Ao longo dos anos, algumas pessoas passaram a afirmar que Yeshua teria sido um homem rico. Essa ideia, porém, não nasce da Sagrada Escritura, nem da tradição judaica do século I. Ela surge de leituras superficiais, inferências frágeis e, muitas vezes, de tentativas modernas de associar fé com prosperidade material.
Quando examinamos o texto bíblico
com atenção — e também o contexto judaico em que Yeshua viveu — o quadro
apresentado é muito diferente.
O testemunho direto da
Escritura
A Bíblia mostra que Yeshua nasceu
em condições humildes. Ele veio ao mundo em uma manjedoura (Lucas 2:7), e
quando seus pais o apresentaram no Templo, ofereceram duas rolas ou dois
pombinhos, a oferta permitida às famílias pobres (Levítico 12:8; Lucas 2:24).
Se fossem ricos, teriam oferecido um cordeiro.
Durante seu ministério, Yeshua
viveu como rabino itinerante, sem propriedades, dependendo da hospitalidade e
do sustento de discípulos — algo comum no Judaísmo do Segundo Templo (Lucas
8:1–3). Ele próprio declarou:
“O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20).
Seus ensinamentos confirmam esse
estilo de vida: ele alertou contra o acúmulo de riquezas (Mateus 6:19–24) e
ensinou que a vida não consiste na abundância de bens (Lucas 12:15).
Na sua morte, essa realidade se
torna ainda mais clara. Yeshua não deixou bens. Suas vestes foram repartidas
pelos soldados (João 19:23–24) e ele foi sepultado em um túmulo emprestado
(Mateus 27:59–60).
A tradição judaica e o Messias
humilde
A tradição judaica nunca
descreveu o Messias como um líder ostentador ou rico em bens. Pelo contrário,
as Escrituras hebraicas falam de um Servo Sofredor, humilde e rejeitado (Isaías
53), e de um rei que vem montado em um jumento, não em um cavalo de guerra
(Zacarias 9:9).
No Judaísmo, o tzadik (justo) é
conhecido por sua humildade e dependência de YHWH, não por sua riqueza
material. Essa visão está totalmente alinhada com a vida de Yeshua.
Mas Yeshua não é apenas um
homem
Aqui está o ponto central que
muitos ignoram:
Yeshua não é apenas um justo
humano. A Escritura afirma que Ele é o Verbo eterno, YHWH manifestado em carne.
“No princípio era o Verbo… e o Verbo era Elohim… todas as coisas foram
feitas por meio dele” (João 1:1–3).
“Por meio dele foram criadas todas as coisas” (Colossenses 1:16).
“Antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8:58).
Isso significa que tudo o que
existe pertence a Ele. O mundo foi criado por Ele e para Ele (Salmo 24:1).
A pobreza de Yeshua como
mensagem divina
À luz disso, sua pobreza não é
contradição, mas mensagem. A Bíblia chama isso de esvaziamento voluntário (kenosis):
“Sendo em forma de Elohim… esvaziou-se a si mesmo, assumindo forma de
servo” (Filipenses 2:6–7).
· O Criador escolheu viver como criatura.
·
O Dono de tudo caminhou sem possuir nada.
·
O Senhor do Templo pagou imposto com uma moeda
tirada da boca de um peixe (Mateus 17:24–27).
·
O Rei Eterno entrou em Jerusalém montado em um
jumento emprestado (Mateus 21:1–11).
·
O Autor da Vida (Atos 3.15) foi sepultado em um
túmulo emprestado.
Essa condição é uma alegoria
viva: YHWH entrou na própria criação sem reivindicar seus direitos, para
revelar o caminho do Reino.
Rico em essência, pobre por
amor
O apóstolo Paulo resume essa
verdade com precisão:
“Conheceis a graça de nosso Senhor Yeshua, que, sendo rico, se fez
pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (2
Coríntios 8:9).
Yeshua era:
·
Rico em natureza divina
·
Pobre em condição humana
Sua pobreza não foi falta, mas
obediência. Não foi miséria, mas propósito.
Conclusão
A Bíblia é clara: Yeshua não foi um
Messias rico em bens materiais. Ele viveu de forma simples, humilde e
desapegada, cumprindo o perfil messiânico das Escrituras e da tradição judaica.
Mas Ele também não era carente,
pois Ele é a fonte de toda riqueza.
“Meu é o ouro, minha é a prata, diz YHWH” (Ageu 2:8).
Em Yeshua, Elohim nos mostrou que
o Reino não avança pela ostentação do poder, mas pela humildade do amor.

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