O livro do profeta Ageu é um dos menores da Tanach, mas a sua mensagem é de uma profundidade impressionante, especialmente o capítulo 1, onde o profeta convoca o povo de Israel a refletir sobre as consequências de sua negligência espiritual. O cenário é o retorno do exílio babilônico. Os judeus estavam de volta à sua terra, porém, em vez de restaurarem o Templo de YHWH, haviam se dedicado em primeiro lugar às suas próprias casas, negócios e interesses pessoais. Foi nesse contexto que veio a palavra de YHWH por meio de Ageu: Ora, pois, assim diz YHWH Tzeva’ot: Considerai os vossos caminhos. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado. Assim diz YHWH Tzeva’ot: Considerai os vossos caminhos. Ageu 1:5–7 O profeta revela aqui uma realidade desconfortável: o povo trabalhava, mas sem fruto; buscava satisfação, mas perm...
O ódio é uma emoção poderosa, capaz de consumir não apenas a quem o odeia, mas também a sociedade como um todo. Em uma era marcada por conflitos étnicos e religiosos, a mensagem da porção da Torá, a Parashá Ki Tetzê, soa mais relevante do que nunca. Nela, Moshê (Moisés) instrui o povo de Israel com uma ordem surpreendente: Não abominarás o edomita, pois é teu irmão; nem abominarás o egípcio, pois estrangeiro foste na sua terra. Deuteronômio 23:7 Essa ordem pode parecer simples à primeira vista, mas carrega uma profundidade imensa, especialmente considerando o contexto histórico. O povo egípcio, sob o domínio do Faraó, havia escravizado os israelitas, submetendo-os a um regime brutal de trabalho forçado e, em um ato de genocídio, ordenou que todos os meninos hebreus fossem jogados no Nilo. Como, então, a Torá poderia instruir o povo a não odiar seus opressores? O rabino Jonathan Sacks, em sua análise perspicaz [1] , oferece a chave p...