Guardai-os, pois, e cumpri-os,
porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos
povos
Devarim (Deuteronômio) 4:6
A Parashá Vaetchanan nos conduz a
um dos ensinamentos mais poderosos da Torá: que a grandeza de Israel não está
na força, na conquista ou no domínio, mas na sabedoria prática e na justiça
compassiva que fluem da obediência à Palavra de Elohim.
Segundo as Escrituras, a missão
de Israel é ser um exemplo vivo, uma sociedade em aliança com YHWH que
inspire o mundo pela forma como vive, age e se relaciona. A Torá não foi dada
para permanecer entre quatro paredes ou escondida nos rolos sagrados — foi dada
para ser vista pelos olhos das nações.
A sabedoria que se manifesta
na prática
O texto de Devarim 4 não diz
apenas para crer, mas para guardar e cumprir os mandamentos, porque é através
da prática — da vida cotidiana vivida com integridade — que a luz da Torá se
irradia.
Yeshua expressa essa mesma ideia
com palavras que ecoam os profetas:
Assim brilhe a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso
Pai que está nos céus.
Mateus 5:16
Yeshua não nos chama a ser
populares ou influentes segundo os padrões do mundo, mas a sermos fiéis,
íntegros e consistentes, para que a presença do Pai seja reconhecida em
nossa conduta.
Quando o mundo observa o
testemunho silencioso
Muitas vezes, imaginamos que o
testemunho se dá apenas pelas palavras que proferimos — e, de fato, elas são
importantes. Mas a Torá e o Evangelho ensinam que há um testemunho mais
profundo ainda: o da vida coerente, da justiça imparcial, da compaixão constante,
da retidão silenciosa.
O apóstolo Pedro escreve:
Tende bom procedimento entre
os gentios, para que, naquilo em que falam contra vós... observando as vossas
boas obras, glorifiquem a Elohim no dia da visitação.
1 Pedro 2:12
Esse é o chamado para sermos
cartas vivas, como dizia Paulo — lidas e observadas por todos (2 Coríntios
3:2-3).
O desafio da visibilidade
santa
Ser observado pelo mundo não é um
privilégio confortável — é uma responsabilidade sagrada. Quando Israel caminha
em fidelidade à Torá, mesmo sendo uma minoria entre as nações, torna-se como um
farol sobre o monte, irradiando luz em meio à escuridão. Yeshua retoma
precisamente essa imagem ao afirmar:
Vós sois a luz do mundo. Não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.
Mateus 5:14
Somos chamados a viver com tal
autenticidade que a nossa luz não apenas brilha, mas constrange, inspira,
atrai e revela.
É importante lembrar: o objetivo
nunca foi que as nações aplaudissem Israel ou que os discípulos de Yeshua
buscassem reconhecimento humano. A verdadeira glória está em revelar quem é Elohim
por meio daquilo que somos e fazemos.
Quando uma comunidade vive em
amor, justiça, humildade e verdade, o mundo pode ver, mesmo sem entender
plenamente, que há algo divino agindo ali. Algo santo. Algo que aponta para
além da lógica humana.
Conclusão
A Parashá Vaetchanan, os
ensinamentos de Yeshua e as cartas apostólicas convergem em um mesmo chamado:
viver de forma que a presença de Elohim seja reconhecida entre os povos.
Não por proselitismo, imposição
ou retórica, mas por meio de vidas que refletem luz. Por meio de comunidades
que vivem em aliança. Por meio de corações que ardem pela justiça e mãos que
agem com compaixão.
Porque o Reino de Elohim não
consiste em palavras, mas em poder.
1 Coríntios 4:20
A pergunta, então, não é apenas o
que dizemos — mas como vivemos.
E a promessa é clara: quando
guardamos e praticamos os mandamentos com fidelidade e temor, as nações verão e
reconhecerão que há um Elohim vivo em nosso meio.
Que nossas vidas sejam palavras
visíveis, revelando a glória do Santo de Israel a todos os povos.
Francisco Adriano Germano
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