. Em particular, ela despreza a Torah, a parte mais sagrada da Bíblia, escrita por Moisés sob inspiração divina, que contém os primeiros cinco livros e os fundamentos da fé judaica.

 

O Concílio de Nicéia, ocorrido logo após esses eventos, marcou um ponto de inflexão na história do cristianismo. Além de definir o Credo, o concílio oficializou a substituição de Israel por Roma como centro da Igreja, rompendo definitivamente os laços com Jerusalém.

 

Essa mudança, aliada às ideias antissemitas de teólogos como Marcião, que condenava qualquer prática judaica entre os cristãos, contribuiu para um crescente distanciamento entre as duas religiões. As tentativas de Tertuliano de preservar as raízes judaicas do cristianismo foram em vão.

 

No final do século IV, João Crisóstomo, bispo de Antioquia, intensificou essa polarização com seus sermões inflamados contra os judeus. Ao testemunhar a prática de ritos judaicos por cristãos, ele os acusou de blasfêmia e traição, comparando as sinagogas a locais de imoralidade e perdição. Essa retórica inflamada, que culpava os judeus pela morte de Cristo, contribuiu para a construção de um estereótipo negativo que perduraria por séculos.

 

Acredito que Crisóstomo não anteviu as consequências catastróficas de suas doutrinas, que se revelaram prejudiciais tanto para cristãos quanto para judeus. A natureza maligna dessas ideias só se tornou evidente com o tempo, à medida que seus impactos se aprofundavam.

 

Vejamos abaixo um pequeno trecho da profissão de fé da Igreja de Constantinopla, que um judeu ou cristão deveria fazer:

 

Renuncio completamente a todas as práticas judaicas, incluindo costumes, rituais, leis, celebrações, jejuns e até mesmo alimentos específicos. Rejeito qualquer conexão com o judaísmo, presente ou futura. Caso volte a praticar o judaísmo ou manifeste qualquer apoio a ele, que seja amaldiçoado e entregue ao poder de Satanás.

 

Por este credo podemos ter ideia da gravidade e do rompimento da igreja cristã com Israel e com o Judaísmo!

 

Essa teologia, presente em grande parte do ensino evangélico, afirma que Elohim abandonou o povo judeu, espalhando-o pelo mundo como punição. A Igreja, composta pelos cristãos, teria então se tornado o novo povo escolhido de Elohim, assumindo o lugar de Israel. Consequentemente, todas as promessas divinas feitas aos judeus seriam agora destinadas aos cristãos. Essa perspectiva desvaloriza a Lei de Moisés, considerando-a uma obrigação exclusiva dos judeus e sem relevância para a fé cristã.

 

Se conhecemos a Bíblia, veremos que não é bem assim. São dezenas e dezenas de profecias mostrando a conversão de Israel ao Messias, os remanescentes.

 

Um ponto importante a considerar: Elohim não rejeitou Israel, seu povo:

 

Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. 36 Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. 37 Assim disse o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor.

Jeremias 31:35-37

 

Aqui está muito claro, assim como esta ordem planetária não falhará, assim também Elohim não rejeitou seu povo.

 

Vejamos agora o que Paulo fala a respeito:

 

Digo, pois: Porventura rejeitou Elohim o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Elohim não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Elohim contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.

Romanos 11:1-5

 

Ao longo das Escrituras, encontramos inúmeros relatos de judeus que creram em Yeshua HaMashiach como o Messias prometido. Ele veio como o esperado Salvador, conforme as profecias que anunciavam um Messias descendente de José (Ben Yossef), sofredor e crucificado. No entanto, as Escrituras também profetizam seu retorno glorioso como descendente de Davi (Ben David), para reinar como Rei dos Reis sobre todas as nações.

 

Ainda sobre o capítulo 11 da carta aos Romanos é um dos textos mais ricos e complexos do Novo Testamento, abordando a relação entre judeus e gentios no projeto de salvação. Paulo, o apóstolo, explora a ideia do enxerto da igreja, composta principalmente de gentios, na oliveira que representa o povo judeu.

 

Paulo utiliza a metáfora da oliveira para ilustrar a relação entre judeus e gentios. O povo judeu, como descendente de Abraão, é comparado à oliveira, o povo escolhido por Elohim. No entanto, devido à incredulidade de muitos judeus em relação a Yeshua como o Messias, eles foram "cortados" da oliveira.

 

Ao mesmo tempo, os gentios, que antes estavam separados de Elohim, foram enxertados nessa oliveira. Essa imagem enfatiza que a salvação é oferecida a todos, tanto judeus quanto gentios, por meio da fé em Yeshua.

 

Em Efésios 2:11-19, a Bíblia nos mostra que judeus e gentios, ao serem salvos pelo Messias, se unem em uma única família: a família de Elohim. O muro que separava esses dois grupos foi derrubado pelo Messias Yeshua, permitindo que eles se tornassem um só corpo:

 

Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; 12 Que naquele tempo estáveis sem Messias, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Elohim no mundo. 13 Mas agora no Messias Yeshua, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue do Messias chegastes perto. 14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, 15 Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 E pela cruz reconciliar ambos com Elohim em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; 18 Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19 Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Elohim.

 

Paulo ensina, de forma bem didática, o principal objetivo das Boas Novas de Yeshua: a reunificação entre Judá e Efraim, onde os não naturais (gentios) também participam, recebendo sua naturalização da mesma forma que os estrangeiros que saíram do Egito receberam e passaram a fazer parte da congregação de Israel no deserto.

 

Em resumo, os danos causados pela teologia da substituição foram imensos, dos quais destaco os seguintes:

 

1º) Ela separou a Igreja de Israel, gerando ódio, divisão e afastamento;

2º) Rompeu com as raízes judaicas da fé;

3º) Criou um terreno propício para que diversas atrocidades fossem cometidas contra o povo judeu, como as Cruzadas, a Inquisição e o Holocausto.

4º) Os judeus passaram a repudiar os cristãos, vendo-os como aqueles que lhes “roubaram” o título de povo escolhido e ainda os substituíram.

5º) Surgiram inúmeras doutrinas dos pais da igreja acusando Israel de deicídio, ou seja, o crime de matar o próprio Elohim na pessoa de seu Filho, Yeshua.

6º) Facilitou a intenção satânica de afastar a Igreja de Israel, pois o inimigo sabe, pelas Escrituras, que o inferno não pode prevalecer contra a verdadeira Igreja de Yeshua.

 

Agora, porém, homens e mulheres destemidos se levantam para derrubar este plano diabólico e reconectar a Igreja às suas raízes bíblicas e judaicas, clamando e intercedendo para que conheçam o Messias esperado e para que Ele volte rapidamente, em glória e poder.

 

Minha oração hoje é que o Espírito Santo de YHWH (Ruach HaKodesh) ilumine os olhos de todos os cristãos, para que vejam Israel como o plano insubstituível de Elohim, uma bênção para todas as nações. Que todos se sintam convidados a fazer parte deste grande ajuntamento, herdando as promessas feitas por Elohim através da fé em Yeshua!

 

Francisco Adriano Germano

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