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Mostrando postagens de maio, 2025

CONSTÂNCIA E COERÊNCIA

  A Parashá desta semana, Behaalotechá , aborda temas significativos, como a Mitzvá (mandamento) do acendimento diário da Menorá (candelabro), os sinais divinos que indicavam quando o povo devia iniciar ou interromper suas jornadas no deserto, bem como alguns erros graves cometidos, tanto individual quanto coletivamente, como a queixa por alimento e o Lashon Hará (maledicência) proferido por Miriam.   Contudo, há um elemento único nesta Parashá que a distingue das demais: no meio da narrativa dos pecados do povo, há uma interrupção abrupta. De forma surpreendente, a Torá insere os versículos:   Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam. E, pousando-a, dizia: Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel. Bamidbar/Números 10:35-36   Segundo o Talmud (Shabat 116a), esses dois versículos, destacados no texto por dois "Nun" invertidos, foram deslocado...

A DOUTRINA DA PSYCHOPANNYCHIA (SONO DA ALMA) À LUZ DAS ESCRITURAS

  A Psychopannychia, expressão derivada do grego que significa "sono durante toda a noite", foi o nome dado por João Calvino à sua obra escrita em 1542 para refutar o que ele chamava de heresia do "sono da alma". Os anabatistas e outros grupos sustentavam que, após a morte, a alma entra num estado de inconsciência total, aguardando a ressurreição. Curiosamente, embora Calvino pretendesse defender a ortodoxia cristã, sua obra baseia-se em pressupostos extrabíblicos, especialmente de origem platônica, ao afirmar que a alma continua consciente após a morte.   Este apêndice complementa o artigo intitulado "Morte, Alma e Ressurreição no Judaísmo: O que realmente diz a Bíblia". Nele, são examinados criticamente os fundamentos da Psychopannychia à luz das Escrituras Hebraicas (Tanach, comumente conhecido como "Antigo Testamento") e dos escritos apostólicos (Brit Hadashá, popularmente denominado "Novo Testamento"). O texto demonstra ...

MORTE, ALMA E RESSURREIÇÃO NO JUDAÍSMO: O QUE REALMENTE DIZ A BÍBLIA?

    No imaginário religioso judaico contemporâneo, é comum a crença de que o ser humano possui uma alma imortal que sobrevive à morte do corpo. No entanto, ao investigarmos as Escrituras Hebraicas, surge uma pergunta essencial: essa crença tem fundamento bíblico?   A Enciclopédia Judaica reconhece que a doutrina da imortalidade da alma foi introduzida no judaísmo “provavelmente sob a influência grega”. Tal influência helenística, ao longo do tempo, gerou uma tensão teológica entre duas concepções distintas: a ressurreição dos mortos e a imortalidade da alma. Conforme exposto pela mesma fonte, “essas duas crenças são, em essência, contraditórias”: enquanto a ressurreição pressupõe que os mortos aguardam, na sepultura, um futuro despertar coletivo, a imortalidade da alma pressupõe a existência contínua da alma em outra dimensão, logo após a morte física.   De acordo com a tradição rabínica posterior, tentou-se conciliar esse dilema com a ideia de que a alma...

A PEDRA DE ESQUINA

      As palavras do Apóstolo Pedro levam-nos a refletir na grande e majestade Daquele que veio até nós como Homem… e que, tal como aconteceu com muitos do Seu tempo, continua hoje a ser rejeitado pela maior parte da humanidade:   E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Elohim eleita e preciosa, Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Elohim por Yeshua HaMashiach. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. 1 Pedro 2:4-8   Esta pedr...

A LÓGICA DA ESPERANÇA

Uma das mais sublimes e transformadoras contribuições das Escrituras à civilização ocidental é a visão de que a história tem direção, propósito e redenção — e que pode ser resumida em uma palavra, tikvá (esperança). Nem todas as culturas dão origem à esperança. Pelo contrário: no cerne de muitas culturas está a ideia de que o tempo é cíclico. O que foi, será. A história é um conjunto de recorrências eternas. Nada nunca muda de fato. A vida é trágica. Uma das expressões clássicas disso está contida no livro de Eclesiastes: “o que foi, isso será” (Eclesiastes/Kohelet 1:9)   Eclesiastes, porém, é uma voz dissidente dentro do Tanach. Em grande parte, a Bíblia expressa uma visão bem diferente: a de que pode haver mudança nos assuntos da humanidade. Somos convocados para a longa jornada cujo fim é a redenção e a era messiânica. É a rejeição da tragédia em nome da esperança.   O sociólogo Peter Berger poeticamente descreve a esperança como um "sinal de transcendência", ...

JUSTIÇA, LIBERDADE E A REDENÇÃO EM YESHUA

  A Parashá Behar, encontrada em Vayikra (Levítico) 25:1–26:2, oferece um dos mais poderosos convites da Torá à reflexão ética, econômica e espiritual. Com um único capítulo, esta porção apresenta os preceitos dos anos sabáticos ( Shmita ) e do jubileu ( Yovel ), onde a terra deveria descansar, os escravos seriam libertos, e as propriedades retornariam aos seus donos originais.   A essência da Parashá é clara: a terra e tudo o que nela há pertencem ao ETERNO . Como está escrito:   A terra não será vendida em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo. (Levítico 25:23)   Este princípio estabelece uma visão contracultural de posse e poder: somos apenas administradores temporários dos bens que pertencem a Elohim. Essa perspectiva ressoa profundamente com a mensagem redentora do Messias Yeshua, que também ensinou sobre a generosidade, o desapego e o cuidado com os necessitados.   A Redenção da Terra e do ...