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Mostrando postagens de julho, 2025

PALAVRAS, PACTO E JORNADA DE FÉ

A Parashá Devarim , que dá título ao quinto livro da Torá - Deuteronômio -, inicia com as famosas palavras: “Estas são as palavras (Devarim) que Moshê (Moisés) falou a todo Israel…” (Deuteronômio 1:1). Segundo o Rabino Jonathan Sacks, o uso de “premissas ou palavras” como nome não é casual. Ele destaca uma conexão poderosa: aquele que disse “não sou homem de palavras” torna-se o porta-voz mais eloquente de Elohim, cuja fala representa a presença divina atuando através da humildade de Moshê [1] .   Além disso, o livro de Devarim tem estrutura literária semelhante a um documento de pacto : apresenta premissa, narrativa histórica e renovação de compromisso entre YHWH e o povo à beira da Terra Prometida [2] .   Jornada, Lembrança e Repreensão Amorosa   Nesta parashá, Moshê relembra episódios-chave da travessia pelo deserto - desde o envio dos espias até as conquistas sobre Moabe e Amom - mediados por palavras de repreensão e incentivo a um novo povo prestes a...

A JORNADA PARA A TERRA PROMETIDA

E estas são as jornadas dos filhos de Israel… (Bemidbar/Números 33:1)   A Parashá Maasei que encerra o livro de Números listando 42 acampamentos — estações na longa caminhada do povo Israelita desde a saída do Egito até os limites da Terra Prometida. À primeira vista, essa lista pode parecer uma simples crônica de deslocamentos. No entanto, quando lida com atenção espiritual, revela um profundo mapa de transformação interior e coletiva.   A Torá, nesse trecho final de Bamidbar, não nos convida apenas a olhar para trás, mas a perceber o movimento como essência da vida com o ETERNO. É uma memória sagrada do que fomos, uma afirmação do que somos, e um chamado do que ainda podemos ser.   Jornadas como Formação Espiritual   Cada parada no deserto representa não apenas um local físico, mas uma etapa da alma. O deserto não é mero pano de fundo geográfico; é o espaço da dependência radical de Elohim, onde o pão desce do céu, a água brota da rocha, e a nuv...

O VALOR DA PALAVRA DADA

  A Parashá Matot ( בְּמִדְבַּר מַּטּוֹת – Números 30:2–32:42) trata, entre outros temas, da seriedade dos votos ( נְדָרִים nedarim) e juramentos ( שְׁבוּעוֹת shevuot) feitos diante de Elohim. Logo em seus primeiros versículos, a Torá estabelece que aquele que faz um voto ou juramento a YHWH não deve violar a sua palavra, mas deve cumprir tudo o que prometeu.   Quando um homem fizer voto a YHWH, ou juramento, para obrigar-se com renúncia, não violará a sua palavra; segundo tudo o que sair da sua boca, fará. (Bamidbar/Números 30:2)   Esse princípio revela o quanto a Torá valoriza a palavra dada — tanto perante os homens quanto diante de Elohim. A tradição judaica entende que a fala do ser humano, feita “à imagem e semelhança de Elohim”, tem um poder criador e vinculativo. Por isso, o mau uso das palavras ou o descuido nos compromissos pode se tornar um pecado grave diante do Eterno.   A tradição judaica e o peso das palavras   O Talmude (Ne...

O ESPÍRITO DE PINCHÁS EM DIAS DE BA’AL PEOR

  Porque eles vos afligiram a vós com os seus enganos com que vos enganaram no caso de Peor, e no caso de Cosbi, filha do príncipe dos midianitas, irmã deles, que foi morta no dia da praga no caso de Peor.  (Bamidbar/Números 25:18)   1. Uma adoração deformada: o culto a Ba’al Peor   As porções anteriores da Torá revelam o perverso plano de Balak (Balaque) para corromper Yisra’el por meio da idolatria. Induzido por Bila’am (Balaão), Balak não atacou diretamente com espada, mas por sedução: promoveu a imoralidade sexual e a adoração a Ba’al Peor, resultando na morte de 24 mil israelitas atingidos pela praga da parte de YHWH.   O nome Ba’al Peor significa “senhor da abertura” ou “senhor da cavidade”. O culto a esse ídolo pagão envolvia práticas sexuais obscenas e até mesmo defecação diante do ídolo, conforme relatado em Sifrei Balak 1 e em comentários talmúdicos. Esse ritual grotesco era promovido como libertação dos padrões morais da Torá.  ...